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sábado, 25 de junho de 2022

No dia do Santo, triunfou João… - Crónica da Corrida de encerramento da Feira de S. João 2022



Dia de S. João, dia maior das Sanjoaninas celebradas em sua honra, o dia seguinte à mais longa noite do calendário festivo açoriano, dia apetecível para a afición local. Cerca de 3/4 de casa para acolher os protagonistas: João Moura Jr., José Garrido, João Silva “Juanito”, Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense (GFATTT) e um curro de toiros e utreros de Rego Botelho (RB).

O borralho “Hoganilero” (nº85, RB, 536Kg) era uma estampa. Carregava as sortes, mas saía desligado, pedindo que lhe pisassem os terrenos. João Moura Jr. entendeu-o e desenhou uma lide alegre onde compensou as dificuldades impostas pelo toiro, arrimando-se com bregas e remates cingidos. Destaque para o terceiro ferro curto, a quiebro, com um remate justíssimo nas distâncias. Recebeu o segundo do seu lote (nº65, RB, 529Kg) com um ferro à porta gaiola. O toiro saiu dos curros com uma das protecções deslocada, confirmando-se a quebra do piton esquerdo. Veio então o “Foguetón” (nº83, RB, 523Kg). Voluntarioso a cada cite, entregou-se à contenda, degradando-se no final da lide. O cavaleiro da Herdade das Arengozinhas desenvolveu a função com ferros a dar vantagens ao toiro, encerrando com duas Mourinas que se fizeram ecoar nas bancadas. Se nas lides de pouca história não são necessárias grandes palavras na sua descrição, nas de boa nota também não: uma lide triunfal em que bordou toureio, deixando a assistência aos seus pés.

Na cara dos toiros, os homens da jaqueta do GFATTT tiveram desfechos opostos. Diante do primeiro da tarde, Luís Sousa “Tony” esteve enorme. Uma grande pega à primeira onde, após aguentar a investida baixa do toiro que dificultou as ajudas, suporta uma viagem dura e com derrotes até o grupo fechar. Bernardo Belerique consumou à quinta tentativa, a sesgo, depois de ter sido despejado com violência nos intentos anteriores. Nota de realce para o facto de, apesar dos menos atentos terem pensado que a pega havia sido concluída à quarta tentativa, o grupo voltou a formar, uma vez que o forcado tinha ficado fora da cara.

O “Fastidioso” (nº89, RB, 454Kg) saíu para o Capote de José Garrido. Apesar de ter algum recorrido, era áspero e curto pela esquerda, vindo a rachar no final. Delantales de Garrido a receber e sonoras Gaoneras de Juanito, ao quite. Destaque para o desempenho dos Bandarilheiros João “Açoriano” Silva e Gonçalo Toste. Mostraram-se artistas e mostraram toda a sua qualidade nas cravagens. O Matador andou esforçado, baseando a lide na mão direita, dando vantagens e procurando profundidade a cada série. Lidou o toiro nos seus terrenos, sendo-lhe reconhecido o empenho pela assistência. Com o “Sentado” (nº100, RB, 455Kg) esteve mais artista. A início, o utrero investia a galope, empregando-se, vindo gradualmente a perder o ímpeto até rachar. Assistiu-se a uma Larga de joelhos e Calecerinas por Garrido e a Lopecinas, ao quite, por Juanito. Novamente os Bandarilheios em destaque, vindo “Açoriano” e Toste agradecer de Montera em mão. O de Badajoz conseguiu mostrar algum do toureio que tem dentro. Destaque para a terceira série de Derechazos com a mão baixa e muito temple a embeber bem o toiro. Terminou com vistosas Manoletinas.

Juanito pisou a arena terceirense com ganas de triunfo. O “Entusiasmado” (nº3, RB, 432Kg) era nobre e colaborante, permitindo séries com boa ligação. Paróns e Chicuelinas deram lugar ao bom tércio de Bandarilhas por Jorge Silva e Gonçalo Toste. Com a flanela vermelha, Juanito mostrou-se toureiro. Explorou os dois lados do oponente com séries templadas e profundas, tornando as viagens mais longas a cada passagem. Recriou-se com desplantes e ligou-se às bancadas, sacando tudo o que de bom havia no produto da divisa azul e branca. Mostrou o porquê de ter tantas esperanças depositadas em si. Recebeu o “Raton” (nº1, RB, 446Kg) à Porta Gaiola com uma Larga cambiada. Bruto e a protestar, o animal vindo da Caldeira foi-se desligando da peleja. Juanito provou-o e assistiu-se a alguns (poucos) momentos de realce, diante das poucas condições. Mérito ao toureiro por procurar sacar alguma água de um poço quase seco.

Após o intervalo, assistiu-se a uma homenagem prestada pela organização da Feira a José Parreira, embolador das praças de toiros açorianas há 25 anos.

Na direcção esteve Mário Martins assessorado por Vielmino Ventura. A abrilhantar, de forma irrepreensível, a Banda da Feira de S. João.

Bruno Bettencourt
Foto: André Pimentel 

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