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quarta-feira, 25 de maio de 2022

Comunicado do Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande


Comunicado

Após a apresentação da Corrida de Toiros das Festas da Praia 2022, e por via dos diversos contactos que temos recebido, o Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande vem esclarecer o seguinte:

1. O GFARG, em janeiro de 2022, foi informado pelo atual executivo municipal da Praia da Vitória que, a partir de 2022, passaria o município da Praia a ser a entidade organizadora da Corrida de Toiros das Festas da Praia, propondo ao GFARG, que aceitou, o apoio na organização;

2. Neste seguimento, o GFARG contactou com todas as ganadarias da Terceira aptas, chegando à conclusão, em concordância com os próprios ganaderos, que este ano não estavam reunidas as condições em termos de idade (Ganadaria José Albino) e número de toiros disponíveis (apenas dois disponíveis da Ganadaria João Gaspar), com exceção de uma ganadaria local com quem se acordou;

3. Para bem do espetáculo, acordou-se com as ganadarias, que seriam contactadas no ano seguinte, e propôs-se à Entidade Organizadora das Festas da Praia que a corrida deveria ser composta por uma ganadaria Terceirense e uma continental;

4. Por sua iniciativa e depois do contacto do GFARG com os ganaderos da ilha Terceira, o executivo municipal da Praia da Vitória estabeleceu contacto com os mesmos ganaderos e informou posteriormente o GFARG que tinha a informação que existiam na Terceira toiros suficientes para ir à Corrida, com idades entre os 2 e os 5 anos – demonstrando total desconhecimento e ignorância na matéria quanto à idade dos toiros para ir à Praça;

5. Também este ano, ao contrário dos últimos 14 anos, por falta de orçamento para a realização da Corrida e por uma questão de igualdade com o grupo de forcados da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, o executivo municipal da Praia da Vitória propôs ao GFARG que metade do pagamento do cachê seria pago através do orçamento da corrida e a outra metade através do Regulamento Cooperar e Desenvolver;

6. No contexto da organização da corrida e em reunião, o GFARG foi confrontado pela vereadora do executivo municipal da Praia da Vitória referindo-se repetidamente aos forcados em geral, e ao grupo em particular, como “mafiosos da tauromaquia”.

Sendo assim, ao contrário do que foi dito na apresentação da Corrida pela Presidente da Entidade Organizadora da Corrida de Toiros das Festas da Praia:

1. É falso que na corrida proposta pelo GFARG só participassem ganadarias do continente. Cumpre esclarecer que, estavam previstos três toiros da ganadaria Rego Botelho e três toiros de uma ganadaria continental;

2. É falso que o GFARG não participa na corrida por falta de acordo com a Entidade Organizadora. Cumpre esclarecer que foi o GFARG que não aceitou colaborar com o atual executivo municipal da Praia da Vitória na Corrida 2022, porque não aceita ser colaborante com quem, nada percebe mas tudo quer decidir, não se revendo o GFARG no tipo de linguagem pouco nobre e nada abonatória a favor da tauromaquia, nem tão pouco pactua com a transgressão dos apoios públicos definidos em Regulamento próprio e com Júri autónomo, agindo o executivo municipal da Praia da Vitória em desconformidade com a lei, propondo que o GFARG atuasse no mesmo âmbito de transgressão;

3. Não pode o GFARG compactuar com o atual executivo municipal que com este tipo de comportamentos e atitudes, em nada dignifica esta cidade e ilha, enquanto autarquia fundadora da Associação de Municípios com Atividade Tauromáquica. 


Numa época onde o município da Praia da Vitória apregoa sistematicamente falta de dinheiro, a Corrida das Festas da Praia 2022, em comparação com o ano anterior, possui um orçamento superior em 33% com consequente aumento de 15% no preço dos bilhetes, em claro prejuízo para os aficionados e deste grupo de forcados, que vê assim interrompido 14 anos consecutivos a pegar toiros nas Festas da sua terra e assistir a um importante corte nos apoios públicos municipais de atividade taurina, essenciais para continuar a pegar toiros em importantes praças do país para os quais estão convidados e nas quais desde 2007 têm sido bem sucedidos individual e coletivamente, a bem da cidade da Praia da Vitória, da ilha Terceira e dos Açores.  

Por via desta atuação do executivo municipal, o GFARG informa todos os aficionados locais e emigrantes que irá organizar uma corrida de toiros em julho de 2022, estando já o cartel fechado e onde participarão os dois grupos de forcados da Terceira.  


O cabo do Grupo

Manuel Pires

terça-feira, 24 de maio de 2022

Apresentada a Corrida das Festas da Praia 2022

Está apresentada a Corrida das Festas da Praia 2022. O evento que decorrerá a 6 de Agosto, pelas 17h30, na Praça de Toiros "Ilha Terceira", contará com uma competição aliciante ente duas casas toureiras: Salgueiro e Pamplona. João Salgueiro regressará assim ao redondel terceirense, acompanhado de seu filho, João Salgueiro da Costa. Os irmãos Tiago e João Pamplona são os outros nomes que completam o cartel, no que à lide equestre diz respeito. Serão lidados 6 toiros das ganadarias locais de Rego Botelho, Casa Agrícola José Albino Fernandes e João Gaspar. As pegas estarão a cargo dos Grupos de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense e Amadores de Turlock (Califórnia).

Na apresentação do cartaz, chamou à atenção a ausência dos Amadores do Ramo Grande (GFARG), grupo cuja apresentação pública levou ao ressurgimento das Corridas das Festas da Praia. Segundo a Câmara Municipal da Paia da Vitória, entidade promotora, terá havido divergências do ponto de vista de organizacional entre o município praiense e o GFARG, que seria inicialmente parceiro de organização. Posteriormente, não foi conseguido acordo quanto à sua inclusão no cartel.

A par da corrida, decorrerão outros eventos de tauromaquia popular, nomeadamente: espera de gado para crianças (1 de Agosto), touradas à corda no Juncal (2 e 3 de Agosto), na Estrada 25 de Abril (4 de Agosto), na Rua Pe. Francisco Rocha de Sousa (5 de Agosto) e no areal da Praia Grande (7 de Agosto).



Foto: D.R.


domingo, 22 de maio de 2022

Cultura para celebrar 100 anos de actividade cultural – crónica do Festival comemorativo do centenário da SFESA


Diz-se que o nevoeiro antecederá a vinda do “Desejado”. Angra do Heroísmo encheu-se de bruma, um manto branco idílico que, vindo do mar, irrompeu ilha dentro a anunciar o regresso do espectáculo tauromáquico à arena da Praça de Toiros “Ilha Terceira”. Cultura para celebrar 100 anos de actividade cultural da Sociedade Filarmónica Espírito Santo da Agualva (SFESA). A cultura é assim, anda de mãos dadas, não entra em competições e não se coaduna com proibições. Tudo tem tempo, espaço e contexto próprio. Este festival teve tudo isto e, a aliciante de comportar duas estreias por estas bandas, sendo uma delas a nível nacional: David Gomes a cavalo e Michelito Lagravere apeado. O Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande (GFARG) aliou-se à celebração, organização, fardou-se e pegou, sendo prova viva do enlace entre diferentes formatos culturais. Muitos dos que envergam aquela jaqueta e se mostram valentes na arena, também envergam a farda da SFESA, mostrando-se músicos competentes a cada compasso.

David Gomes mostrou-se e deixou boa nota nesta sua passagem pela ilha Terceira. Foi palmilhando terreno a cada lide, bordando bons momentos de toureio equestre e evidenciando a sua qualidade de equitador. Uma nota de destaque para a cravagem dos ferros compridos. O Cavaleiro da Malveira encara-os como deve ser, como parte integrante e introdutória da lide. Não cravou “a despachar”. Esteve correcto na cravagem dos curtos, reduzindo a velocidade das viagens com o passar do tempo, tal como era necessário. Cravagens a consentir e a entrar nos terrenos dos oponentes. Ficou a sensação que faltou rematar a lide ao segundo do seu lote, parecendo que a saída da arena para troca de montada terá sido mal interpretada pela direcção da corrida, que deu ordem para a entrada dos Forcados. Na retina evidenciou-se a lide com que fechou o espectáculo. Tirou partido das boas condições do exemplar jabonero e lidou a gosto. Pecou por prolongar em demasiado a contenda, mercê do desacerto com a cravagem do par de bandarilhas. Teve pela frente 4 exemplares de divisas distintas: o nº 406 de Herdeiros de Ezequiel Rodrigues (ER) que se mostrou um pouco levantado durante toda a lide, carregando pouco na reunião. Ainda assim, não comprometeu e entregou-se à luta. O exemplar de João Gaspar (JG) nº? não era o que estava inicialmente resenhado para o espectáculo. Este berrendo era pequenote mas, mostrou-se codicioso andando sempre metido na lide. O segundo exemplar de ER, nº 405, entregou-se bem à peleja. Metia a cara alta no remate das cravagens, vindo procurar o cavaleiro. Foi ficando curto de investida no final. O nº 96 de Rego Botelho terá sido o exemplar mais completo. Mostrou bons modos e ligação com a montada. Aguentou uma lide prolongada acabando, consequentemente, por lhe faltar ímpeto no final da mesma. Aguentou a cravagem de 3 compridos e 9(!) curtos.

Michelito, após 13 anos, pisou finalmente uma arena portuguesa. Diante do primeiro oponente teve uma lide de entrega evidenciando recursos em qualquer um dos três tércios, no entanto, transpareceu alguma falta de rodagem. Rompeu na sua segunda lide, mostrando os seus predicados e a razão por ter sido considerado um menino prodígio na tauromaquia. Andou novamente sortido com o Capote, iniciando com duas largas de joelhos. Nota para dois dos pares cravados pelos Bandarilheiros que o acompanharam. Com a muleta, e após provar o hastado por ambos os lados, baseou o seu toureio pelo lado direito, explorando o melhor lado do utrero. A relembrar, duas sonoras séries de Derechazos onde foi baixando a mão e encurtando o compasso a cada passagem, com temple e profundidade. Sacou tudo o que havia naquele poço. Neste debute encontrou o nº 184 da Casa Agrícola José Albino Fernandes (JAF). O bisco entregou-se e investia de pronto. Revelou-se bruto pela direita, ainda assim foi-se suavizando no decorrer da lide. Cortava-se por dentro pela esquerda. O nº 8 de RB meteu-se bem na função permitindo e possibilitando o desenrolar de uma boa lide. Melhor pela direita e saindo do trajecto pela esquerda, investiu com boa ligação. Rachou no final.

A citar o toiro, a corpo limpo, estiveram, pelo GFARG, Samuel Gomes que à segunda realizou uma boa pega, sendo bem ajudado pelo grupo; Gonçalo Baptista à terceira sem dificuldade, após algum desacerto nas primeiras tentativas; André Lourenço à primeira numa boa pega a aguentar um derrote alto e a ficar e, a fechar, Rui Dinis com uma pega de raça, à primeira, aguentando a fugida do toiro ao grupo.

Mário Martins dirigiu o espectáculo, sendo assessorado por Vielmino Ventura. Abrilhantou, brilhantemente, a banda aniversariante, a centenária SFESA. O orvalho miudinho não fez arredar pé à meia praça forte que se registou.

Bruno Bettencourt

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