Há um ditado que diz “Primeiro de
Agosto, primeiro de Inverno”. Deve ter sido formulado num dia igual ao passado
17 de Agosto. O dia era histórico: “toiros de praça” na freguesia da Agualva,
no concelho da Praia da Vitória. O Festival “Luís Fagundes”, organizado pelo
Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande (GFARG), deslocou-se do seu palco
habitual para a praça desmontável que se encontra montada na referida freguesia
terceirense. A chuva ameaçou e cumpriu. Muitas foram as vezes em que se abriram
os guarda-chuvas durante a primeira parte. O terreno ficou pesado e notou-se a
sua influência negativa no decorrer das lides. Praça cheia, num espectáculo dirigido por Carlos
João Ávila, assessorado por José Paulo Lima.
Tiago Pamplona enfrentou um exemplar
de Rego Botelho que se entregou à lide, cumprindo o que se lhe impunha. O
cavaleiro teve uma lide regular, marcada por bregas cingidas. Ligou-se bem ao
oponente. Nas cravagens esteve algo irregular, errando por vezes na velocidade
das viagens, em parte, mercê das condições da arena. Lidou depois o nº50 de
Gabriel Ourique. Tirou partido do oponente, apesar deste se atravessar e se
tapar no momento da reunião. Uma lide em crescendo, notando-se novamente alguma
irregularidade nas cravagens e nas velocidades.
A Rui Lopes coube o nº306 de
Herdeiros de Ezequiel Rodrigues (ER). O ginete da Ribeirinha teve uma passagem
sem grandes notas de destaque. Fica a referência ao 4º ferro curto, bem
cravado, após um toque violento sofrido na montada. O toiro era curto de
investida e defendia-se investindo por arreões. Frente ao exemplar nº62 de
Fernando Bettencourt (ganadaria picoense que se estreava na ilha Terceira),
Lopes mostrou a sua arte. Uma lide com ferros de boa nota, que foi rompendo
após algum desentendimento inicial. O toiro era o mais bem apresentado, pleno
de nobreza, no entanto, foi-se revelando tardo na investida com o decorrer da
lide.
O mais novo em praça, João
Pamplona, teve o lote da sorte. O exemplar nº118 de Duarte Pires deu bom jogo.
Investia de pronto e não complicou. Ao jovem Pamplona coube-lhe fazer o que
melhor sabe, lidar a cavalo. Entendeu o opositor e tirou-lhe bem as medidas.
Esteve bem. O nº325 de ER também deu boa réplica. Entregou-se, ainda que
parando em alguns momentos. Uma vez mais, o Marialva tirou partido do toiro.
Era um exemplar pequenote, mas com alma grande. Uma boa lide que apenas pecou
por duas cravagens um pouco traseiras. A realçar o facto de ter utilizado apena
a égua “Rana” durante toda a contenda.
No que às pegas diz respeito, não
existiram dificuldades de maior. As que não foram consumadas à primeira,
resultaram de alguma menor qualidade técnica. Pelos Amadores de Arronches,
estiveram em praça Paulo Florentino (à primeira), João Rosa (à primeira) e
Filipe Redondo (à segunda – uma pega tecnicamente pobre). Pelo GFARG, chamaram
o toiro, Daniel Brasil (à primeira), Américo Cunha (à quarta – mercê de nas
tentativas anteriores não ter estado correcto) e Rui Dinis (à primeira).
Por fim, uma palavra de destaque
para a banda da Sociedade Filarmónica Espírito Santo da Agualva, que apesar da
chuva que teimou em molhar fardas, partituras e instrumentos, aguentaram
estoicamente, abrilhantando o festejo de forma irrepreensível.
Bruno Bettencourt
Foto: J. Edgardo Vieira
1 comentários (Dê a sua opinião):
felicito toudas as pessoas da Agualva.Nao podia ter sido melhor,a nao ser pela chuva,mas valeu a pena.
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