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segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Toureio de Capote IV

A Chicuelina

Depois da Verónica, a Chicuelina é o lance de Capote executado com mais frequência, por matadores e novilheiros, na actualidade. Esta sorte realiza-se citando o toiro de frente, com os braços abertos e ligeiramente avançados. O cite deve ser feito a uma distância que permita ao diestro, após o arranque do toiro, marcar o sentido da viagem com um movimento simultâneo de pés e ancas. Quando o toiro passa perto do corpo do toureiro, este, roda meia-volta no sentido contrário fazendo com que o capote envolva o seu corpo. Diz-se que a Chicuelina foi criada por Manuel Jiménez Moreno "Chicuelo" (1919-1951), tendo aí a origem da sua designação. "Chicuelo" executou este lance pela primeira vez em Valência, Espanha, a 9 de Abril de 1922. No entanto a verdadeira origem do passe está nos espéctáculos de toureio cómico (designado por bufo, em Espanha) tendo sido o seu real inventor Rafael Dutrús "Llapisera", afirmando-se que Manuel Jiménez Moreno apenas o apresentou ao toureio a sério.


Os três tempos da Chicuelina

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Toureio de Capote III


A Meia Verónica

Este remate é utilizado normalmente para finalizar uma série de Verónicas. O toureiro, após um cite inicial igual à Verónica, junta ambas as mãos recolhendo o Capote junto à anca, obrigando o touro a contorná-lo pelo lado onde é recolhido o Capote.





quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Toureio de Capote II

Verónica

A imagem de Verónica segurando em suas mãos o pano em que ficou impresso o rosto de Jesus Cristo, deu o nome a este lance, fundamental no toureio de capote. Este é o passe mais frequente na recepção do toiro.

O toureiro, com o capote seguro com as duas mãos, cita o animal adiantando o capote e a perna correspondente ao lado da viagem. Após a passagem do astado, a perna contrária é adiantada, colocando-se assim para uma nova verónica.

Toureio de Capote I

O toureiro (Bandarilheiro, Novilheiro ou Matador) serve-se do Capote para receber o toiro, tanto em lances artísticos como de brega, ou seja, sortes que permitam movimentar o animal, pará-lo, fixá-lo ou colocá-lo em sorte.
O Capote

É elaborado com um tecido de fibras sintéticas muito robustas. A rigidez característica é conferida através de vários banhos de goma. Normalmente a parte que se oferece ao toiro é de cor fúcsia e o interior amarelo. Na antiguidade tinha uma grande variedade de cores.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

O Traje de Luces


O Traje de Luces é envergado pelos toureiros a pé (Matadores, Novilheiros e Bandarilheiros), tendo esta designação origem nos efeitos luminosos produzidos pela refracção da luz nas lantejoulas que os adornam. Até ao séc. XVII eram confeccionados apenas em cetim, sendo desde então e até aos nossos dias elaborados em seda e adornados com ouro e prata; sendo que o ouro apenas é utilizado pelos Matadores e Novilheiros, enquanto que a prata e seda são exclusivas dos Bandarilheiros.
A referida designação abrange toda a indumentária do toureiro desde a cabeça até ao calçado.


Sobre a cabeça é utilizada a Montera, uma espécie de chapéu confeccionado a partir de fibras semelhantes a cabelo que são enroladas numa espécie de cordel. Até ao século XIX utilizava-se também um chapéu de três bicos (semelhante ao que se observa nas gravura de Napoleão), começando-se a usar exclusivamente a Montera desde então. Na zona da nuca é utilizada a Coleta (também conhecida por Castañeta), designação castelhana para cabelo apanhado em “rabo-de-cavalo”, um costume que teve origem no séc. XVII persistindo até hoje como objecto onde se apoia a Montera, sendo postiças as utilizadas actualmente. No caso de brindar a faena o interveniente deixa a Montera nas mãos do homenageado ou no caso da lide ter sido brindada ao público esta é deixada sobre o solo na arena (de preferência com a boca voltada para baixo), sendo recolhida apenas no final da função. De referir ainda que durante as Cortesias (Paseíllo em España) a Montera é transportada na mão, no caso de ser primeira actuação do toureiro na Praça em causa, ou na cabeça para o caso de já ter actuado no ruedo em que se encontra.

Vestido na parte superior do corpo trás uma Camisa de cor branca adornada de folhos na zona peitoral. Ao pescoço é atado uma faixa de tecido, Corbatín, normalmente de cor preta ou da cor do tecido utilizado no traje, à laia de gravata. Por cima da camisa é posto o Chaleco, uma espécie de colete e a Chaquetilha, uma jaqueta curta bordada a ouro prata e seda. A Chaquetilha é uma peça da indumentária demasiado rija, pelo que possui aberturas na zona das axilas para facilitar o movimento de braços do toureiro. Sobre os ombros encontram-se as Ombreras das quais pendem borlas como adorno, os Machos. Na parte inferior do corpo é utilizada a Taleguilla, um calção justo que chega até abaixo do joelho e que é atado na parte inferior com Machos que ficam pendentes como adorno. Debaixo deste calção utilizam-se Meias de seda cor-de-rosa e sobre estas umas meias de algodão branco que facilitam os movimentos da Taleguilla sobre o corpo. Por último, as Sapatilhas, calçado de cor preta sem tacão, adornadas com um laço na parte superior, possuindo uma sola especial anti-derrapante.

Completa o traje o Capote de Paseo que embora mais pequeno e leve possui a mesma forma do capote de brega. È um dos elementos mais luxuosos do traje sendo apenas utilizado no momento das Cortesias (Paseíllo em Espanha). Sendo verdadeiras obras de arte, estes capotes são normalmente bordados a ouro e fios de seda, sendo adornados com imagens religiosas.

sábado, 4 de novembro de 2006

Breve História da Festa Brava

Embora as de que dispomos, na maioria inéditas, se confinem ao âmbito terceirense, como o próprio título indica, não resistimos a uma breve história sobre aspectos vários da Festa Brava.
Socorrer-nos-emos, para tanto, da História da Tauromaquia, de Jaime Duarte Almeida, e de célebres aficionados das artes em apreço e que são nomes fulgentes da constelação literária peninsular.
Assevera Leopoldo Nunes que a valorização ou a formação de aficionados não se faz somente com a citação das regras do toureiro, de escolas, de épocas, de estilos, de técnicas clássicas ou renovadoras. Na tauromaquia há uma exigência de cultura, de espírito de moral e de arte, sem a força da qual a luta entre o homem e o outro apenas será uma disputa de primazias físicas e não afirmativa artística. Expressão cultural que se torna difícil obter no panorama tauromáquico, onde há mais instinto do que sensibilidade, mais emoções do que arte. “Não se pode amar uma expressão sem previamente a sentir” e ”só se pode amar e defender o que se compreende”.
A sensibilidade é um dom comum a todos os seres racionais, qualquer que seja a sua classe social ou o nível de instituição e de cultura; muita gente, todavia, sente e não entende; emocionam-se mas não sabe avaliar nem julgar. Isto sucede, de resto, com tidas as manifestações artísticas.
A lide tauromáquica obedece, como todas as outras artes, a um conjunto de regras clássicas, sujeitas a movimentos de renovação e até de aperfeiçoamento. A par da receptividade que a sensibilidade proporcione, impõe-se que o aficionado se sirva do intelecto e da cultura para compreender e julgar da imutabilidade do que é clássico e do valor das iniciativas renovadoras. Tem de possuir uma cultora, pois só deste modo se diferenciará dos que, movendo-se apenas por instinto, buscam emoções – só emoções! – ou para denunciar preferência por uma artista. Vero aficionado é, portanto, o que sente como os demais espectadores e sobre eles leva a vantagem de compreender, julgar e decidir.
O brilhante redactor de O Século, demonstrando que são bastantes e notáveis os valores artísticos estéticos e emocionais no domínio tauromáquico, observa: “Nenhum outro espectáculo público os tem em tão elevado número, variedade e riqueza, talvez porque a corrida de touros, assentado na luta dura e violenta do homem com a fera, torna mais difíceis as criações de beleza e de arte. Esses valores artísticos, estéticos e emocionais surgem a todo o momento na arena, porque a Arte é um conjunto de preceitos para bem dizer ou fazer qualquer coisa e a estética nessa teoria, segundo a qual o sentimento do belo é sensação e não ideia. É pela estética, portanto, e não pela arte, salvo um ou outro caso, que as pessoas se manifestam: pela sensibilidade e não pela inteligência ou cultura, pelo conhecimento das técnicas e não dos estilos”.
O verdadeiro aficionado não é somente o que se emociona com o perigo e o dramatismo das situações, mas o que após o surto emocional, ou dentro dele sente o valor e a expressão do labor artístico.
È para o toureiro e não para os toureiros que a inteligência, a sensibilidade, o poder de observação, a capacidade de avaliação e o entusiasmo dos aficionados devem voltar-se. Na formação de aficionados devemos dispensar os criadores ídolos. É breve a passagem do Homem pala Terra; é curta, por isso, a projecção artística do toureiro. Eterno será o toureiro, como manifestação de arte. Só a arte subsiste e adquire, com o tempo, mais forte e dominadora expressão.
No toureiro estão representadas todas as expressões artísticas e “a corrida de touros é fundamentalmente um espectáculo gerador de emoções”.
Dizia Edgar Quinet que a corrida de touros era, para os peninsulares, não somente um espectáculo, mas sim uma instituição nacional. Oliveira Martins, por seu turno, afirmava: “As touradas não morrem e se morressem é que se tinha mais uma fibra da alma popular”.
Quantos estrangeiros – Hemingway, por exemplo – se apaixonaram por este espectáculo fascinante, rico de cor e de excitação, onde a música empresta tons festivos a um ambiente de tragédia, considerado por Ramalho Ortigão como festa ímpar no mundo.

Pedro de Merelim

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Foto do Mês - Novembro de 2006

Tourada à corda - São Bento, Angra do Heroísmo, início do séc. XX

Touradas à corda - 2006 e 1906


Neste dia em que é publicado, no matutino angrense "Diário Insular", um artigo do Sr. J. H. Toste Pimpão intitulado " Balanço das touradas à corda/2006 – 262 espectáculos este ano", ficamos a saber que desde 1996 o número de touradas tem sofrido um aumento substancial. Comparando os anos de 1996 (183 espectáculos) e 2006 (262 espectáculos) houve um aumento de 43% no número de manifestações taurinas, percentagem bastante considerável. Será importante reflectir se o aumento constatado vem beneficiar a qualidade do espectáculo (que inegavelmente o é!).
Como curiosidade, fazendo um paralelismo entre 2006 e o ano de 1906, os dados estatísticos relatam:
- Nesse ano de 1906 realizaram-se 20 touradas à corda na ilha Terceira. Destacou-se a freguesia de São Mateus com 4 eventos tauromáquicos. A freguesia do Raminho e o lugar das Duas Cruzes acolheram 2 touradas, enquanto que São Pedro, Vale de Linhares, Rua D. Carlos, Porto Judeu, Ribeirinha, Fontinhas, Doze Ribeiras, Santa Bárbara, São Sebastião, Sítio da Cruz, Serreta, Pesqueiro, São Carlos e Lajes realizaram 1 tourada cada.

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