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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Ganadaria Francisco Sousa - entrevista




Fundada em 1927, a Ganadaria Francisco de Sousa (Cadelinha), a mais antiga da Ilha Terceira, com o ferro FS e divisa verde e lilás, é uma exploração agrícola familiar que sempre se dedicou à criação e maneio de gado bravo da terra, bem como gado leiteiro.
Desde algum tempo a esta parte esta exploração agrícola vem sendo gerida pela filha Laura de Sousa, que tem posto toda a sua aficion, saber, grande dedicação e novas ideias no que toca principalmente ao gado bravo. Foi ela que levou o pai a mudar de ideias, já que só a partir de 1997 é que a ganadaria passou a ficar com alguns novilhos para serem corridos à corda, uma vez que até aí os produtos da criação de gado bravo eram vendidos a outras ganadarias.
Com a ajuda do marido, Paulo Dias, que é o maioral, dedicando-se a tempo inteiro ao maneio de todo o gado bravo e leiteiro, Laura de Sousa, levou a família a aceitar que recentemente tomasse a decisão arrojada e única no historial da quase centenária ganadaria, de adquirir do continente vinte vacas de ventre e dois sementais de lide, cujas crias se destinarão, dentro de três ou quatro anos, a corridas de praça.
Mas, para mais detalhes, a seguir registamos o que nos disse Laura de Sousa sobre o assunto:

DIGA-NOS ALGO SOBRE A ORIGEM E LINHA DESTES ANIMAIS?
Em Abril de 2011 a nossa ganadaria adquiriu animais de raça brava de lide oriundos da ganadaria Engº Ruy Gonçalves. A aquisição destes animais é um sonho tornado realidade e uma aposta no melhoramento genético, neste processo demorado e minucioso como é a criação deste animal magnífico: o toiro bravo.
Deste lote de vacas cerca de metade têm origem Pinto Barreiros por via do Dr. António Silva (Coruche)  e de Oliveira Irmãos, através de animais de José Pedrosa, Visconde das Fontaínhas, David Ribeiro Telles e da própria ganadaria Oliveira Irmãos.
A outra metade são de origem espanhola já que nos anos noventa adquiriram uma ponta de vacas a D. Adelaida Rodriguez Garcia, de Salamanca, originárias da mais pura linha Lisardo Sanchez, ou seja, encaste Atanásio Fernandez. Esta linha é a que mais domina e caracteriza o efectivo adquirido ao Eng.º Ruy Gonçalves facto evidenciado pelo excelente trapio das vacas e do semental agora adquiridos. Este sangue está muito próximo do das mais cotizadas ganadarias da região de Salamanca tais como: Los Bayones, Puerto de San Lorenzo e Valdefresno e ainda da ganadaria sevilhana de Dolores Aguirre.
Em Outubro de 2011, a nossa ganadaria adquiriu ainda outro semental desta vez à Ganadaria São Torcato, no qual se depositam fundadas esperanças pelo sucesso já obtido na Ganadaria Eng.º Ruy Gonçalves, com a introdução de sementais deste mesmo encaste.

DESTE LOTE DE VACAS JÁ NASCERAM CRIAS NA TERCEIRA?
Curiosamente uma bezerra nasceu durante a viagem, a bordo do navio "Corvo", daí ter sido baptizada com o nome de "Corvina". Até agora, contando com as crias que vieram com as vacas e as que nasceram cá, temos um total de vinte e três crias, das quais já ferrámos onze, e, se todas vingarem, já temos uma dúzia para ferrar em 2013.

NA ALTURA DEVIDA, OS TOIROS, NASCIDOS OU POR NASCER, DESTE LOTE DE LIDE, SERÃO APENAS DESTINADOS À PRAÇA?
É esse o nosso objectivo. Esta aquisição foi uma aposta, tanto em quantidade mas sobretudo em qualidade, e será, pensamos nós, uma mais valia à festa de toiros, que tão bem caracteriza a nossa terra, e que decerto teremos oportunidade de apresentar. Acho que é sempre de salutar boas iniciativas com o intuito de melhorar e dignificar a criação do toiro bravo. Foi o que, pelo menos, tentámos fazer, no entanto é apenas o início de outra etapa, sempre trabalhosa e arriscada, pois veja bem: quando um toiro de quatro anos sai à praça, é nada mais nada menos o resultado de uma decisão tomada pelo ganadero há cinco anos atrás! Na criação de gado bravo, quer se destine à praça ou à corda, o objectivo é sempre a bravura, no geral, e atendendo a certas especificidades, consoante o tipo de lide, em particular, mas em ambos os casos são muitos anos, muitas adversidades, muitos sustos, muitos Invernos até ter o novilho/toiro pronto a ser lidado. Daí que, quando o resultado apresentado não corresponde às expectativas do ganadero não há desilusão maior, mas também quando corresponde ou até mesmo supera, não há maior satisfação.

QUANTAS CABEÇAS DE GADO BRAVO POSSUI ACTUALMENTE E ONDE PASTA TODO ESTE GADO BRAVO E O DE LEITE?
A nossa exploração anda à volta das cento e vinte e cinco cabeças de gado, bravo e leiteiro, em 720 alqueires de terra. Felizmente, a maior parte concentra-se no Pico da Bagacina, terreno pertencente à família, o que facilita imenso o maneio do gado bravo.Como já referi, gado bravo de lide temos quarenta e cinco cabeças distríbuidas da seguinte forma: vinte vacas de ventre, dois sementais e vinte e três crias das quais sete são machos e dezasseis fêmeas. Gado bravo dos Açores temos sessenta e cinco cabeças: vinte e cinco vacas de ventre, dez toiros corridos, doze novilhos puros para 2013 e as restantes são bezerros e bezerras.

TEM ALGO MAIS A ACRESCENTAR?
Aproveito a oportunidade para agradecer a todos quantos nos ajudam, tanto no trabalho de campo, nas touradas, bem como na realização dos nossos projectos. Agradeço esta conversa que tivémos, pois é sempre um prazer falar de toiros e uma oportunidade de falar acerca dos objectivos da nossa ganadaria. Além disso, a festa de toiros precisa que continuem a defendê-la e a enaltecê-la, principalmente de ataques de pessoas que desconhecem por completo toda a sua envolvência, e que a descrevem sem qualquer fundamento e nem correspondendo à realidade.

Entrevista realizada por José Henrique Pimpão
Fonte e fotos: Diário Insular

1 comentários (Dê a sua opinião):

Gosto muito de touros a opção agora de aumentar o efetivo com castas excelentes era boa quando estive ai a estudar a seguir ao sismo os curros são dados não paga o maneio a ATL não defende os ganaderos logo so´lhe desejo muita sorte

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