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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A ilha Terceira e a sua aficcion no Tendido Cero

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Póneis e atletas da Terceira brilham na Quinta da Beloura

Resultados ótimos e desempenhos brilhantes: é assim que Artur Machado, investigador do Centro de Biotecnologia dos Açores, classifica a participação terceirense quer no Torneio Nacional de Dressage, quer na final da Taça de Portugal de Dressage, que aconteceram no mês passado na Quinta da Beloura, em Sintra.
Nos primeiros escalões da competição, os atletas alcançaram o pódio em praticamente todas as provas em que participaram. No somatório das equipas - oito no total - o Centro Hípico da Ilha Terceira alcançou o terceiro lugar.
No Torneio Nacional de Dressage participaram, assim, 70 crianças com idades compreendidas entre os oito e os 15 anos. Do Centro Hípico da ilha Terceira seguiram Filipa Machado, Bárbara Brasil, Sara Martins, Beatriz Vieira, Benedita Gonçalves, Francisco Simões e Mariana Simões.
O mérito pelas boas classificações no torneio, deve-se, segundo o professor da academia açoriana, não só ao empenho dos jovens, dos pais e da escola de equitação em causa, mas também ao pónei, quarta raça autóctone de Portugal desde janeiro do ano passado, que tem sido estrela nestes encontros.
"As pessoas têm uma muito boa perceção dos animais, porque eles têm tido um desempenho magnífico. Se quiséssemos tínhamos lá deixado os cavalos todos", referiu.
Já a Taça de Portugal de Dressage contou com a participação de João Nogueira e Francisca Lima, que alcançaram os terceiro e quarto lugares na competição. "Foram provas brilhantes, mesmo contra profissionais", sustentou o investigador

A caminho da seleção? 
Dos desempenhos terceirenses na Quinta da Beloura, tanto dos miúdos, como dos graúdos, resultou um convite considerado, por Artur Machado, de extrema relevância.
"Foi-nos dito pelo selecionador nacional que se fizermos a prova internacional - que tenho a certeza que conseguiríamos passar - poderemos integrar a seleção que vai participar no Campeonato Europeu de Dressage", contou Artur Machado a DI.
Há, no entanto, dificuldades que podem complicar a presença terceirense nas competições em causa. A logística inerente às viagens e ao transporte dos animais é o maior desses obstáculos.
"A logística é bastante complicada, mas mesmo assim e graças ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido tem sido possível integrar essas provas. Isto é o fruto de muito trabalho, muita alegria, de muita vontade dos miúdos e dos pais, e também do Governo Regional que nos dá algum apoio. É um grupo e cada umajuda como pode. Vamos fazer todos os possíveis para fazer estas deslocações", avançou o responsável que está ligado ao processo do reconhecimento do pónei da Terceira.

 

Dar uso à raça 
Segundo Artur Machado, a importância destas competições, nomeadamente aquelas que são dedicadas aos mais jovens, reside na relevância do desporto para as crianças. Por outro lado, trata-se de uma montra muito útil para divulgar o pónei da Terceira, que passou a ter, assim, novas funções.
"A 27 de janeiro faz um ano que o pónei foi reconhecido como raça portuguesa. Já temos 62 animais no Registo Nacional de Equinos. Depois dessa etapa foi necessário encontrar uma função para o animal e estamos a tentar participar nessas provas todas", avançou.
Nas provas de dressage está em causa a finura, a correção, a elegância e a perfeição do animal, avaliadas em vários exercícios e por vários juízes. Está em causa, ainda, a relação e o controlo sobre o animal.
"São animais fáceis de dirigir e de ensinar e isso deve-se ao facto de estarem, há séculos, em contacto com o Homem, para o servirem. Vê-se nos póneis da Terceira uma vontade de agradar que é fruto duma seleção de séculos", sustentou.
De facto, adiantou o especialista, o cavalo que é, também, a quarta raça portuguesa, consegue, ao mesmo tempo, ser robusto e elegante; tanto pode puxar carroças de leite, ajudar a sachar milho, fazer serviço de táxi e percorrer a distância de Angra à Praia (como fazia), como pode mostrar graciosidade nas competições.
É por isso que o pónei da Terceira é procurado. Na verdade, o interesse é exponencialmente maior desde que o animal foi reconhecido.
No ano passado, aliás, numa conferência de imprensa na Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, onde se deu conta do desfecho do processo de reconhecimento, Paulo Caetano Ferreira, presidente da Associação de Criadores e Amigos do Pónei da Terceira, dava conta do interesse europeu sobre a raça, salientando também a importância económica dessa utilidade.
"Estes póneis têm valores muito altos no mercado europeu. Quando for possível exportá-los, vendê-los, com certeza se há-de fazer algum dinheiro aqui na Região", dizia.
Ainda assim, e embora já tenham sido vendidos alguns exemplares, Artur Machado refere que antes desse passo é preciso proceder à consolidação genética da raça, fazendo os cruzamentos entre diversas famílias independentes. O processo é moroso.
No total, existirão cerca de 100 cavalos. Os próximos quatro anos serão de continuação do trabalho de apuramento, de participação em provas e de registo dos exemplares, segundo os critérios seguidos pela comissão técnica responsável.

Utensílios perdidos 
Antes desse futuro há um percurso largo que pode ser contado, uma história que é documentada, por exemplo, pelos registos fotográficos que Artur Machado vai amealhando.
Há fotografias que demonstram a capacidade de trabalho do animal, mas também a sua utilização em festejos como o Carnaval ou cortejos na cidade. As imagens mostram ainda a paragem das carroças no Alto das Covas, numa espécie de praça de táxis encabeçada pelos pequenos cavalos da terra e por burros.
Apesar disso, e ainda que haja fotografias para documentar a importância dos animais na vida ilhoa, foram-se perdendo os utensílios ligados ao pónei, o que o investigador lamenta.  


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