Doze anos depois, o Neto deu início às Cortesias na Monumental “Ilha Terceira”.
A Corrida de Gala Antiga Portuguesa teve assim o seu início com o ritual
alusivo à época.
Toiros de João Gaspar e Francisco
Sousa. De tricórnio Tiago Pamplona,
Manuel Telles Bastos e Miguel Moura. De jaqueta enramada, os Amadores da Tertúlia Tauromáquica
Terceirense (GFATTT) e os Amadores
do Ramo Grande (GFARG).
Não interessa como se começa, mas
como se acaba! Este bem podia ser o resumo da noite de Tiago Pamplona. Após a recolha do toiro (FS, nº15, 410Kg) que se
inutilizou, depois da cravagem de dois compridos, recebeu o segundo do seu lote
com uma lide em crescendo. O toiro (JG, nº27, 515Kg) era volumoso e entregou-se
com codícia, tendo tido duração. O Marialva do Posto Santo procurou o triunfo e
mostrou boa ligação com o público. Esteve criterioso na escolha de terrenos e
mostrou os seus dotes de excelente equitador. Encerrou uma lide triunfal com um
excelente ferro curto ao estribo, antecedido por uma viagem plena de temple. Nota
para o facto de ter saído da arena no momento certo sem se deixar deslumbrar
pelo pedido de “mais um”!
Manuel Telles Bastos lidou um exemplar (FS, nº11, 436Kg) cumpridor
que se foi defendendo em alguns momentos, mas sem complicar. Uma lide de
entrega e saber, a trazer ao de cima as qualidades do toiro e a romper para o
triunfo. Mostrou bonitos pormenores do classicismo que o caracteriza, aliando a
sua maestria de equitador à intuição de lidador. O toiro (JG, nº28, 433Kg), com
que encerrou a sua participação na Feira, saiu com pata e revelou-se muito
andarilho, tendo dificuldade em fixar-se. Há a destacar a cravagem
correctíssima dos compridos e a precisão milimétrica com que cravou cada uma
das farpas, durante toda a lide. Mostrou-se entendedor do oponente e optou por
uma lide de proximidade, pisando os terrenos do toiro e lidando ao melhor
estilo português.
A Miguel Moura calhou o lote menos luzido, mas que ainda assim
cumpriu sem complicar muito. O primeiro toiro (JG, nº18, 433Kg) era voluntarioso,
mas viria a rachar no final. Moura foi desenrolando a lide com bons pormenores.
Uma lide à maneira da escola mourista a chegar bem ao público. Pecou por ter
prolongado a lide em demasia. O último toiro (FS, nº7, 494Kg) era distraído e
parava-se na reunião, saindo desligado das sortes. Fica a sensação que o
Cavaleiro o podia ter alegrado mais. A lide resultou sem som e própria para
hipertensos. Algum luzimento no final, mas sem grande transmissão à assistência.
Nas pegas destacaram-se Daniel Brasil do GFARG e Francisco Matos do GFATTT. Ambos
realizaram rijas pegas, à primeira, a aguentar bem e a mostrar querer ficar na
cara do toiro! Pegaram ainda Luís Sousa
(GFATTT) à segunda e a sesgo, Rui Dinis
(GFARG) que com uma boa pega se fechou à segunda tentativa e João Pedro Ávila (GFATTT) à segunda com uma boa ajuda do grupo.
A corrida foi dirigida com
diligência por Rogério Silva, sendo assessorado por Vielmino Ventura.
Abrilhantou a Banda Filarmónica Divino
Espírito Santo de Artesia. Um reparo para o facto de ter havido alguma
falta de moderação no volume da interpretação musical. Não está em causa a qualidade
da banda, que é de facto muito boa, mas numa praça de toiros a banda deve complementar
e não se sobrepor a todo o resto.
Bruno Bettencourt
Foto: André Pimentel
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