A edição da Feira de São João de 2009 contou com uma novidade na sua abertura. A novilhada intitulada Corrida da Oportunidade. Nem os preços convidativos ou a curiosidade de apreciar as lides de toureiros jovens, que procuram despontar no difícil mundo tauromáquico, chamaram público, fazendo com que se registasse pouco mais do que meia casa.
Numa tarde em que o sol se mostrou muito tímido, fazendo-se sentir algumas gotas de chuva, assistiu-se a uma corrida com pouca história. Faltou calor em Angra do Heroísmo. De uma forma geral entrou-se num ciclo em que os tendidos não aquecem quem está na arena e vice-versa. Se existiram alguns pontos de realce, muitos foram os momentos de pouco entendimento e pouca entrega durante as lides. Houve novilhos, faltou mais “toureria”.
Numa tarde em que o sol se mostrou muito tímido, fazendo-se sentir algumas gotas de chuva, assistiu-se a uma corrida com pouca história. Faltou calor em Angra do Heroísmo. De uma forma geral entrou-se num ciclo em que os tendidos não aquecem quem está na arena e vice-versa. Se existiram alguns pontos de realce, muitos foram os momentos de pouco entendimento e pouca entrega durante as lides. Houve novilhos, faltou mais “toureria”.
Abriu praça o cavaleiro praticante Rui Lopes. Frente ao nº237, 400Kg, de Herdeiros de Ezequiel Rodrigues (ER) efectuou uma lide pouco convincente, com altos e baixos. O novilho não se fixava e mostrava alguma querença nas tábuas. Volvidos 2 ferros compridos de cravagem pouco eficiente (o segundo muito traseiro e descaído), o cavaleiro iniciou a segunda parte da lide com um bom ferro curto. Apesar das dificuldades em entender o oponente, o cavaleiro procurou andar ligado com o novilho. Com a cravagem do 2º ferro curto, notou-se uma melhoria nas condições do produto da divisa verde e branca. A finalizar a lide, um bom ferro curto ao estribo. Com o segundo do seu lote (nº225, 430Kg, ER), Lopes procurou superar a sua primeira actuação. Perante um novilho que se apresentou voluntarioso na investida, o cavaleiro aplicou uma lide um pouco melhor. Destaque para o 4º ferro curto, cravado ao estribo de alto a baixo. Após esta cravagem, o novilho “rachou”, ainda assim o cavaleiro optou pela cravagem de mais 2 ferros. Em ambas as lides notou-se que o cavaleiro terceirense continua com alguma dificuldade em transmitir aos toiros a boa conexão que tem com as suas montadas. Apesar da dificuldade em colocar os oponentes nos terrenos mais correctos, nota-se uma boa evolução no momento das cravagens. Menor velocidade e maior consentimento no momento da reunião.
A José Manuel Más coube o nº492 (474Kg), de Rego Botelho (RB). O novilheiro espanhol iniciou a lide com Verónicas bem desenhadas, rematadas com meia-Verónica. Ao quite, Manuel Dias Gomes, lanceou igualmente por Verónicas também rematadas por meia-Verónica. A encerrar o tércio de Capote, Más adornou-se com Chicuelinas rematadas com vistosa Revolera. Destaque para os 3 pares de bandarilhas cravados pelos subalternos. Com duas séries de Derechazos iniciou a lide de muleta. Procura explorar o melhor lado do novilho e cita por Naturais, sendo possível vislumbrar profundidade em alguns deles. A partir daí inicia uma série de passes desligados e isolados, com os quais foi iludindo parte da assistência. Fica a sensação que houve pouco entendimento frente a um bom novilho que se entregava bem à lide. Más poderia ter feito mais. O nº86 (460Kg) da ganadaria de Irmãos Toste (IT), saiu pela “porta dos sustos” para ser recebido por Verónicas, traçadas pelo capote de Manuel Más. A mostrar que, afinal, estava presente para disputar, Manuel Dias Gomes lanceou por Tafarellas rematadas com vistosas meia-Verónica e Revolera. Na resposta, o novilheiro madrileno mostrou lances por Lopecinas que de pronto fizeram surgir as palmas das bancadas. Brinda à sua equipa e recebe o oponente com Estatutários a pés juntos. Emprega-se mais nesta segunda lide e saca bonitas tandas de Derechazos. Aproveitando as boas condições do novilho troca de mão para demonstrar Naturais com temple e alguma plasticidade. Novamente preocupa-se demais em demonstrar diversos passes desligados e adornos que, no que respeita a toureio fundamental, pouco enriqueceram a faena. A lide foi prolongada desnecessariamente, levando a que fosse desaparecendo tudo o que de bom este novilho tinha para dar. Mal esteve o novilheiro a forçar segunda volta à arena e pior os espectadores que assistiram, na sua maioria, a tal facto com a maior serenidade.
Manuel Dias Gomes iniciou a lide do primeiro do seu lote (nº103, 410Kg, IT) por Verónicas, as quais foram respondidas com vistosas Tafarellas por parte de Manuel Más. A terminar com o Capote, Gomes tenta sacar de Chicuelinas que resultaram com muito pouco temple e aprumo. Brinda ao céu, ao falecido crítico terceirense Ricardo Jorge e já com a flanela vermelha inicia a lide com 2 sequências de Derechazos. O novilho era muito colaborante, mas tinha alguma “pata” e o diestro não o soube parar para poder templar. As passagens foram quase sempre com velocidade a mais e consequentemente desprovidas de temple. Foi desarmado quando procurava sacar alguns Naturais. Terminou a lide procurando sacar ainda mais alguns passes que resultaram completamente desligados. Uma lide desluzida. Estava ainda reservado para o novilheiro lisboeta, aquele que seria o melhor novilho da corrida, nº496, 480Kg, RB. Nesta segunda lide já foi possível ver-se um novilheiro mais arrimado. Recebeu o produto da divisa azul e branca com Verónicas de bom tom. Na dobra, Manuel Más citou por Delantales rematados com aprumada Revolera. No centro da arena cita de largo e recebe recebe as investidas por Estatutários por ambos os lados e deixa perceber que pretende fazer esquecer a sua primeira lide. Entrega-se e chega à assistência com Derechazos de bom nível. Após mudar de mão, prossegue a lide com Naturais aos quais procura imprimir alguma profundidade. Foi durante uma destas tandas que se viveu um momento de apuro e de algum “suspense”, quando o novilheiro se viu suspenso num dos pitons do novilho. Continuou a lide pelo lado esquerdo terminando a última série de Naturais com desplante. Encerrou uma lide agradável com uma curta série de Manoletinas.
As pegas estiveram a cargo dos Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense. Na cara dos novilhos estiveram dois elementos do grupo juvenil. No primeiro da tarde e à segunda tentativa, Jorge Santos fechou-se à barbela numa boa pega. Com o 4º da tarde, Holdjer Melo não complicou e pegou sem dificuldades à barbela.
A dirigir esteve José Valadão acessorado pelo Dr. Vielmino Ventura.
Voltando ao início desta crónica, poder-se-á afirmar que o nível de exigência a ter com praticantes e novilheiros deverá ser menor do que com os “doutorados” no ofício. Concordo que acima de tudo devem ser apoiados todos aqueles que procuram vingar neste mundo, no entanto, também defendo que a presença de um público conhecedor e exigente (nos momentos certos!!) fará com que estes novos valores se arrimem e possam palmilhar com passos firmes e seguros o trajecto que os espera.
Deitando mão de um dos temas do momento na ilha Terceira, muita falta fez a sorte de varas a alguns (para não dizer a todos!) novilhos lidados.
Nota final para a execução musical da Filarmónica da Associação Cultural do Porto Judeu que apresentou, nesta corrida, 4 pasodobles originais.
Bruno Bettencourt
1 comentários (Dê a sua opinião):
De todos os comentarios que li sobre a novilhada, este foi sem dúvida nenhuma o que retratou com exactidão e imparcialidade o que verdadeiramente se passou na praça, porque alguns fizeram uns comentarios de quem parece que não viu a novilhada.
assim vale a pena, parabens.
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