sexta-feira, 25 de agosto de 2017
terça-feira, 8 de agosto de 2017
Segunda (GRANDE) Corrida das Festas da Praia - Crónica
Se qualquer um dos presentes na
Monumental Praça de Toiros “Ilha Terceira” tinha alguma espécie de dúvida existencial
em relação à sua afición, a grande corrida a que se assistiu encarregou-se de a
desfazer. O que se passou na tarde de 7 de Agosto de 2017 foi um daqueles espectáculos
que fazem aficionados. Sem dúvida uma das melhores a que já se assistiu no
redondel angrense.
Comemoraram-se os 10 anos de
existência do Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande. Despediu-se o
Cabo-fundador Filipe Pires que, no início do festejo, foi agraciado pela Câmara
Municipal da Praia da Vitória com a Medalha de Prata de Mérito Cultural.
O curro (e que curro!!) era da
ganadaria de António Silva. Imponentes, sérios, nobres, com tranco e a pedir
contas aos Cavaleiros Luís Rouxinol, Tiago Pamplona e João Moura Jr. Destaque
para os exemplares lidados em 5º e 6º lugar. A ganadera Sofia Silva Fava foi chamada à praça (e
bem!) por duas vezes.
Luís Rouxinol abriu com uma lide
regular, frente a um oponente (AS, nº3, 518Kg) com muita mobilidade e entrega.
Esteve bem na preparação das cravagens, mas a evidente falta de rodagem das
montadas que trouxe à ilha Terceira não possibilitou que a lide rompesse para
um patamar de triunfo. Com o segundo exemplar de António Silva (nº22, 520Kg)
trouxe ao de cima toda a sua veterania e tirou partido da nobreza e da entrega
do toiro. Andou sempre ligado e por altura do 5º ferro curto, que cravou de
forma irrepreensível, já o público era seu. Terminou em
apoteose com um violino e um ferro de palmo de levantar praça.
Tiago Pamplona esteve triunfal em
ambas as lides. O exemplar nº 32 (AS, 476Kg) era sério e tinha ímpeto, pecando
apenas por se adiantar um pouco à montada. Teve duração e investiu sempre a
galope. De tal facto, tirou partido o Cavaleiro que rubricou uma boa lide, mostrando-se
entendedor e bregando de forma eficaz e muito cingida, transmitindo emoção.
Destaque para o grande ferro com que encerrou. O segundo do seu lote era bravo
da ponta dos pitons à extremidade da cauda. Um toiro sempre em crescendo de
comportamento, com tranco e a cobrar do toureiro. Daqueles toiros que separam
os verdadeiros toureiros daqueles que pensam que o são. Uma vez mais o Marialva
do Posto Santo esteve por cima! Muito correcto na preparação das sortes, executou
vistosos terra-a-terra nos cites para depois cravar a gosto e a preceito. É
pena que exista tanto mar entre o território continental e a ilha Terceira.
Caso contrário Tiago Pamplona andaria a competir nos principais carteis.
João Moura Jr. esteve a bom nível
diante do nº17 (AS, 488Kg). O toiro entregou-se sem complicar. Moura Jr. andou
bem na brega e corretíssimo nas cravagens. Lidou a gosto um bom exemplar. Pena
que, sem culpa alguma do Cavaleiro, numa das cravagens o ferro tenha batido
noutro já colocado e após ter caído na arena, tenha ficado cravado na pá do
toiro, o que induziu algum do público em erro. Tal facto fez com que parte da assistência
se tivesse retraído, amornando o ambiente da lide. O segundo do seu lote tinha
muita, mas muita classe. Nobre e encastado, entregou-se à lide por inteiro.
Moura Jr. mostrou todo o valor do apelido que carrega e agarrou, também ele, o
triunfo. Andou cingido nas bregas com galope a duas pistas e ferro após ferro
foi levando os tendidos ao rubro. Terminou com a assistência em delírio após
cravagem de três palmitos seguidos e em circular.
Mas a tarde era dos Amadores do
Ramo Grande. Muitos foram os que estiveram fardados na arena. Antigos e actuais
elementos do “grupo da Praia”. Neste dia de aniversário, Filipe Pires passou a
chefia do grupo a Manuel Pires, após a pega ao 5º toiro. O dia era, como é
normal, agridoce. O público juntou-se à festa e honrou o GFARG, ajudando assim
a amenizar o amargo da despedida.
Antes, estiveram na cara dos toiros Luís
Valadão que se fechou à segunda com garra e querer, depois de na primeira tentativa
o toiro ter tirado a cara no momento da reunião. Daniel Brasil esteve eficaz e
fechou-se à primeira com valentia. Carlos Silva corrigiu a forma de trazer o
touro toureado e fechou-se à segunda numa boa pega a mostrar vontade. Alex
Rocha, à primeira, mostrou todas as suas qualidades e efectuou uma grande pega.
Na sua última pega, antes de assumir a chefia do grupo, Manuel Pires esteve de
novo enorme. Foi levado contra as tábuas e aguentou horrores até que o grupo se
recompusesse do embate violento. Desta pega, o ainda Cabo, Filipe Pires saiu
com um corte na têmpora direita. César Pires fechou a corrida com uma boa pega
à primeira, aguentado uma viagem difícil.
O espectáculo foi dirigido com
sapiência por Rogério Silva, sendo assessorado por José Paulo Lima. Abrilhantou,
de forma superior, a Banda da Sociedade Filarmónica Espírito Santo da Agualva,
dirigida pelo Maestro Hélder Lourenço.
Bruno Bettencourt
Foto: António Valinho
Foto: António Valinho
Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense em Abiúl
Após uma passagem de triunfo por França, o Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense apresentou-se na segunda corrida da Feira de Abiul onde pegou em solitário um curro de Murteira Grave, deixando bom ambiente pelo seu desempenho.
Afonso Carreira em crónica publicada no portal Tauronews, relatou o seguinte:
"[...] As pegas tiveram a cargo do Grupo de Forcados da Tertúlia Tauromáquica Terceicerense, o qual se apresentou de luto pelo falecimento dos antigos forcados Paulinho Magalhães e António Ortiz. Por eles a equipa da Tauronews gostaria de dar os seus sentimentos a todo o grupo, família e amigos dos mesmos. [...]
À cara do astado foi o experiente João Ávila, que pegou à primeira sem grandes dificuldades, contado com uma boa ajuda por parte do grupo. Há forcados que pela sua arte e técnica fazem a pega parecer fácil, foi o que se passou nesta 1ª da tarde.[...]
Pegar um toiro por si só já não é fácil, ainda para mais um com quase 700kg de peso e que na lide a cavalo pouco colaborou… Esteve imponente o forcado Açoreano Luís Cunha no que toca a valentia e garra. Consumaram apenas à 3ª tentava já a desgosto com uma oportuna 1ª ajuda.[...]
Para a cara foi Francisco Tomás que por duas vezes não se conseguiu fechar na cara do toiro, sendo que na última dá a sensação de ser pisado ao mesmo tempo que o toiro derrota o que acabaria por deixar o forcado inanimado na arena. Foi dobrado pelo companheiro que pegou à terceira com ajudas redobradas.[...]
Para a cara (do quinto da tarde) foi Tomás Ortiz, que pegou ao primeiro intento sem grande dificuldade numa pega tecnicamente perfeita. [...]
Uma nota especial aos Forcados da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, que por ventura pelo facto de não termos oportunidade de os ver tantas vezes, ficamos sempre regalados pela técnica, valentia e afición que este Grupo da Ilha Terceira impõe nas suas actuações. São sem dúvida uma das bandeiras daquela ilha por esse mundo do fora.[...]"
segunda-feira, 7 de agosto de 2017
Há 10 anos foi assim...
Recuando 10 anos nas crónicas aqui publicadas, encontramos a seguinte passagem, referente à corrida de Estreia do Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande:
"E porque a noite era da forcadagem, assistiu-se a grandes pegas. Nuno Pires brinda a Duarte Bettencourt, mentor destes Forcados Amadores do Ramo Grande, e consuma a pega inaugural do grupo com grande valentia fechando-se à primeira tentativa numa rija pega de fazer levantar os tendidos. Realce para a excelente 1ª ajuda do Cabo Filipe Pires. Na segunda pega da tarde, Alexander Rocha, após ter sido posto fora da cara do toiro na 1ª tentativa, executa uma pega primorosa, aguenta violento derrote, sendo muito bem ajudado pelo grupo que de pronto se fecha para a consumação. Por fim, a pega da noite efectuada por Manuel Pires. O forcado fecha-se muito bem, entra pelo grupo dentro e levanta as bancadas numa explosão de aplausos. O Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande deixou muito boa nota, verificando-se que têm sentido, união e conhecimento."
Bruno Bettencourt
Bruno Bettencourt
HOJE - Corrida de comemoração do 10º Aniversário do Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande
É hoje que se celebra o 10º Aniversário do Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande. A Corrida conta ainda com a passagem da chefia do grupo. A Jaqueta de Cabo será entregue pelo Fundador Filipe Pires a Manuel Pires que a partir de hoje conduzirá o grupo que enverga a cor da bandeira do Divino Espírito Santo nas jaquetas.
domingo, 6 de agosto de 2017
Primeira Corrida das Festas da Praia - Crónica
Uma corrida de bom nível marcou o
regresso do formato de dois eventos à Feira das Festas da Praia. Os toiros da Casa Agrícola José Albino Fernandes
(JAF), Luís Rocha (LR) e Silva Herculano (SH) não complicaram,
excepção para o segundo da tarde que se foi parando de forma evidente.
João Moura Jr. abriu praça diante de um exemplar imponente de cara
(LR, nº57, 489Kg). O toiro era bom, codicioso e entregou-se na medida certa. Após
cravagens menos luzidas nos compridos, palmilhou uma lide de triunfo a cada
ferro curto e a cada brega. O estilo não engana, era um Moura a cavalo e aquela
garupa era um Capote pleno de temple. Destaque para o segundo curto, a
consentir a entrada do toiro. Frente ao exemplar SH (nº159, 476Kg) manteve a
bitola. O toiro foi a menos ao longo da lide mas, ainda assim, o Cavaleiro
procurou sacar o que de melhor este trazia dentro e chegou às bancadas com os
ferros de palmo com que encerrou a função.
A João Pamplona calhou a fava e o brinde. O seu primeiro oponente
mostrou bons modos na primeira metade da lide, mas depois perdeu ímpeto e
fechou-se. O ginete procurou ligar-se ao toiro e com isto contornar as
dificuldades. Ficou a sensação de ter tido alguma dificuldade na escolha de
terrenos, frente a um oponente que pedia que lhe pisassem a sua zona de
conforto e o tirassem de lá. João andou esforçado e isso foi reconhecido pelo
público. O JAF (nº428, 528Kg) que lhe coube em sorte era feito de outra cepa.
Volumoso e com pata, investia com alegria, entregando-se da forma como fazem os
toiros bons: do início ao fim. Após afinar a velocidade, o Cavaleiro ligou-se
ao toiro e ao público. Esteve lidador, trazendo ao de cima o bom toureiro e o
bom equitador que é. Uma boa lide que encerrou com um grande ferro curto,
preparado, cravado e rematado como mandam as regras.
Luís Rouxinol Jr. apresentou-se na Monumental “Ilha Terceira” mostrando
todos os predicados de alguém que pode vir a ser figura. Mostrou bons modos na
sua primeira lide. O público acolheu bem uma lide agradável e com bons
pormenores. O toiro (LR, nº47, 419Kg) apesar de ter alguma falta de força, não
comprometeu e deixou-se lidar. Rouxinol esteve muito correcto na cravagem dos
curtos, destacando-se o 2º ferro. Quando preparava a cravagem do primeiro ferro
comprido ao exemplar JAF (nº417, 523Kg), com que encerrou a corrida, a montada
escorrega, resultando na queda do cavaleiro. Viveram-se alguns momentos de
apuro, mas sem quaisquer consequências. O “pequeno” Rouxinol recompôs-se e
mostrou maturidade. O toiro entregava-se e esteve sempre metido na lide. O
Cavaleiro aproveitou bem a colaboração do oponente e novamente mostrou as suas
qualidades. Apesar de tudo, fica a ideia que o toiro pedia mais labor.
Nas pegas estiveram três Grupos
de Forcados Amadores. Por S. Manços
pegou José Quintas à primeira, numa
boa pega a aguentar derrote e Pedro
Fonseca que à segunda resolveu com a ajuda um pouco carregada. O grupo de Arronches teve em praça João Rosa, que realizou uma grande pega
à primeira, templando bem a investida do toiro, fechando-se de forma correcta e
Luís Marques que se fechou à segunda
sem dificuldade. O Ramo Grande
esteve representado por André Lourenço
que após alguns problemas, fechou-se à segunda sem mácula.
No final da corrida
haveria de se assistir a um monumento à forcadagem: a pega de Manuel Pires! Forcado sereno e de olhos
vivos, caminhou para o toiro como é seu habito. Aguentou a investida e depois
de se fechar, toiro e forcado tornaram-se um só. Grandes, violentos e sucessivos derrotes por alto e a
pega a consumar-se de uma forma que não surpreende. Não surpreende, porque
sempre que Manuel Pires salta à arena mostra toda a sua raça e valentia,
brindando quem assiste com grandes desempenhos. É, sem dúvida alguma, um forcado
que qualquer grupo gostaria de ter e um dos grandes forcados da actualidade,
dentro e fora da arena. O Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande ficará
assim em boas mãos, aquando da passagem de Cabo. E como uma pega não se faz só
com o forcado da cara, fica ainda o destaque para a preciosa intervenção do primeiro
ajuda ao qual se seguiu o resto do grupo, de forma eficaz.
A corrida foi dirigida por Mário
Martins que foi assessorado por Vielmino Ventura. Abrilhantou a Banda
Filarmónica de Santo António de Cambridge.
E porque se tratava de uma
Corrida Concurso, o júri composto por Francisco Parreira, José Luis Figueiredo
e Diogo Passanha, deliberou:
- Melhor Toiro: “Joanito”, nº428, 528Kg, Casa Agrícola José Albino
Fernandes
- Melhor apresentação: “Joanito”, nº428, 528Kg, Casa Agrícola José
Albino Fernandes
- Melhor lide a cavalo: João Moura Jr. (lide ao primeiro exemplar da
corrida)
- Melhor Pega: Manuel Pires (GFARG)
Bruno Bettencourt
Foto: Paulo Gil