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domingo, 23 de junho de 2013

João Pamplona: aprovado com distinção e aclamação

A Feira de S. João 2013 abriu com o aliciante Concurso de Ganadarias e com um marco histórico, a Alternativa de João Pamplona. O miúdo franzino e com ar tímido, aquele que cresce e transmite alegria a cada lide, é agora Cavaleiro de Alternativa.
Comecemos pelas lides e, então depois, falemos naquele que foi o momento mais solene e emotivo da tarde do dia 22 de Junho de 2013.

João Pamplona abriu praça com uma lide de mão cheia. O toiro da sua Alternativa, o “Nabiço” (nº135, 505Kg, JG-João Gaspar) mostrou-se reservado inicialmente mas com o decorrer da lide foi colaborando e entregando-se ao labor daquele que é o sexto Cavaleiro profissional dos Açores. O Marialva entrou-lhe de frente, efectuando cravagens irrepreensíveis. Uma nota muito positiva para os remates correctíssimos das sortes através dos quais se ia recriando na cara do oponente e fazendo vibrar as bancadas. O segundo do seu lote, de seu nome “Jubilado” (nº85, 450Kg), trazia a divisa da Ganadaria de Rego Botelho (RB). Um toiro que demonstrou uma grande entrega, galopando até ao final da lide, mesmo quando parecia tocado num dos membros anteriores. Uma vez mais, João Pamplona aproveitou-lhe bem as características e encerrou aquele que foi o seu dia com uma lide de muito bom nível, que foi sempre em crescendo.

João Salgueiro teve um primeiro toiro complicado, mas mostrou o porquê de ser um dos maiores da cavalaria nacional. O “Superior” (nº325, 490Kg) da Casa Agrícola José Albino Fernandes (JAF) mostrou codícia no início da lide, mas com o decorrer desta foi perdendo a chama e foi ganhando querenças. Fica a dúvida se a visível degradação do piso da arena terá influenciado o comportamento deste toiro. O Cavaleiro de Valada utilizou a sua experiência para tentar sacar tudo aquilo que o oponente tinha para oferecer. A lide resultou um pouco morna. Frente ao quarto toiro da tarde (nº82, 525Kg, RB) a música foi outra. O toiro tinha uma investida pronta, plena de nobreza. Salgueiro tirou partido do produto que tinha pela frente e elevou o nível. Uma grande lide desenvolvida apenas com uma montada, o “Zamorino”. Ferros de praça a praça onde se destaca o 3º ferro curto.

Tiago Pamplona está um senhor. Frente a um toiro muito parado e tardo na investida (nº143, 500Kg, JG), mostrou que, também com estes, é possível desenharem-se grandes lides. Entrou pelo toiro, pisou-lhe os terrenos e obrigou-o a investir. Montado no “Bastinhas” foi evoluindo ferro após ferro e colocou bravura onde por vezes parecia não existir. Uma grande lide de Tiago que ano após ano se tem afirmado como uma certeza.
No seu segundo toiro a pouca sorte também saiu à arena. O toiro (nº318, 470Kg, JAF) estava a demonstrar bom comportamento e, uma vez mais, o Cavaleiro estava a desenvolver uma lide de muito nível. Após a cravagem de 2 ferros curtos de boa nota, o toiro raspa na arena e mostra sinais de lesão no membro anterior esquerdo. Sem mais condições de lide o mesmo é recolhido, por ordem do Director de Corrida, ficando assim em suspenso uma lide que estava a situar-se num patamar elevado.

Nas pegas assistiu-se ao melhor e ao pior. Abriu a tarde Tomás Ortins pelos Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense (GFATTT) com uma pega ao primeiro intento, limpa e sem complicações. Nuno Pires dos Amadores do Ramo Grande (GFARG) esteve longe do que é seu hábito. Procurou pegar o toiro quando este vinha solto e, a partir daí, foi surgindo uma cadeia de erros por parte do grupo, fazendo com que a pega se tenha realizado à 5ª tentativa e à meia-volta. João Pedro Ávila (GFATTT) fechou-se bem à córnea, à 1ª tentativa, e suportou bem a fugida do toiro ao grupo. Luís Valadão (GFARG) parecia ter consumado a pega da tarde, mas muito por culpa dos seus companheiros, assim não foi. Após 3 tentativas, acabou por ser dobrado por César Pires que prontamente resolveu. Devido à recolha, por lesão, do 5º da tarde, não foi possível realizar uma das pegas que estaria a cargo do GFATTT. A fechar a corrida, Manuel Pires (GFARG) citou, trouxe o toiro bem toureado e fechou-se de forma irrepreensível, à primeira tentativa.

A corrida foi dirigida por Carlos João Ávila, assessorado pelo Dr. João Paulo Lima. A abrilhantar o festejo (e bem!) a Azores Band of Escalón, da Califórnia.
Uma nota final para o facto do piso da arena da Praça de Toiros “Ilha Terceira” ainda não estar completamente estabilizado após a intervenção de que foi alvo, o que por vezes dificultou os desempenhos quer de toiros quer de artistas.

O júri deliberou:
- Melhor Toiro: “Jubilado”, nº85, da Ganadaria de Rego Botelho
- Melhor Apresentação: “Nabiço”, nº135, Ganadaria de João Gaspar
- Melhor Lide a Cavalo: João Salgueiro (lide ao 4º toiro da tarde)
- Melhor Pega: João Pedro Ávila (GFATTT)

Voltando ao início: foi a festa da Casa Pamplona!
Foi bonito ver novamente o Bandarilheiro Rogério Silva (tio do alternativado) a pisar a arena angrense vestido de “luces”. Foi ele que atravessou essa mesma arena para entregar o ferro da Alternativa. Pensou-se que seria Salgueiro a concedê-la, mas, num gesto pleno de significado, pediu autorização e concedeu o privilégio a Tiago Pamplona, o irmão de João. Assim, no centro da Monumental “Ilha Terceira”, trocaram-se palavras entre Padrinho e Afilhado e trocou-se o ferro comprido que iria abrir a, agora, carreira de Alternativa de João Pamplona. Depois de cumprimentado pelo outro João, o Salgueiro, dirigiu-se a seu pai, João Carlos Pamplona, o cavaleiro do “Malhinha” e brindou-lhe com a emoção visível no rosto. Como não poderia deixar de ser, dirigiu-se também ao céu e brindou a seu avô, Raul Pamplona, que apesar de desaparecido do mundo dos vivos, esteve com toda a certeza presente naquela arena.

Bruno Bettencourt

1 comentários (Dê a sua opinião):

Uma excelente notícia para os aficionados da família Pamplona como é o meu caso. Parabéns pelo blog que é uma forma fantástica de quem, vivendo numa ilha sem toiros, gosta de acompanhar essas lides.

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