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segunda-feira, 26 de junho de 2017

Espectáculo Misto de sabor agradável – 2ª da Feira de São João


Decorreu em ritmo agradável aquela que foi a segunda corrida da Feira de São João 2017. A Monumental “Ilha Terceira”, com as bancadas bem compostas, acolheu o espectáculo misto com Marcos Bastinhas, Álvaro Lorenzo e Ginés Marin. Dois toiros da Casa Agrícola José Albino Fernandes (JAF) para a lide equestre e quatro de Falé Filipe (FF) para o toureio a pé.

Marcos Bastinhas recebeu o primeiro da tarde (JAF, nº431, 522Kg), uma estampa que revelou muito boas condições de lide, empregando-se e indo a galope com bravura. O Cavaleiro de Elvas superou as suas prestações do dia anterior. Lide séria e emotiva, com um toureio mais pausado, sem recorrer a adornos desnecessários. Lidou praticamente sempre com a mesma montada durante toda a lide, rubricando cravagens poderosas nos curtos, dando sempre vantagens ao oponente. O seu segundo toiro (JAF, nº426, 474Kg) também cumpriu e mostrou-se lutador. A lide aqui resultou em menor plano, com cravagens bastante irregulares resultantes de quarteios mal medidos após batidas ao pitón contrário. Fechou com um violino que chegou bem às bancadas.

Álvaro Lorenzo provou o oponente (FF, nº46, 472Kg) com o Capote, para depois dar lugar ao tércio de Bandarilhas onde se destacou João Pedro Silva. Com a Muleta foi encaminhando o oponente que, apesar de muito brusco pela esquerda, se foi entregando à lide com alguma nobreza. Uma lide de entrega onde se mostrou trabalhador, baseando a contenda na mão direita, mostrando profundidade e bons pormenores artísticos. Posteriormente haveria de lidar aquele que foi o melhor exemplar da tarde (FF, nº29, 494Kg). Este, entregou-se com recorrido durante toda a lide e sem nunca parar de investir. Houvesse mais tempo de lide no regulamento e mais investida haveria. O Matador tirou partido destas condições e foi passeando a flanela vermelha por ambos os lados. A cada passe, o temple e a profundidade iam aumentando, assistindo-se a belos momentos de arte e ofício. Terminou, adornando-se por Luquecinas e fazendo vibrar a assistência. Lorenzo mostrou muito boas maneiras nesta sua passagem pela ilha Terceira.

Com Ginés Marin vinha a expectativa alimentada pelo grande momento que atravessa na sua carreira. O seu primeiro oponente (FF, nº16, 476Kg) empregava-se, mas a falta de força condicionou-lhe a forma de investir e consequentemente o desenrolar da lide. O ofício iniciou-se com uma vistosa série de Verónicas. No tércio de bandarilhas, destacou-se Gonçalo Toste. Com a Muleta foi corrigindo a altura da mão, de forma a auxiliar o exemplar de Falé Filipe e assim evitar que este caísse por terra. A faena desenrolou-se por ambos os lados e ao longo da zona de sombra, terminando à porta dos curros. Marin mostrou-se um toureiro de recursos, capaz de contornar as dificuldades que lhe são colocadas e ao mesmo tempo conseguir sacar o que de bom o toiro tinha. Falta de força também tinha o exemplar com que fechou a corrida (FF, nº2, 487Kg). Apesar disso, entregou-se com nobreza, superando as condicionantes físicas. Com a mão esquerda, o Matador foi expondo quietude em cada uma das viagens. Citou por ambos os lados e arrimou-se, mas sem nunca conseguir romper para uma lide plena de triunfo.

As duas pegas da tarde ficaram a cargo do Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense (GFATTT). Francisco Matos pegou à segunda com uma primeira ajuda de grande nível por parte de Fernando “Mangueira”. A segunda da tarde ficou a cargo de Helénio Melo que se fechou com valentia ao segundo intento, fazendo assim a sua despedida, ao fim de 25 anos de forcado!!
Uma nota para este que é um dos forcados históricos do GFATT, um dos mais rijos da geração que nos últimos anos tem entregue a jaqueta. Com todo o mérito, o seu percurso ficará registado na galeria dos maiores forcados desta ilha!

Mário Martins dirigiu a corrida, sendo assessorado por José Paulo Lima. Abrilhantou a Banda da Sociedade Filarmónica da Serreta.

Bruno Bettencourt
Foto: André Pimentel

3 comentários (Dê a sua opinião):

Espetáculo Misto de Bom nível. Pena não terem sido lidados os Toiros anunciados no cartaz. Comprei um Bilhete de 34€ para assistir a uma corrida de CAJAF e para espanto meu deparo-me com apenas dois toiros de JAF e quatro toiros Falé Filipe. Não deveria ter sido anunciado antes do espetáculo esta alteração como é habitual e é legalmente exigido?
Não se pode continuar a enganar as pessoas da nossa terra...
"Ganadaria CAJAF regressa ao toureio a pé nas Sanjoanias..." palavras ditas por um elemento da Direção da T.T.T. Esqueceu-se de referir apenas que os toiros para a lide a pé não eram da CAJAF mas sim da Ganadaria Continental Falé Filipe.

Caro Sr. João Vitor, compreendo o seu comentário, no entanto gostaria de esclarecer que efetivamente os toiros lidados na 2ªCorrida da Sanjoaninas são, na sua totalidade, pertença da ganadaria Casa Agrícola José Albino Fernandes, pois os toiros com ferro Falé Filipe foram comprados por esta há algum tempo. Logo, não existe alteração do cartel da corrida.
Volto a sublimar que compreendo a observação feita, e julgo que a ganadaria Casa Agrícola José Albino Fernandes espera em próximos festejos lidar animais com o seu ferro, apesar dos mesmos terem por base a ganadaria continental Falé Filipe (origem Domecq).
Com os melhores cumprimentos.

Caríssima Susana Ferreira, obviamente que os toiros foram comprados pela Ganadaria CAJAF. o que me refiro é que isso não prestigia em nada a Ganadaria, porque efetivamente não são fruto do trabalho (seleção) do ganadeiro. Efetivamente os toiros são pertença da ganadaria porque foram comprados, no entanto não me parece correto o que aconteceu. É o Publico que paga o seu bilhete que tem de sair satisfeito da praça, para no futuro poder voltar. E o público não gostou!
Atenção que não tiro valor a nenhum dos novilhos que foram lidados, que de um modo geral tiveram uma boa nota e foram colaborantes com os artistas.
Cumprimentos

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