sábado, 30 de junho de 2018
Sousa, Gaspar, Moura e Tertúlia Terceirense – 3ª Corrida da Feira de São João
Concurso de ganadarias em Angra
do Heroísmo é sinónimo de praça cheia até às bandeiras. Na disputa estiveram as
divisas de Rego Botelho (RB), Casa Agrícola José Albino Fernandes
(JAF), Ascensão Vaz (AV), Falé Filipe (FF), João Gaspar (JG) e Francisco
Sousa (FS). Vítor Ribeiro, João Moura Jr. e João Pamplona na discussão para a melhor lide a cavalo. Os Grupos
de Forcados Amadores da Tertúlia
Tauromáquica Terceirense e de Merced
(Califórnia), que debutava em Portugal, na contenda para melhor grupo em
praça. Antes do inicio das lides, minuto de silêncio pelo falecimento de José
Valadão, antigo director de corridas.
Vitor Ribeiro regressou às lides e mostrou o porquê de ser um
Cavaleiro tido em boa conta pela afición terceirense. Teve pela frente um
exemplar RB (nº88, 584Kg) com trapio
que se mostrou voluntarioso sem complicar. Assistiu-se a uma boa lide onde
tirou partido das condições do toiro, andando criterioso na escolha dos
terrenos e executando viagens e quarteios na medida certa. O toiro FF (nº28, 509Kg) apesar de ter cumprido,
foi a menos, parando-se no final da lide. Aqui esteve novamente correcto,
mostrando os recursos que lhe advêm de uma boa monta e de toda a sua
experiência sem, no entanto, romper para plano de triunfo.
Para João Moura Jr. havia de sair o mais pesado da corrida (JAF, nº12,
626Kg), um toirão de encher o olho, mas após algumas voltas de reconhecimento à
arena, verificou-se que estava diminuído em termos de locomoção e foi
recolhido. Saiu o sobrero (JAF,
nº14, 536Kg), mais pequeno, mas bem rematado e que em termos de comportamento
foi-se defendendo nos tércios com o decorrer da lide. Moura Jr. assinou uma
lide alegre, mas limitada, em parte, pelas condições do touro. Mexeu-lhe os
terrenos conseguindo algum brilho nas sortes. O segundo do lote vinha marcado
com JG (nº37, 547Kg), muito em tipo
do encaste da ganadaria, não só de morfologia como de comportamento. Prestou-se
à função com nobreza e galope cadenciado, apesar de alguma distração. O
Cavaleiro das Arengozinhas foi desenhando uma lide em crescendo de emoção, com
ferros de boa nota, adornando-se nas bregas e a chegar de sobremaneira às
bancadas através de remates vistosos com piruetas. Uma lide triunfal a fazer
esquecer as suas anteriores prestações nesta edição da Feira de S. João.
João Pamplona mostrou os seus predicados e a razão pela qual foi o
triunfador da edição do ano passado. O exemplar AV (nº106, 504Kg) cedo enquerençou nos tércios, junto à porta de
quadrilhas. O marialva do Posto Santo esteve a bom nível, chegando às bancadas
e conseguindo contornar as dificuldades impostas pelo toiro. A cada viagem foi
pisando cada vez mais terrenos de compromisso, finalizando com dois grandes
ferros. A fechar, havia de lidar o “Predigoto” (FS, nº14, 426Kg), baixo, mas bem rematado. O que lhe faltou em
tamanho, foi compensado pela bravura. Investiu com codícia do inicio ao fim da
lide, acorrendo sempre de pronto a cada cite. O Cavaleiro tirou partido do
toiro que tinha pela frente e conseguiu romper para um plano superior, estando
a muito bom nível numa lide de ligação com o público, transmitindo emoção através
de bregas e sortes cingidas.
Pelos Amadores da Tertúlia
Tauromáquica Terceirense abriu praça João Silva que, à segunda e após ter sido
maltratado ao primeiro intento, se fechou numa pega dura. Tomás Ortins mostrou
toda a sua valentia e saber numa grande pega à primeira em que após sofrer
violento derrote e ser projectado para fora da cara do touro, consegue
fechar-se em pleno voo com muito querer. Hugo Jesus, despediu-se das arenas com
uma boa pega sendo ajudado de forma muito correcta. Os Amadores de Merced
marcaram a sua estreia através do cabo João Azevedo que se fechou num embate
duro à segunda, após lhe ter faltado grupo para consumar ao primeiro intento.
António Oliveira fechou-se bem à primeira, aguentando longa viagem na cara do
toiro antes que o grupo se fechasse. A fechar, António Melo aguentou um derrote
consumando à primeira.
E porque se tratava de um
concurso, o júri cuja constituição foi anunciada no início da corrida,
deliberou:
- Melhor Lide: João Moura Jr. (lide efectuada ao quinto da tarde)
- Melhor Lide: João Moura Jr. (lide efectuada ao quinto da tarde)
- Melhor Grupo de Forcados: GFA Tertúlia Tauromáquica Terceirense
(pelo desempenho na pega de Tomás Ortins)
- Melhor apresentação: “Veludo” de João Gaspar, n33, 547Kg, lidado em
quinto lugar
- Melhor Toiro: “Predigoto” de Francisco Sousa, nº14, 426Kg, lidado
em sexto lugar
A corrida foi dirigida por Mário
Martins que foi assessorado pelo médico veterinário Vielmino Ventura.
Abrilhantou a Banda Filarmónica Chino Valley Divino Espírito Santo Club.
Bruno Bettencourt
Foto: André Pimentel
quinta-feira, 28 de junho de 2018
Capinha Fábio Magalhães no Concurso Internacional de Recortadores
É verdade. Fábio Magalhães, o nosso categorizado toureiro de ruadas touradas à corda, acaba de ser convidado para participar amanhã, dia 29 de junho, para representar a ilha Terceira e os Açores no grande Concurso Internacional de Recortadores, na Monumental Praça de Vila Franca de Xira. Um convite além de merecido,é inédito e deveras honroso! Rodeado por uma classe de profissionais, Fábio Magalhães, embora um nato amador, saberá dentro do possível, mostrar a sua destemida classe e sabedoria.
"Nascido a 18 de Novembro de 1984, Fábio Magalhães,tal como seu pai, Francisco Godinho, começou desde novo a tourear, com 13 anos de idade, na freguesia do Porto Martins, ilha Terceira. A carreira a sério veio a desenvolver-se a partir do ano de 2005, tendo arrecadado logo de seguida o prémio de melhor capinha na Feira do Cavalo e Toiro. Desde então, pela sua arte e destreza de chamar o toiro, tanto com capa como a corpo limpo, tem vindo a demonstrar que ficará para sempre na nossa memória colectiva como sendo um dos melhores capinhas da Ilha Terceira. Por isso mesmo agora foi convidado a tourear com os melhores recortadores da actualidade, em Concurso Internacional na Monumental de Vila Franca de Xira", na opinião de Fernando J. C. Pereira, na sua página social do FB.
Parabéns, Fábio, com os mais sinceros votos de felicidades
P.S. - Este espectáculo contará com a presença do conhecido e competente repórter de imagem Fernando J.C. Pereira
José H. Pimpão
Fonte: Diário Insular
Fotos: D.R.
quarta-feira, 27 de junho de 2018
Muito tourei(r)o para pouco touro – 2ª da Feira de S. João
Quando a fonte é escassa, a sede
nunca ficará saciada por completo. Assim espelhou a tarde/noite que recebeu o
anunciado “Grandioso Espectáculo” integrado na Feira de São João de 2018. Daniel Luque, Tomás Campos e Roca Rey.
Cartel sonante para as lides de um curro de utreros de Rego Botelho. Sentia-se a espectativa de quem queria assistir ao
vivo aos desempenhos, especialmente de Rey, a nova coqueluche do toureio
mundial. Cerca de três quartos de praça ansiavam e as quadrilhas teimaram em permanecer
no pátio. Ao terceiro aviso lá se vislumbraram os intervenientes em plena arena
da Monumental “Ilha Terceira”.
Daniel Luque regressou a Angra do Heroísmo e abriu praça diante de
um exemplar (nº98, 516Kg) brusco e com meias investida, que metia a cara por
alto. Lide com pouca história onde sobressaiu a vontade e capacidade de entrega
do Matador, que usou de todos os recursos para sacar água de um poço vazio. Com
o segundo do seu lote (nº13, 460Kg), ainda conseguiu algum luzimento toureando
pela direita. No entanto, a cada passagem pela flanela, o novilho foi perdendo
o ímpeto inicial.
Tomás Campos mostrou entrega, procurando explanar um pouco da sua
arte diante de um exemplar (nº12, 496Kg) com investidas incertas e que ora se
desligava, ora procurava o vulto. Ainda assim conseguiu sacar uma boa série de
Derechazos com alguma ligação. Destaque para o primeiro par de bandarilhas
cravado por João Pedro Silva. Diante do quinto da noite (nº15, 454Kg), voltou a
assistir-se a uma lide de insistência, novamente diante de um adversário que
foi perdendo capacidades até rachar. Apesar de toda a entrega, terá prolongado
em demasia a lide. Ficaram na retina algumas Chicuelinas que tiveram que ser
abreviadas.
Era em Roca Rey que caía a maior expectativa, mas como também foi referido
no início, quando a fonte é escassa… E escassos foram igualmente os exemplares
do seu lote. O seu primeiro (nº18, 455Kg), pareceu querer entregar-se, mas ao
fim de algumas viagens, foi-se deixando ficar em curto. Nota de realce para
duas séries, por ambos os lados, com profundidade e temple. Por momentos teve a
capacidade de disfarçar os defeitos do produto da divisa azul e branca. Deu
volta à arena, que terá sido um pouco forçada. Encerrou a corrida diante do utrero
mais volumoso (nº3, 534Kg). Iniciou por Verónicas e cingidas Chicuelinas
rematadas com vistoso Manguerazo de Villalta. A lide prometia, pelo galope
demonstrado a início pelo “Macendado”. Foi de pouca dura. Logo igualou os
irmãos de camada. Algumas séries pela direita e Naturais sem grande expressão a
encerrar a contenda.
Mário Martins foi o director de
corrida, sendo assessorado pelo médico veterinário Vielmino Ventura.
Abrilhantou, a Banda da Sociedade
Filarmónica Recreio de Santa Bárbara. Voltando ao que referi aquando da
crónica da primeira corrida: assim sim! Muito boa interpretação musical,
efectuada num volume adequado à circunstância.
Bruno Bettencourt
Foto: André Pimentel
terça-feira, 26 de junho de 2018
segunda-feira, 25 de junho de 2018
Corrida de emoções – 45 anos de Forcados (1ª Corrida da Feira de São João)
“A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras…”. Esta frase de Aristóteles ouvida no sistema de som da Praça de Toiros “Ilha Terceira”, aliada a “existe um caminho que vai dos olhos ao coração sem passar pelo intelecto…” de Gilbert Chesterton, resumem todo o ambiente que envolveu a Corrida de abertura da Feira de S. João 2018, comemorativa do 45º Aniversário do Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense.
Inauguração do Monumento ao Forcado “Valentes como a rocha”, a anteceder a Corrida que seria também de despedida do Cabo Adalberto Belerique. Cerca de meia centena de forcados em praça. Várias gerações acompanhadas por filhos e netos, num gesto de afirmação da liberdade e da vitalidade e continuidade da festa brava. Três quartos de casa para assistir às incidências das lides de toiros de Ascensão Vaz (AV) e João Gaspar (JG).
Em tarde de despedida, ao fim de 17 anos de comando, Adalberto Belerique efectuou uma boa pega à primeira, com uma ajuda coesa e muito eficaz por parte do grupo, contando com os já retirados Marco Sousa e José Vicente nas ajudas. Seguiu-se a sempre emotiva cerimónia de passagem de comando/testemunho ao novo Cabo João Pedro Ávila, fazendo-se ouvir uma colossal ovação, como forma de homenagem por todo o percurso e obra ao logo destes anos. Foi o novo Cabo a pegar o segundo da tarde, numa grande pega à primeira, como é seu apanágio. O terceiro foi pegado à primeira pelo já retirado Marco Sousa, que fez relembrar todas as tardes de êxito e as grande pegas com que habituou os aficionados. Na formação outros forcados já retirados, como Manuel Martins, Jorge Dinis e o veterano Rui Silva que rabejou. A segunda parte da corrida foi um expositório da capacidade de sólida renovação do grupo e do emergir de novos valores. César Santos fechou-se à segunda numa boa pega de querer e com o toiro a fugir aos ajudas. Rabejou o retirado Marco Fontes. Luís Sousa já é uma certeza e arrancou a maior ovação da tarde com uma pega de levantar praça, a um toiro que havia de ser rabejado pelo antigo Cabo António Baldaya. Francisco Matos fechou com uma grande pega à segunda, aguentando forte após ter sido derrotado por alto ao primeiro intento.
Tiago Pamplona esteve por cima de ambos os oponentes que lhe couberam em sorte. Frente ao primeiro (AV, nº112, 507Kg) lidou bem e foi assertivo, procurando ligação a um toiro que acolhia ao cite, mas que se reservava na reunião, denotando algum défice de força. Destaque para o 4º ferro curto, a dar vantagens. A abrir a segunda parte, enfrentou um exemplar (JG, nº32, 496Kg) com maneabilidade, mas que necessitava um pouco mais de sal. Nobreza a mais também é defeito(!). O Cavaleiro terceirense tirou partido das investidas humilhadas e foi-se recreando numa boa lide que chegou bem às bancadas. Muito correcto na escolha de terrenos.
O toiro (AV, nº103, 412Kg) lidado em primeiro lugar por João Moura Jr., demonstrou uma manifesta falta de força. O Cavaleiro mostrou ao que vinha e ligou-se ao hastado, bregando a gosto e aplicando uma lide na medida certa. O JG (nº34 501Kg) que enfrentou começou cedo a defender-se no momento da cravagem, tapando-se e metendo a cara por alto em violentos derrotes. O Cavaleiro procurou cobrir as dificuldades bregando-o com a garupa a duas pistas. Andou diligente numa lide que não chegou a romper.
Uma primeira referência para o gesto senhorial de Francisco Palha ao apear-se para brindar aos cabos do grupo aniversariante. Seguiu lidando um exemplar (JG, nº36, 422Kg) reservado e com pouca força, que foi indo a mais. O Cavaleiro mostrou vontade, procurando sacar o que de bom tinha o toiro. Com o último da corrida (AV, nº123, 590Kg) andou em patamar superior. Um ferro à porta gaiola, galvanizou a assistência e foi o prólogo de uma lide com bons modos, com bregas cingidas, frente a um toiro com codícia que se entregou durante toda a lide. Boa lide a fazer eco na assistência.
Dirigiu, de forma criteriosa, Rogério Silva, assessorado pelo médico veterinário José Paulo Lima. Abrilhantou a Banda da Sociedade Filarmónica Rainha Santa Isabel das Doze Ribeiras. Uma palavra final para a interpretação musical: de inegável qualidade, no entanto, a banda tem como função complementar o espectáculo e não se sobrepor a todo o resto. Não é um concerto. Foi por demais evidente a dificuldade dos cites “à voz” em praça, mercê do volume sonoro que vinha da “música”.
Bruno Bettencourt
Foto: André Pimentel
Foto: André Pimentel
quinta-feira, 21 de junho de 2018
Forcados em destaque nas Sanjoaninas
A figura dos populares e admirados forcados terá ainda um maior protagonismo na Feira das Sanjoaninas que começa no próximo domingo na açoriana Ilha Terceira, onde serão homenageados com diversos actos carregados de significado e emotividade.
O mais importante será a inauguração no próprio dia 24 de Junho, em frente à Praça de Toiros Ilha Terceira, do chamado “Monumento ao Forcado”, que se decidiu erigir coincidindo com o 45.º aniversário da fundação do Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, que se cumpre este ano.
O referido monumento, um dos poucos dedicados a este tipo de “artista taurino”, é uma escultura do terceirense José João Dutra, quem, sobre uma estrutura de ferro revestida de fibra de vidro e resina de poliéster, recreou o espectacular momento de uma pega de caras de um grupo de forcados.
Com os seus 4 metros de altura e 7 metros de comprimento, o monumento situar-se-á muito perto daquele que, em 2011, também se erigiu na ilha ao toiro bravo, e que, elevando-se aos onze metros de altura, é o maior de todos os que existem no mundo.
A inauguração do grupo escultórico será o prólogo à celebração da primeira corrida da Feira de São João, um festejo de toureio a cavalo com toiros de Ascensão Vaz e João Gaspar no qual, noutro ponto alto assinalado, se despedirá das arenas, após dezassete anos de comando, o actual Cabo do Grupo da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, Adalberto Belerique.
Já no Concurso de Ganaderias anunciado para a Sexta-feira 29, os Forcados da Tertúlia alternarão com os norte-americanos de Merced, uma das muitas comunidades açoreanas existentes no Estado da Califórnia, onde se celebra uma grande quantidade de espectáculos taurinos incruentos.
A 1 de Julho, no encerramento da Feira, terá lugar a actuação dos Forcados do Ramo Grande, o outro grupo existente na Terceira, que se encarregarão de pegar os dois toiros de José Albino Fernandes destinados na corrida mista ao cavaleiro Vitor Ribeiro.
A figura do Forcado, tão respeitada e admirada em terras portuguesas, assumiu este ano uma especial relevância internacional, ao conhecer-se que a grande estrela portuguesa do futebol, Cristiano Ronaldo, contratou os serviços de Nuno da Cruz, Cabo dos Amadores de Chamusca, como guarda-costas pessoal durante o Campeonato do Mundo que se está a celebrar na Rússia.
Fonte: Tertúlia Tauromáquica Terceirense