Começou a Feira de S. João 2017!
Começou com o emblemático Concurso de Ganadarias no dia do santo que lhe dá o
nome. Uma praça cheia assistiu a uma tarde de toiros que decorreu num ritmo
muito agradável. Em disputa os prémios para Melhor Toiro, Melhor Apresentação,
Melhor Lide e para Melhor Grupo de Forcados, prémio que vem substituir (e bem!)
o até agora Prémio para Melhor Pega.
O primeiro da tarde ostentava o
ferro de Murteira Grave (nº50,
492Kg). Este “cinqueño” era muito harmonioso, mas ficou-se por aí a qualidade
demonstrada. A início parecia ter problemas de visão, mas os problemas eram bem
maiores do que isso. Virou a cara à luta e por três vezes o toiro se deitou na
arena. Este comportamento invulgar deixa a desconfiança da existência de alguma
debilidade física. Manuel Telles Bastos
nada pode fazer. Iniciou com três curtos e ainda cravou um curto após tentar
sacar água daquele poço vazio.
O exemplar de Rego Botelho (nº66 532Kg) haveria
de apagar a imagem do toiro anterior. Saiu alegre e com som a mostrar muita
codícia. Não se ressentiu dos castigos e arrancava-se de largo aos cites,
empregando-se até ao final da lide. Aliado a tudo isto, o trapio e a bonita
presença física deste exemplar. Marcos
Bastinhas esperou-o na porta dos curros e mostrou querer agarrar o triunfo,
e a assistência, logo de início. Uma lide em crescendo que transpirou a “marca
Bastinhas” por todos os poros. O Cavaleiro de Elvas deu sempre vantagens ao
oponente, no entanto algumas das sortes pecam pelas passagens em falso e pelas
cravagens aliviadas. Encerrou com um bom par de bandarilhas.
O exemplar jorgense de Álvaro Amarante (nº155, 403Kg) marcou a
estreia da ganadaria da ilha do dragão nesta Feira. Era bonito e muito “bem
desenhado” apesar de ter menos volume. Trazia ímpeto e, apesar de ter perdido
algum fogo com o desenrolar da lide, cumpriu e mostrou bons modos, mas foi-se
defendendo por alto no decorrer da lide. Aqui, Manuel Telles Bastos já conseguiu mostrar algum do toureio que traz
dentro de si. Andou ligado ao hastado e, apesar de algum desacerto na cravagem,
acabou por realizar uma boa lide onde se destacam os 3º e 4º ferros curtos,
cravados como mandam os cânones da cavalaria portuguesa.
O exemplar de João Gaspar (nº30, 526Kg) encheu os
olhos à assistência. Bonito e volumoso. Revelou bom andamento e entrega durante
o desenrolar da lide. No final da lide foi-se parando e mostrando o andamento
típico do encaste murube, ao qual pertence. Marcos Bastinhas montou um vistoso Palomino e procurou dar
espectáculo com adornos à boa maneira espanhola. Tentou agarrar o público
através das piruetas e dos câmbios em cima dos terrenos do toiro. Faltou o
fundamental: cravou e não lidou!
Era de Francisco Sousa (nº16, 419Kg) o último da tarde. Saiu alegre e com
pata, mostrando codícia na investida. A meio da lide deu alguns sinais de perda
de ímpeto, encurtecendo a investida, no entanto, despertou novamente e voltou a
entrar na luta com a bravura inicial.
João Pamplona tirou partido das condições do toiro da divisa verde e lilás.
Indo em crescendo, foi galvanizando as bancadas. Esteve bem na escolha de
terrenos, lidando a gosto. O seu 4º ferro foi o melhor da tarde! Muito bem
esteve o mais novo cavaleiro da Quinta do Malhinha!
Como já foi referido, este ano
esteve em disputa o prémio para “Melhor Grupo”, destacando assim todo o
desempenho dos forcados ao logo da corrida. Pelos Amadores de Vila Franca estiveram na cara: Márcio Francisco, que aguentou a viagem ensarilhada do toiro e se
fechou à primeira, Francisco Farinha,
que à segunda aguentou um derrote muito alto e se fechou com querer, e Rui Godinho, numa boa pega à primeira,
sem dificuldade. Pelos Amadores da
Tertúlia Tauromáquica Terceirense, pegaram: Luís Cunha, à terceira, após duas tentativas em que sentiu
dificuldade em medir a investida do toiro, João
Silva (a dobrar Carlos Vieira que saiu lesionado) com querer a fechar-se
com valentia e com preciosa ajuda do grupo e, por fim, Luís Sousa numa grande pega à segunda tentativa.
Uma nota final apenas para
referir um aspecto que foi por demais evidente nesta corrida: se até há algum
tempo era pontual o uso de ferramentas auxiliares, hoje parece ter-se
generalizado o uso de gamarras e serretas. Nesta corrida concurso, não chega a
uma mão cheia o nº de montadas que não tinha pelo menos uma gamarra. As
qualidades de equitador dos intervenientes são conhecidas de todos, mas usar e
abusar de “travões auxiliares” tira-lhes todo o brio.
A corrida foi dirigida por
Rogério Silva, assessorado por Vielmino Ventura. Abrilhantou a Banda da
Sociedade Filarmónica Espírito Santo da Agualva.
Foram distribuídos assim os
prémios:
- Melhor toiro: “Bandeirote”, nº 66,
532kg, Rego Botelho
- Melhor apresentação: “Bandeirote”, nº
66, 532kg, Rego Botelho
- Melhor lide: João Pamplona
- Melhor grupo de forcados: Amadores de
Vila Franca de Xira
Foto: António Valinho
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