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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Vida dedicada aos cavalos

Publicado a 07 de Abril de 2011

Filho de um cavaleiro amador, João Carlos Pamplona nasceu em 1958, na freguesia de São Pedro, em Angra do Heroísmo. Desde os primeiros anos de vida que se habituou a lidar com os cavalos por influência do pai, Raul Pamplona, com quem aprendeu muito daquilo que hoje ensina como professor de equitação.

Nas primeiras cocheiras da propriedade da família, localizadas na zona onde hoje existe o bairro de Santa Luzia, começou a aprender a montar a cavalo e, aos nove anos, fez a sua estreia nas lides tauromáquicas, num festival destinado a assinalar a fundação da Tertúlia Tauromáquica Terceirense. "Quando tinha dez anos, o senhor David Ribeiro Teles (patriarca da dinastia Teles que toureia), que era amigo de meu pai, veio cá tourear e convidou-me para ir para a Quinta da Torrinha, para me juntar aos seus filhos - João e António - que são mais ou menos da minha idade, mas acabei por não ir", recorda.

Frequenta a Escola Primária Infante D. Henrique e, mais tarde, o Liceu de Angra do Heroísmo, mas como o seu interesse tinha a ver com tudo o que se relaciona com os cavalos, decide não ir mais além nos estudos. Nessa altura, já tinha traçado como objetivo ser o primeiro cavaleiro de alternativa dos Açores.

Quando tomou a decisão de seguir uma carreira como cavaleiro profissional, João Carlos Pamplona foi para o continente para casa de um grande mestre de equitação - José Manuel Correia Lopes.

"Os primeiros tempos ainda como cavaleiro praticante no continente não foram fáceis porque não conhecia quase ninguém. Tive que transportar os meus cavalos e tourear em ambientes a que não estava habituado. Mas graças a um cavalo extraordinário que tive, que foi o "Malhinha", fiz algumas corridas e acreditei que tinha valor suficiente para ser cavaleiro de alternativa", refere.

O momento que mais esperava para atingir outro patamar como cavaleiro acontece em 1984. João Carlos Pamplona pretendia receber a alternativa em Santarém, mas, uma vez que estava prevista para essa altura a inauguração da Praça de Touros da Ilha Terceira, decidiu que a cerimónia ocorresse em Angra do Heroísmo.

"Embora Santarém fosse o local com mais nome para receber alternativa quis vir recebê-la à minha terra", afirma.

Começa então o seu percurso como cavaleiro profissional, realizando 17 corridas no primeiro ano, no continente e em França; no segundo ano, participa em diversas corridas no continente, Espanha, Estados Unidos e Canadá e, no terceiro ano da atividade, teve um acidente com um trator que o impede de prosseguir a sua carreira.

"Nessa altura tinha uma quadra de cavalos extraordinária, mas devido a esse acidente fraturei duas vértebras e tive que parar. Durante muito tempo estive impedido de montar", adianta.

Até hoje, continua sem autorização dos médicos para montar mas não tem respeitado essa ordem porque não consegue estar longe dos cavalos. Como cavaleiro tauromáquico fez a sua última corrida, há três anos, e ocasionalmente tem ido tourear aos Estados Unidos.


Passagem de testemunho

Entretanto, "passou o testemunho" aos dois filhos - Tiago e João - ambos empenhados em seguir o percurso de cavaleiros tauromáquicos.

Com 25 anos de idade, Tiago recebeu a alternativa em Angra do Heroísmo, enquanto João, com 19 anos, deverá fazer o mesmo, em breve, na Praça de Touros da Ilha Terceira.

Quando pedimos a João Carlos Pamplona para apontar as principais características dos filhos, refere que Tiago "é um cavaleiro de uma linha mais clássica, que sabe lidar os touros porque tem conhecimento do terreno e monta bem" enquanto João "é um toureiro mais guerreiro e mais temperamental, que é capaz de, a meio de uma lide, fazer coisas diferentes". No entanto, João Carlos Pamplona lamenta que continuem a existir os mesmos condicionalismos que teve que enfrentar quando iniciou a sua carreira na tauromaquia, há mais de três décadas, sobretudo no que se refere ao gado bravo para lides de treino.

Para além de acompanhar o desenvolvimento da carreira dos filhos na tauromaquia, João Carlos Pamplona dedica muito do seu tempo ao Centro de Equitação Quinta do Malhinha, localizado na freguesia do Posto Santo, onde, dezenas de pessoas, sobretudo crianças e jovens, aprendem a montar. "Hoje há muitos praticantes de equitação na Terceira. Temos no nosso centro pessoas que montam por diversos motivos. Nota-se que há muitas raparigas a montar a cavalo, enquanto os rapazes nem tanto", acrescenta. Mas os tempos mudam os gostos.


Fonte e foto: Diário Insular

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