A fusão entre a classe de um toiro de
Vinhas, de sangue Santa Coloma, e o temple na lide do cavaleiro Gilberto Filipe
foi o momento de maior brilhantez da corrida concurso de ganaderias que abriu ontem
domingo o abono das Sanjoaninas na Ilha Terceira.
“Tabaquero”, que assim se chamou o toiro
de quatro anos premiado, não parou de investir com classe e um rítmico galope aos
cavalos do marialva de Alcochete, o que este aproveitou para lhe fazer uma lide
de grande precisão, na qual brilhou mais na hora de levar enganchado o toiro de
Vinhas de um lado ao outro da praça do que ao cravar a ferragem, quando mostrou
certa desigualdade.
Antes havia aberto praça o esperado toiro
de Miura, com o que a lendária divisa sevilhana fazia a sua apresentação nos Açores.
O exemplar de pelagem salgada “Artillero”, muito no tipo da sua estirpe, resultou
num hastado nobre mas com pouco fundo. Acabou colocando a cara por cima ante os
cavalos de Luís Rouxinol, quem jogou bem com os terrenos para tirar-lhe partido
com eficácia e sobriedade.
O outro toiro espanhol, com o ferro de
Jandilla, lidou-se em segundo lugar e foi o de maior imponência e peso dos
seis. Tanto o “domecq” como a lide de Vítor Ribeiro foram de menos a mais, com
uma segunda metade em que o cavaleiro brilhou especialmente com o seu grande cavalo
“Cochicho”. As reuniões para cravar as bandarilhas foram as de maior
frontalidade de todas quantas se viram durante a tarde.
A segunda parte da corrida resultou
menos luzida na medida em que aos cavaleiros açoreanos lhes corresponderam
também os hastados mais complexos ou desluzidos. Tiago Pamplona pôs vontade mas
passou apuros ante o “jandilla” da ganaderia local de Rego Botelho, que tocou
várias vezes nas suas montadas.
Pela sua parte, Rui Lopes também teve
certos problemas ante o encastado quinto, de Assunção Coimbra, até que o toiro
perdeu ímpeto e pôde luzir-se cravando pelos terrenos de dentro.
E já a encerrar,
João Pamplona, resolveu discretamente ante um “murube” da divisa terceirense de
João Gaspar que teve muito escassas forças.
Quanto aos forcados, uma vez que o
anunciado grupo do Ramo Grande caiu do cartel pelo seu desacordo com a ordem de
lide dos toiros, as seis pegas ficaram a cargo do Grupo da Tertúlia
Tauromáquica Terceirense. De entre todas elas, numa excelente demostração de
capacidade de todos os membros do grupo, destacou-se pelo seu mérito a de José
Vicente, que se retirava da actividade, ao poderoso toiro de Jandilla.
As pegas ficaram a cargo de Fernando
Sousa (à segunda tentativa), José Vicente, Carlos Vieira, Luís Cunha (à
terceira tentativa), João Pedro Ávila (à segunda tentativa) e João Silva. A mais
destacada foi a de José Vicente, que se retirava e deu a volta à arena em
ombros dos seus companheiros.
A praça quase esgotou.
Ao início das cortesias observou-se um
minuto de silêncio em memória do crítico taurino João Mascarenhas e do picador
Rafael Trancas, ambos falecidos recentemente.
O júri designado para o efeito concedeu
os seguintes prémios na corrida concurso:
- Melhor Lide: Gilberto Filipe, ao toiro
de Vinhas.
- Melhor toiro: “Tabaquero”, nº 37, de
465 kilos, negro bragado meano, de Vinhas.
- Apresentação: “Ramero”, nº 103, de
445 kilos, flavo, de Assunção Coimbra.
- Melhor Pega: José Vicente, ao toiro
de Jandilla.
Fonte: Sanjoaninas 2015
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