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sábado, 3 de dezembro de 2011

"Faltam idade e varas aos toiros na Terceira"

Entrevista ao ganadeiro José Baldaya do Rego Botelho

A ganadaria Rego Botelho, na qual tem responsabilidades, acaba de arrecadar dois dos mais cobiçados prémios nacionais - a melhor ganadaria e o melhor toiro. Para chegar aqui, foi necessário um percurso. Quais os principais passos dessa caminhada?
Os principais passos foram: a ganadaria que existia ficou somente destinada à tradicional tourada à corda; tentamos criar uma base sólida para o toiro de lide e assim adquirimos a uma das ganadarias mais importantes do mundo, a Ganadaria de Jandilla, 55 vacas apuradas e vários sementais; a construção de um novo tentadero com melhores condições de maneio e num lugar mais resguardado, o que nos facilitou, ao longo dos anos, uma seleção muito mais criteriosa. Pensamos que o incremento pecuário do nosso efetivo é um motivo de valorização das nossas explorações pecuárias, o que constitui um regozijo ao nosso trabalho enquanto ganadeiros e aficionados. A responsabilidade que estas distinções nos trazem são um incentivo para continuarmos no trilho das nossas escolhas.

Estas distinções poderão abrir as portas da vossa ganadaria às praças portuguesas. É vosso objetivo apostar nessa oportunidade?
Não, não é nosso objetivo, aliás porque as portas nunca estiveram fechadas, apenas decidimos apostar nesta altura porque tínhamos uma camada maior e condições para tal, não defraudando os compromissos que temos nos Açores. No entanto, o toiro bravo não conhece limites geográficos e é gratificante observarmos que o nosso trabalho é apreciado por outros locais onde somos solicitados. Uma coisa é certa: estas distinções não alteram em nada os nossos critérios. Selecionamos com o mesmo rigor de sempre...

A temporada taurina na Terceira faz-se sobretudo com corridas à corda, modelo que exige um tipo específico de toiro. Essa realidade pode limitar o vosso trabalho no apuro dos animais para as exigências da praça?
Não, porque nós temos a ganadaria dividida em duas linhas completamente definidas. Entenda-se que o toiro de lide e o toiro de corda divergem na grande maioria dos seus caracteres. Diferenciam-se na sua morfologia, no comportamento e na sua atitude combativa. Isto não significa que os animais não tenham um fundo de bravura "pura" semelhante; a pedra de toque entre as duas modalidades ganadeiras é a seleção, substancialmente diferente entre o toiro de corda e o toiro de lide, mas de exigência semelhante com vista à obtenção de resultados positivos.

A época de praça nos Açores ameaça todos os anos com um "boom", mas nunca acontece. O que nos falta para dar o salto?
Do ponto de vista estritamente ganadeiro e no que a nós diz respeito, sou da opinião que esse "boom" já se deu. Na realidade, os resultados apresentados em praça, sobretudo nos últimos anos, julgo serem reveladores que a nossa ganadaria atravessa um bom momento, o que nos deixa muito contentes pelo contributo que essa realidade tem vindo a transmitir ao espetáculo. No entanto e para que o referido "boom" seja completo, é importante realçar que existem outras condicionantes sem as quais dificilmente conseguiremos por inteiro tal objetivo, como sejam lidar os toiros com idade (quatro anos) nas corridas apeadas, submetendo-os necessariamente à sorte de varas. Só assim conseguiremos trazer figuras de primeiro plano à ilha Terceira. Reunidas estas condições, a nossa festa poderá passar a ter a tão desejada relevância no circuito mundial do toureio.

1 comentários (Dê a sua opinião):

http://www.burladero.com/inicio/masnoticias/024478/protoiro/une/proyecto/tauromaquia/unesco

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