segunda-feira, 10 de julho de 2017
terça-feira, 4 de julho de 2017
Garrido (e) mais completo – 4º da Feira de S. João
Um curro de Rego Botelho encerrou a Feira de S. João 2017. Lide apeada a cargo de Román, José Garrido e Joaquin Galdós.
O primeiro exemplar da tarde (RB,
nº93, 522Kg) mostrou-se distraído e brusco, acabando por se entregar no
decorrer da lide, mercê do desempenho do Matador. Román esteve variado com o
Capote, mostrando recursos e querer dar espectáculo. Com a Muleta lidou sempre
no centro da arena, com ofício e a dar tudo para tudo tirar do oponente. Lidou
maioritariamente pela direita, de forma cada vez mais templada. O seu segundo
(RB, nº83, 431Kg) era nobre, com algum recorrido, vindo a rachar no final. O
Matador imprimiu maior profundidade na lide. Esta resultou com bastante
duração, ficando na retina a entrega do Toureiro através de bons pormenores com
a Muleta.
José Garrido tirou bom partido
dos exemplares que lhe couberam em sorte. O primeiro (RB, nº92, 458Kg) era
muito voluntarioso, indo ao cite com nobreza e codícia. A lide mostrou a
plasticidade e os pormenores artísticos que Garrido emprega. Esteve “mandão”
com a Muleta e mostrou o porquê de ser apontado como uma das grandes figuras do
toureio. Uma grande lide terminada com circulares invertidos junto às tábuas. O
seu segundo (RB, nº73, 502Kg) também se entregava à luta, vindo a rachar no
final. O Matador agarrou o oponente e toureou a gosto, recriando-se e mostrando
a sua arte. Uma boa lide encerrada com Bernardinas que chegaram às bancadas.
Neste toiro, Garrido desafiou os alternantes para o tércio de bandarilhas. O
mesmo foi cumprido de forma desigual.
Joaquín Galdós recebeu um
exemplar (RB, nº77, 516Kg) bruto e sem recorrido. Ensinou-o a investir para
depois mostrar um toureio de quietude e proximidade. Mostrou algumas
dificuldades em medir as distâncias, ainda assim mostrou bons pormenores numa
lide de altos e baixos. O último do espectáculo (RB, nº91, 507Kg), revelou-se o
exemplar com melhores condições de lide. Duração de investida e nobreza que
foram aproveitadas por Galdós. Lidou com seriedade e poder. Novamente fez-se
mostrar através de um toureio de proximidade e quietude, pisando terrenos de
compromisso. Terminou por Luquesinas, adornando assim uma boa lide. Neste
último também foram os matadores a cumprir o tércio de bandarilhas, tendo
resultado novamente desigual.
Uma vez mais, os bandarilheiros
açorianos estiveram num patamar superior. João Pedro Silva e Jorge Silva
executaram os melhores pares da tarde. Já é normal assistir-se a um bom
desempenho dos locais, o que tem (entre muitos outros) o benefício de fazer com
que o público seja cada vez mais exigente com os de fora.
A corrida foi dirigida por Carlos
João Ávila que se despediu do cargo após 20 anos de funções. Apenas um reparo
para a dúvida em relação ao critério utilizado para atribuição de música
durante as lides. Foi assessorado por José Paulo Lima.
Abrilhantou a Banda da Sociedade
Filarmónica rainha Santa Isabel da Doze Ribeiras. Abrilhantou e bem! Se na
corrida anterior a música tinha estado em excesso, aqui as interpretações foram
executadas na medida certa, com o volume certo, a complementar as lides!
Antes do início do espectáculo,
foi homenageado o Matador californiano e luso-descendente Dennis Borba pelos
seus 30 anos de Alternativa. Durante o intervalo, foi homenageado Carlos João
Ávila pelos seus 20 anos de Director de Corridas e por todo o precioso
contributo que tem dado à Festa Brava nos Açores.
Bruno Bettencourt
Foto: António Valinho
Foto: António Valinho
domingo, 2 de julho de 2017
Triunfaram os clássicos na Corrida de Gala – 3ª Corrida da Feira de S. João
Doze anos depois, o Neto deu início às Cortesias na Monumental “Ilha Terceira”.
A Corrida de Gala Antiga Portuguesa teve assim o seu início com o ritual
alusivo à época.
Toiros de João Gaspar e Francisco
Sousa. De tricórnio Tiago Pamplona,
Manuel Telles Bastos e Miguel Moura. De jaqueta enramada, os Amadores da Tertúlia Tauromáquica
Terceirense (GFATTT) e os Amadores
do Ramo Grande (GFARG).
Não interessa como se começa, mas
como se acaba! Este bem podia ser o resumo da noite de Tiago Pamplona. Após a recolha do toiro (FS, nº15, 410Kg) que se
inutilizou, depois da cravagem de dois compridos, recebeu o segundo do seu lote
com uma lide em crescendo. O toiro (JG, nº27, 515Kg) era volumoso e entregou-se
com codícia, tendo tido duração. O Marialva do Posto Santo procurou o triunfo e
mostrou boa ligação com o público. Esteve criterioso na escolha de terrenos e
mostrou os seus dotes de excelente equitador. Encerrou uma lide triunfal com um
excelente ferro curto ao estribo, antecedido por uma viagem plena de temple. Nota
para o facto de ter saído da arena no momento certo sem se deixar deslumbrar
pelo pedido de “mais um”!
Manuel Telles Bastos lidou um exemplar (FS, nº11, 436Kg) cumpridor
que se foi defendendo em alguns momentos, mas sem complicar. Uma lide de
entrega e saber, a trazer ao de cima as qualidades do toiro e a romper para o
triunfo. Mostrou bonitos pormenores do classicismo que o caracteriza, aliando a
sua maestria de equitador à intuição de lidador. O toiro (JG, nº28, 433Kg), com
que encerrou a sua participação na Feira, saiu com pata e revelou-se muito
andarilho, tendo dificuldade em fixar-se. Há a destacar a cravagem
correctíssima dos compridos e a precisão milimétrica com que cravou cada uma
das farpas, durante toda a lide. Mostrou-se entendedor do oponente e optou por
uma lide de proximidade, pisando os terrenos do toiro e lidando ao melhor
estilo português.
A Miguel Moura calhou o lote menos luzido, mas que ainda assim
cumpriu sem complicar muito. O primeiro toiro (JG, nº18, 433Kg) era voluntarioso,
mas viria a rachar no final. Moura foi desenrolando a lide com bons pormenores.
Uma lide à maneira da escola mourista a chegar bem ao público. Pecou por ter
prolongado a lide em demasia. O último toiro (FS, nº7, 494Kg) era distraído e
parava-se na reunião, saindo desligado das sortes. Fica a sensação que o
Cavaleiro o podia ter alegrado mais. A lide resultou sem som e própria para
hipertensos. Algum luzimento no final, mas sem grande transmissão à assistência.
Nas pegas destacaram-se Daniel Brasil do GFARG e Francisco Matos do GFATTT. Ambos
realizaram rijas pegas, à primeira, a aguentar bem e a mostrar querer ficar na
cara do toiro! Pegaram ainda Luís Sousa
(GFATTT) à segunda e a sesgo, Rui Dinis
(GFARG) que com uma boa pega se fechou à segunda tentativa e João Pedro Ávila (GFATTT) à segunda com uma boa ajuda do grupo.
A corrida foi dirigida com
diligência por Rogério Silva, sendo assessorado por Vielmino Ventura.
Abrilhantou a Banda Filarmónica Divino
Espírito Santo de Artesia. Um reparo para o facto de ter havido alguma
falta de moderação no volume da interpretação musical. Não está em causa a qualidade
da banda, que é de facto muito boa, mas numa praça de toiros a banda deve complementar
e não se sobrepor a todo o resto.
Bruno Bettencourt
Foto: André Pimentel