Um curro de Rego Botelho encerrou a Feira de S. João 2017. Lide apeada a cargo de Román, José Garrido e Joaquin Galdós.
O primeiro exemplar da tarde (RB,
nº93, 522Kg) mostrou-se distraído e brusco, acabando por se entregar no
decorrer da lide, mercê do desempenho do Matador. Román esteve variado com o
Capote, mostrando recursos e querer dar espectáculo. Com a Muleta lidou sempre
no centro da arena, com ofício e a dar tudo para tudo tirar do oponente. Lidou
maioritariamente pela direita, de forma cada vez mais templada. O seu segundo
(RB, nº83, 431Kg) era nobre, com algum recorrido, vindo a rachar no final. O
Matador imprimiu maior profundidade na lide. Esta resultou com bastante
duração, ficando na retina a entrega do Toureiro através de bons pormenores com
a Muleta.
José Garrido tirou bom partido
dos exemplares que lhe couberam em sorte. O primeiro (RB, nº92, 458Kg) era
muito voluntarioso, indo ao cite com nobreza e codícia. A lide mostrou a
plasticidade e os pormenores artísticos que Garrido emprega. Esteve “mandão”
com a Muleta e mostrou o porquê de ser apontado como uma das grandes figuras do
toureio. Uma grande lide terminada com circulares invertidos junto às tábuas. O
seu segundo (RB, nº73, 502Kg) também se entregava à luta, vindo a rachar no
final. O Matador agarrou o oponente e toureou a gosto, recriando-se e mostrando
a sua arte. Uma boa lide encerrada com Bernardinas que chegaram às bancadas.
Neste toiro, Garrido desafiou os alternantes para o tércio de bandarilhas. O
mesmo foi cumprido de forma desigual.
Joaquín Galdós recebeu um
exemplar (RB, nº77, 516Kg) bruto e sem recorrido. Ensinou-o a investir para
depois mostrar um toureio de quietude e proximidade. Mostrou algumas
dificuldades em medir as distâncias, ainda assim mostrou bons pormenores numa
lide de altos e baixos. O último do espectáculo (RB, nº91, 507Kg), revelou-se o
exemplar com melhores condições de lide. Duração de investida e nobreza que
foram aproveitadas por Galdós. Lidou com seriedade e poder. Novamente fez-se
mostrar através de um toureio de proximidade e quietude, pisando terrenos de
compromisso. Terminou por Luquesinas, adornando assim uma boa lide. Neste
último também foram os matadores a cumprir o tércio de bandarilhas, tendo
resultado novamente desigual.
Uma vez mais, os bandarilheiros
açorianos estiveram num patamar superior. João Pedro Silva e Jorge Silva
executaram os melhores pares da tarde. Já é normal assistir-se a um bom
desempenho dos locais, o que tem (entre muitos outros) o benefício de fazer com
que o público seja cada vez mais exigente com os de fora.
A corrida foi dirigida por Carlos
João Ávila que se despediu do cargo após 20 anos de funções. Apenas um reparo
para a dúvida em relação ao critério utilizado para atribuição de música
durante as lides. Foi assessorado por José Paulo Lima.
Abrilhantou a Banda da Sociedade
Filarmónica rainha Santa Isabel da Doze Ribeiras. Abrilhantou e bem! Se na
corrida anterior a música tinha estado em excesso, aqui as interpretações foram
executadas na medida certa, com o volume certo, a complementar as lides!
Antes do início do espectáculo,
foi homenageado o Matador californiano e luso-descendente Dennis Borba pelos
seus 30 anos de Alternativa. Durante o intervalo, foi homenageado Carlos João
Ávila pelos seus 20 anos de Director de Corridas e por todo o precioso
contributo que tem dado à Festa Brava nos Açores.
Bruno Bettencourt
Foto: António Valinho
Foto: António Valinho
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