Uma semana após a sua partida, aqui fica uma humilde homenagem a Ricardo Jorge Mendes da Rosa, romântico aficionado, respeitado crítico tauromáquico, profundo conhecedor e apaixonado divulgador da festa brava e sua história, na ilha Terceira e outras paragens. Recordo-me que quando por alguma razão, em pequeno, me cruzava com esta figura, exclamava: "Olha o Senhor dos Toiros!!", expressão que apesar de proferida inconscientemente, não podia ser mais acertada.
Pedro de Merelim, em 1986, escreve sobre Ricardo Jorge: "Como filho de peixe sabe nadar, Ricardo Jorge (Machado Mendes da Rosa), tem a aficion no sangue, herdada por seu pai e avô, citando apenas os antepassados mais próximos. Em seu tempo mostrou as suas natas habilidades nos redondeis como marialva. Enveredando pela critica, de que é lídimo expoente, debutou no Rádio Clube de Angra a 9 de Março de 1965 com a rubrica "Sangue e Arena" até 21 de Outubro de 1966 - tendo a valiosa colaboração da locutora Lucinda Barcelos. - E cooperou em mais dois: "Da Festa Brava" "De Touros e Toureiros" da direcção do aficionado Manuel Machado Cota e do Burladero do autorizado crítico José Paim (Volapié), no primeiro em 73 e no último em 74, durando este dois anos. - Prestou o seu contributo à Vida Ribatejana de Vila Franca de Xira, um lustro; ao Diário da Manhã, por convite expresso do Dr. Dutra de Faria; e ao União local, sendo actualmente correspondente de O Sorraia de Coruche vai para doze anos e redactor da especialidade, há 15 anos, de Diário Insular e da revista Ilha Terceira desde o início. - Director de Corridas pela Direcção Geral de Espectáculos, por sugestão do Dr. Melo Alves, cargo que exerceu por duas épocas na década de setenta."
3 de Maio de 1953, Praça de S. João, Corrida do Sport Club Lusitânia - Cavaleiros: Adalberto Sousa, Virgínio Pedro Ávila, José Albino Fernandes, Ricardo Jorge Mendes da Rosa.
3 de Maio de 1953, Praça de S. João, Corrida do Sport Club Lusitânia - Ricardo Jorge Mendes Rosa, primeiro sentado à esquerda
Finalizo estas linhas dedicadas ao "Senhor dos Toiros", dirigindo-lhe as sua próprias palavras, escritas para o epílogo de Tauromaquia Terceirense: "Quando do tempo em que dirigia corridas de toiros e mandava tocar o cornetim para desfilarem as quadrilhas, tinha sempre a dúvida como iria decorrer o espectáculo: da actuação dos artistas ao comportamento dos toiros, era uma incógnita. Hoje, sentado nesta "cátedra", não vou ouvir soar o cornetim mas, estou certo e tranquilo, que o leitor aficionado no decorrer da leitura de Tauromaquia Terceirense irá gostar e saber valorizar o "engenho e arte" do Autor.
Pela minha parte concedo-lhe volta à arena, para de entre todos e, em pé, bater palmas e atirar-lhe o meu castiço "boné"."
Parte o corpo mas fica o Homem e a sua Obra!
Bruno Bettencourt
1 comentários (Dê a sua opinião):
Caro Bruno:
Bonita e sentida lembrança do nosso querido Ricardo Jorge. Uma pessoa que, à sua maneira, marcou um pouco de todos nós que gostamos ou vivemos intensamente o mundo do toiros nesta paragem de rabos tortos...
Bom blogue.
Um abraço. MSA.
www.portodaspipas.blogs.sapo.pt
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