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terça-feira, 4 de julho de 2017

Garrido (e) mais completo – 4º da Feira de S. João


Um curro de Rego Botelho encerrou a Feira de S. João 2017. Lide apeada a cargo de Román, José Garrido e Joaquin Galdós.

O primeiro exemplar da tarde (RB, nº93, 522Kg) mostrou-se distraído e brusco, acabando por se entregar no decorrer da lide, mercê do desempenho do Matador. Román esteve variado com o Capote, mostrando recursos e querer dar espectáculo. Com a Muleta lidou sempre no centro da arena, com ofício e a dar tudo para tudo tirar do oponente. Lidou maioritariamente pela direita, de forma cada vez mais templada. O seu segundo (RB, nº83, 431Kg) era nobre, com algum recorrido, vindo a rachar no final. O Matador imprimiu maior profundidade na lide. Esta resultou com bastante duração, ficando na retina a entrega do Toureiro através de bons pormenores com a Muleta.

José Garrido tirou bom partido dos exemplares que lhe couberam em sorte. O primeiro (RB, nº92, 458Kg) era muito voluntarioso, indo ao cite com nobreza e codícia. A lide mostrou a plasticidade e os pormenores artísticos que Garrido emprega. Esteve “mandão” com a Muleta e mostrou o porquê de ser apontado como uma das grandes figuras do toureio. Uma grande lide terminada com circulares invertidos junto às tábuas. O seu segundo (RB, nº73, 502Kg) também se entregava à luta, vindo a rachar no final. O Matador agarrou o oponente e toureou a gosto, recriando-se e mostrando a sua arte. Uma boa lide encerrada com Bernardinas que chegaram às bancadas. Neste toiro, Garrido desafiou os alternantes para o tércio de bandarilhas. O mesmo foi cumprido de forma desigual.

Joaquín Galdós recebeu um exemplar (RB, nº77, 516Kg) bruto e sem recorrido. Ensinou-o a investir para depois mostrar um toureio de quietude e proximidade. Mostrou algumas dificuldades em medir as distâncias, ainda assim mostrou bons pormenores numa lide de altos e baixos. O último do espectáculo (RB, nº91, 507Kg), revelou-se o exemplar com melhores condições de lide. Duração de investida e nobreza que foram aproveitadas por Galdós. Lidou com seriedade e poder. Novamente fez-se mostrar através de um toureio de proximidade e quietude, pisando terrenos de compromisso. Terminou por Luquesinas, adornando assim uma boa lide. Neste último também foram os matadores a cumprir o tércio de bandarilhas, tendo resultado novamente desigual.

Uma vez mais, os bandarilheiros açorianos estiveram num patamar superior. João Pedro Silva e Jorge Silva executaram os melhores pares da tarde. Já é normal assistir-se a um bom desempenho dos locais, o que tem (entre muitos outros) o benefício de fazer com que o público seja cada vez mais exigente com os de fora.

A corrida foi dirigida por Carlos João Ávila que se despediu do cargo após 20 anos de funções. Apenas um reparo para a dúvida em relação ao critério utilizado para atribuição de música durante as lides. Foi assessorado por José Paulo Lima.

Abrilhantou a Banda da Sociedade Filarmónica rainha Santa Isabel da Doze Ribeiras. Abrilhantou e bem! Se na corrida anterior a música tinha estado em excesso, aqui as interpretações foram executadas na medida certa, com o volume certo, a complementar as lides!

Antes do início do espectáculo, foi homenageado o Matador californiano e luso-descendente Dennis Borba pelos seus 30 anos de Alternativa. Durante o intervalo, foi homenageado Carlos João Ávila pelos seus 20 anos de Director de Corridas e por todo o precioso contributo que tem dado à Festa Brava nos Açores.


Bruno Bettencourt
Foto: António Valinho

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