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domingo, 23 de junho de 2024

Bom toureio, para todos os gostos – Crónica da primeira corrida da Feira de São João 2024


Praça cheia e ambiente de festa nas cercanias da Monumental Praça de Toiros “Ilha Terceira”, faziam antever a corrida de grande nível que inaugurou a Feira de S. João de 2024. O nome do Santo padroeiro das festas, foi mote em termos de Cavaleiros e Ganadero.

João Moura Jr. abriu praça com uma lide agradável. Esperou o oponente e, após dois compridos muito correctos, desenvolveu o labor a tirar partido das condições do toiro. Bem nas bregas e na escolha de terrenos, foi aquecendo a assistência com o desenho das sortes. O exemplar de João Gaspar (JG, nº7, 510Kg), vinha bem apresentado e em tipo da ganadaria, tal como os restantes exemplares. Cumpriu com o galope típico do encaste, tendo vindo a perder ímpeto com o decorrer da lide. Frente ao bonito “Canário” (JG, nº6, 478Kg), Moura agarrou o triunfo e não o largou. O toiro tinha bons modos, saindo de pronto, apesar de carregar pouco na reunião. Uma lide superior onde o Cavaleiro mostrou a sua arte e o porquê de ser figura. Sortes com os tempos bem marcados, cravagens de fazer parar relógios e bregas cingidas. Destaque para o terceiro ferro curto, uma verdadeira lição! Terminou com uma mourinha que fez enorme eco na assistência.

João Ribeiro Telles foi à porta dos curros esperar o JG (nº13, 475Kg). Um oponente que pedia entendimento e que usassem os botões certos. Cumpriu, apesar das investidas menos claras nas reuniões. O Cavaleiro entendeu-o e andou sempre ligado, procurando trazer à tona o melhor som do toiro. Rubricou bons momentos de toureio numa lide regular. Diante do segundo do seu lote, corrigiu a mão e foi lidando na medida certa. Uma lide em crescendo, marcada por bregas muito correctas e que terminou com dois ferros de emoção, tapando algumas debilidades no comportamento do toiro. O hastado (JG, nº15, 462Kg) tinha modos, mas saía das sortes e não rematava. Apesar de ir ao cite, cedo desligava.

João Pamplona viu o primeiro do seu lote ser recolhido por se ter lesionado num dos membros anteriores. O compasso de espera, normal, entre a recolha e saída do sobrero (JG, nº98, 544Kg), fizeram notar um pequeno arrefecimento nas hostes. O toiro, o maior de todos, foi bom, tinha transmissão e deu-se por inteiro ao Cavaleiro. O da Quinta do Malhinha voltou a elevar a temperatura no redondel, com o desenrolar da lide. Ferro após ferro foi-se mostrando, terminando a lide com boa nota e com destaque para toda a envolvência do seu terceiro ferro curto. A finalizar a corrida, havia de receber o melhor exemplar (JG, nº 14, 450Kg). O toiro tinha codícia, indo de pronto e carregando as sortes. Para um bom bravo, uma lide de bom plano e ao gosto da assistência. Sortes bem desenhadas e a colher tudo o que dava o oponente. Encerrou com um ferro de palmo que levantou os sectores.

Na cara dos João Gaspar, estiveram os Forcados Amadores do Ramo Grande e os Amadores de Merced (Califórnia). Num ano em que o grupo do Ramo Grande terá mudança de Cabo, foi precisamente o actual líder Manuel Pires que colocou o barrete para se despedir desta feira onde alcançou muitos triunfos. Pegou à primeira, corrigindo-se no momento do abraço e fechando-se com a eficácia que lhe é reconhecida. Rui Dinis, que será o próximo homem a liderar o “grupo da Praia” efectuou uma grande pega à primeira, aguentando uma viagem em que foi trazido pelo alto. Gonçalo Batista efectuou a pega da tarde, à primeira. Fechou-se com valentia e aguentou a fugida do toiro ao grupo. A destacar o desempenho do primeiro ajuda Pedro Pereira, que foi fulcral para o desempenho do grupo.

Pelo grupo da Califórnia, António Melo fechou-se à primeira de forma valente, trazendo o toiro bem toureado e sendo bem ajudado pelo grupo. João Vitorino, também ao primeiro intento, foi muito eficaz e fechou-se com brio. A fechar, Aaron Sauer pegou à segunda com o grupo a mostrar bem os seus pergaminhos.

Dirigiu a corrida, de forma correcta, o novel director Ricardo Costa, sendo coadjuvado pelo médico veterinário Vielmino Ventura. Abrilhantou com nota(s) elevada, a Banda Filarmónica Portuguesa de Tulare.

Bruno Bettencourt

Foto: António Valinho

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