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quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Escrita, crónicas e relatos fantasiosos


Por definição, a “crónica” vai um pouco mais além do que o “relato” de um acontecimento. À crónica está associada a crítica (mesmo que indirecta) às incidências desse mesmo acontecimento. Na tauromaquia, este facto não é diferente.

A disponibilidade e o livre acesso à internet aumentaram, de forma avassaladora, a velocidade com que a notícia de determinado facto chega à opinião pública. Com o aparecimento das redes sociais, aquilo que já parecia rápido, tornou-se instantâneo. Estes factores não constituem novidade e, cada vez mais, são expostos os seus benefícios, assim como seus malefícios. Focando-nos no mundo taurino, as plataformas de comunicação electrónica, sejam elas blogues, sítios ou portais também permitiram uma proliferação de formas de informação ligadas à Festa.

Os meios tradicionais utilizados para divulgação das incidências do mundo dos toiros, dos quais faziam (e fazem!) parte os nomes de todos os respeitáveis críticos e conhecedores dos meandros tauromáquicos, os chamados “entendidos”, viram-se a par com formas de divulgação noticiosa mais rápidas. Destas novas formas faziam (e fazem!) parte pessoas que, até então, eram quase na sua totalidade, desconhecidas do grupo dos conhecedores taurinos. De repente, todos falavam de toiros! No período de tempo entre 2005 e 2015 viveu-se um verdadeiro “boom” de meios de informação taurina na internet (mais ou menos fiáveis!) e com isto, o consequente crescimento do número de pessoas ligadas ao fenómeno. O passar do tempo também veio funcionar como uma espécie de selecção natural. Novos endereços electrónicos foram surgindo, mas outros também foram desaparecendo por razões várias.

A proliferação descrita teve o condão de despertar a atenção da sociedade para esta forma de arte. Com mais informação disponível, é normal que as pessoas a procurem e se vão sentindo, cada vez mais, ligadas a esta actividade. Outra virtude desta propagação, foi o agitar (por pouco que possa ser) dos interesses instalados e que em nada beneficiam a vitalidade da tauromaquia. Havendo um número restrito de divulgadores, é mais fácil ter controlo sobre as suas actividades. Infelizmente é assim!

Se houve mérito, também houve agrura. A agrura que está inerente ao crescimento de massas. Em primeiro lugar, é certo que também os que são contra acabam por ter, no entender deles, mais ferramentas para continuarem na senda de propagação da sua doutrina extremista. Pois que as tenham! Que as use! Cabe a todos os que estão ligados à tauromaquia, primar pela isenção e pelo rigor, de forma a que as ferramentas adquiridas pelos contrários continuem frouxas e sem fundamento, mesmo que eles as vejam como sendo forjadas do mais puro aço. Pela negativa, surge também a proliferação do erro, ou dos relatos tendenciosos/fantasiosos. Voltando à introdução deste texto, onde pode começar esse rigor e essa isenção? Qual a melhor fórmula a adoptar por todos aqueles que se dispõem a divulgar esta dictomia mágica Homem-Toiro?

Antes de mais, há que salientar um aspecto fundamental em todas as áreas informativas: a correcção na escrita! Mais do que estilos de escrita, mais do que qualquer marca pessoal, a acuidade, no que diz respeito às regras elementares da língua portuguesa, é fundamental. Não se pode querer passar uma mensagem sem que se domine, minimamente, a forma de a fazer transpor além da nossa mente. Depois de dominado este aspecto, entramos noutro: o campo específico da tauromaquia. A arte taurina é isto mesmo: Arte! A arte está inerente à existência humana. É a forma de despertar sensações, através de sensações. Nela reside toda a subjectividade, uma vez que as sensações despertadas são pessoais e únicas. Dentro de toda esta subjectividade existem regras. Parece contraditório, mas não é! A tauromaquia rege-se por regras. As técnicas são ditadas pelas regras. Da mesma forma que é necessário o domínio da escrita para poder transmitir a mensagem, é necessário ter conhecimento das regras fundamentais da tauromaquia para que sobre elas se possa dissertar. Expressar opinião, ou divagar sobre um assunto que não se domina, é pior do que “chover no molhado”, é quase querer regar plantas com terra.

Num meio restrito, é normal que todos se conheçam e que simpatias e amizades vão surgindo, no entanto, tais factores não poderão ser uma condicionante. Quem se predispõe a divulgar a festa e, particularmente, quem se dispõe a ir além do “simples” relato e faz incursão ao nível da crónica, não pode ter o seu sentido crítico condicionado. Como já foi referido, os relatos ou supostas crónicas, tendenciosos/fantasiosos apenas prejudicam esta Arte. Sempre houve quem procurasse condicionar a opinião da população, através da escrita. Ainda hoje é usual ouvir-se: “Isto é verdade porque estava escrito no local A ou no local B!”. Numa época em que está tão na moda a expressão “fake news”, há que sinalizar e procurar desacreditar a informação taurina “fake”. Não é possível que se continue a divulgar factos com inverdades. É certo que a expressão “mentideros” também está associada ao meio taurino desde tempos ancestrais, mas tal não pode acontecer quando se faz uma crítica ou se avalia o desempenho de um artista na arena, seja ele toiro, cavalo, toureiro ou forcado. Cada vez mais é visível o quão tendenciosos são alguns cronistas, ao ponto de pintarem um lindo quadro a partir de um desempenho paupérrimo. O contrário também é válido. Como é possível existirem 3, 4 ou 5 crónicas de um determinado espectáculo e parecer que se está a obter informação sobre 3, 4 ou 5 espectáculos diferentes, quando na realidade todos falam de um mesmo acontecimento? “São opiniões!” Alegam muitos em sua defesa. Mas mesmo que sejam opiniões (que o são!), mesmo que sejam críticas e com elas os juízos de valor inerentes, tudo isto tem que ter como base as regras elementares da tauromaquia. Podemos não gostar de uma determinada cor, essa mesma cor pode-nos despertar uma sensação que não nos agrada, mas temos que saber ver se a cor está pintada segundo as regras ou não.

Todos devem manter o seu estilo próprio, a sua forma de ver o mundo. Ninguém deverá distorcer momentos sublimes ou menos bons por falta de conhecimento ou pela existência de interesses mais ou menos transparentes. Que se continue a divulgar a festa de forma clara e coerente. A todos, mais do que informar, compete formar, para que este mundo mágico se torne cada vez mais robusto.

Bruno Bettencourt
Foto: D.R.

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

João Telles, chuva e o triunfo de S. Pedro…


Nos cartazes estava impresso o dia 5 de Agosto de 2019 e era anunciada a Corrida das Festas da Praia 2019. A chuva não deixou! Diz-se que é S. Pedro o responsável pelo tempo e pelas chuvas. Com isto a Corrida havia de acontecer no dia seguinte, 6 de Agosto… mas não por inteiro! Também no curro existiram alterações. A não inclusão de um exemplar de cada uma das ganadarias anunciadas, David Ribeiro Telles (DRT) e Rego Botelho (RB), deu lugar à inclusão de dois animais com o ferro de João Gaspar (JG).

O final de tarde estava agradável, apesar da humidade que pesava no ar. Cortesias, ao (bom!) som da Banda Filarmónica da Sociedade Recreio Lajense (a “Sociedade Velha”), e praça quase cheia para assistir às lides.

António Telles, o Mestre do toureio à portuguesa, regressou à Praça de Toiros Ilha Terceira e mostrou a razão do epíteto que lhe é atribuído. É perante as dificuldades que os Mestres se mostram em pleno. O RB (nº11, 573kg) que teve pela frente, era uma estampa! Foi-se ficando em curto, transmitindo pouco e sem carregar as sortes. O Marialva da Torrinha pisou-lhe os terrenos, carregando as sortes. Ligou-se e andou cingido nas bregas, numa lide muito correcta. A montada protestou em alguns momentos, talvez por ser menos rodada, mas com a sua veterania e boa equitação, o cavaleiro resolveu este aspecto. O JG (nº48, 456kg) perdeu as mãos no início da lide e depois perdeu a bravura também. Fechou-se em tábuas não tendo condições de lide. António, com maestria, deu-lhe a primazia nos terrenos e, apesar de haver pouco para lidar, cravou ferros de boa nota, a sesgo e junto aos curros. Nada mais havia a fazer.

João Telles procurou agarrar a assistência e o triunfo, logo de início. O exemplar com o ferro de seu avô (DRT, nº30, 458Kg) entregou-se à luta carregando e rematando as sortes com codícia. Metia, por vezes, a cara alta mas sem complicar. Lide em crescendo a tirar partido do touro e a fazer eco nas bancadas. Cravagens correctas a consentir as investidas e bregas justíssimas, a trazer o toiro na garupa, permitiram uma saída em plano triunfal. Diante do RB (nº22, 446Kg) afirmou-se em pleno como triunfador da Corrida. Um bom toiro a dar muito boa réplica e sempre ligado à montada, com ímpeto. A chuva caía sobre a arena, mas o Cavaleiro fez com que isso fosse esquecido por momentos. Após um primeiro curto de fazer parar corações, continuou transmitindo emoção. Lide e ferragem variada, finalizada com violino e palmitos. Pecou por prolongar a lide em demasia.

Com a saída à arena de João Pamplona para lidar o terceiro toiro da Corrida (JG, nº46, 478Kg), São Pedro também se quis fazer notar e assim se iniciou a chuva que se fez sentir até ao final. João esteve bem nas cravagens e escolha de terrenos. Uma lide correcta e de entrega que, só não se fez sentir mais nas bancadas, porque a assistência ainda estava a reagir à queda de água. O toiro foi-se mostrando reservado, mas não complicou. No último toiro da corrida, segundo do seu lote, havia de triunfar São Pedro. O exemplar DRT (nº28, 450Kg) ainda saiu à arena numa altura em que o piso já estava impraticável. Na primeira investida ao cavalo assistiu-se a um momento de apuro e confirmou-se a falta de condições. Corrida interrompida e toiro recolhido.

José Macedo Tomás, cabo do G.F. Amadores de Coruche, abriu o capítulo das pegas com um pegão à primeira. Reunião duríssima e viagem até bater nas tábuas. Pelos de Coruche pegou ainda Tiago Gonçalves que resolveu ao segundo intento com uma grande intervenção do primeiro ajuda. Pelo G.F.A.T.T. Terceirense foram solistas Alexandre Vieira, à primeira, aguentando a cara alta do toiro, sendo muito bem ajudado pelo grupo. Luís Sousa mostrou coração e pegou à primeira com ajudas carregadas, após várias tentativas desfeitas, mercê da não saída do toiro que havia dado tudo de si durante a lide a cavalo. Uma vez que o último toiro não foi lidado, o G.F.A. Ramo Grande apenas realizou uma pega. Rui Dinis fechou-se numa boa pega à terceira tentativa, mostrando valentia. Nota para a despedida do Forcado Filipe Lemos dos Amadores do Ramo Grande, elemento desde a fundação do grupo e um Forcado de qualidade.

Dirigiu a Corrida, com assertividade, Rogério Silva, assessorado pelo médico veterinário José Paulo Lima.

Bruno Bettencourt
Foto: Fernando Pavão

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Pesos dos Toiros para a Corrida da Praia

Já são conhecidos os pesos e a ordem dos exemplares a serem lidados na Corrida das Festas da Praia 2019. De salientar que dois dos exemplares inicialmente previstos (um de Rego Botelho e outro de David Ribeiro Telles) não foram aprovados, tendo sido substituídos por dois exemplares de João Gaspar.
Assim sendo, aqui ficam os pesos e ordem de lide:

1 - Rego Botelho - nº11 - 573 kg
2 - David R.Telles - nº30 - 458 kg
3 - João Gaspar - nº46 - 478 kg
4 - João Gaspar - nº48 - 456 kg
5 - Rego Botelho - nº22 - 446 kg
6 - David R. Telles - nº28 - 450 kg

Foto: Paulo Pires

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Toiros para a Corrida das Festas da Praia (fotos)

Aqui ficam as fotos dos exemplares da Ganadarias de David Ribeiro Telles e de Rego Botelho que serão lidados na Corrida das Festas da Praia.







Fotos: D.R.

domingo, 4 de agosto de 2019

Amadores da Tertúlia em Abiul (fotos)

O Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense esteve ontem na primeira Corrida da Feira de Abiul. Frente a toiros de António Charrua, foram solistas César Santos, à terceira tentativa, Tomás Ortins, à segunda e Francisco Matos que consumou à primeira tentativa.









Fotos: Pedro Batalha

sábado, 3 de agosto de 2019

Amadores da Tertúlia pegam hoje em Abiul

Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense estará hoje, dia 3 de Agosto, na arena de Abiul onde participará na corrida de abertura daquela que é a Feira taurina mais antiga do país. Em praça estarão ainda o Rejoneador Andy Cartagena e os Cavaleiros Manuel Telles Bastos e Luís Rouxinol Jr.. Serão lidados exemplares de António Charrua. Nas pegas estarão ainda os Amadores de Montemor.


Manuel Pires...outra vez... (vídeo)


O Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande arrecadou, ontem, o prémio para Melhor Pega no Concurso de Ganadarias de Paio Pires, através do desempenho do cabo Manuel Pires. Uma grande e emocionante pega que não deixou ninguém indiferente. Após se ter fechado de forma correcta na cara do toiro, aguentou a viagem e entrou pela trincheira dentro, partindo as tábuas, sem nunca deixar a cara do oponente. Mais uma pega para ficar no quadro de honra da temporada.
Pegaram ainda, pelo Ramo Grande, José Sousa que concretizou à terceira tentativa e César Pires, que após concretizar ao segundo intento, recolheu à enfermaria.

Aqui fica o video da pega de Manuel Pires, da autoria do site Tauronews.com:


Fonte: Tauronews
Foto: Frederico@CampoPequeno

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Ramo Grande pega hoje em Paio Pires

O Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande estará hoje, dia 2 de Agosto, na arena de Paio Pires onde participará na Corrida Concurso de Ganadarias. Em praça estarão ainda os Cavaleiros Duarte Pinto, Francisco Palha e Miguel Moura. Serão lidados exemplares de Sommer de Andrade, Vinhas, Fernandes de Castro, Passanha, J. J. S. Vasconcelos e Canas Vigouroux. A ombrear com o grupo liderado por Manuel Pires, na disputa para o prémio de Melhor Pega, estarão os Amadores de Lisboa.


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