Quando a fonte é escassa, a sede
nunca ficará saciada por completo. Assim espelhou a tarde/noite que recebeu o
anunciado “Grandioso Espectáculo” integrado na Feira de São João de 2018. Daniel Luque, Tomás Campos e Roca Rey.
Cartel sonante para as lides de um curro de utreros de Rego Botelho. Sentia-se a espectativa de quem queria assistir ao
vivo aos desempenhos, especialmente de Rey, a nova coqueluche do toureio
mundial. Cerca de três quartos de praça ansiavam e as quadrilhas teimaram em permanecer
no pátio. Ao terceiro aviso lá se vislumbraram os intervenientes em plena arena
da Monumental “Ilha Terceira”.
Daniel Luque regressou a Angra do Heroísmo e abriu praça diante de
um exemplar (nº98, 516Kg) brusco e com meias investida, que metia a cara por
alto. Lide com pouca história onde sobressaiu a vontade e capacidade de entrega
do Matador, que usou de todos os recursos para sacar água de um poço vazio. Com
o segundo do seu lote (nº13, 460Kg), ainda conseguiu algum luzimento toureando
pela direita. No entanto, a cada passagem pela flanela, o novilho foi perdendo
o ímpeto inicial.
Tomás Campos mostrou entrega, procurando explanar um pouco da sua
arte diante de um exemplar (nº12, 496Kg) com investidas incertas e que ora se
desligava, ora procurava o vulto. Ainda assim conseguiu sacar uma boa série de
Derechazos com alguma ligação. Destaque para o primeiro par de bandarilhas
cravado por João Pedro Silva. Diante do quinto da noite (nº15, 454Kg), voltou a
assistir-se a uma lide de insistência, novamente diante de um adversário que
foi perdendo capacidades até rachar. Apesar de toda a entrega, terá prolongado
em demasia a lide. Ficaram na retina algumas Chicuelinas que tiveram que ser
abreviadas.
Era em Roca Rey que caía a maior expectativa, mas como também foi referido
no início, quando a fonte é escassa… E escassos foram igualmente os exemplares
do seu lote. O seu primeiro (nº18, 455Kg), pareceu querer entregar-se, mas ao
fim de algumas viagens, foi-se deixando ficar em curto. Nota de realce para
duas séries, por ambos os lados, com profundidade e temple. Por momentos teve a
capacidade de disfarçar os defeitos do produto da divisa azul e branca. Deu
volta à arena, que terá sido um pouco forçada. Encerrou a corrida diante do utrero
mais volumoso (nº3, 534Kg). Iniciou por Verónicas e cingidas Chicuelinas
rematadas com vistoso Manguerazo de Villalta. A lide prometia, pelo galope
demonstrado a início pelo “Macendado”. Foi de pouca dura. Logo igualou os
irmãos de camada. Algumas séries pela direita e Naturais sem grande expressão a
encerrar a contenda.
Mário Martins foi o director de
corrida, sendo assessorado pelo médico veterinário Vielmino Ventura.
Abrilhantou, a Banda da Sociedade
Filarmónica Recreio de Santa Bárbara. Voltando ao que referi aquando da
crónica da primeira corrida: assim sim! Muito boa interpretação musical,
efectuada num volume adequado à circunstância.
Bruno Bettencourt
Foto: André Pimentel
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