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quinta-feira, 25 de junho de 2009

Corrida de Prata bordada a ouro

Dia de Bodas de Prata da Monumental Praça de Toiros “Ilha Terceira”. Ambiente de celebração em Angra do Heroísmo. Vinte e cinco anos depois, a arena da cidade Património Mundial recebia a segunda geração daqueles que a pisaram no dia da sua inauguração. Lide equestre a cargo dos irmãos Tiago e João Pamplona (praticante) e de Marcos Tenório Bastinhas. A pé, o matador Ruben Pinar. Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense (GFATTT) e Amadores do Ramo Grande (GFARG). Curro de Irmãos Toste (IT) e Rego Botelho (RB). Em conjunto com os mais de ¾ de casa registados, estavam assim reunidos os intervenientes para a intitulada “Corrida de Prata”. Na direcção, sem problemas, Carlos João Ávila e o veterinário Dr. Vielmino Ventura.

Após as cortesias, foram homenageadas as personalidades que maior relevo tiveram aquando do processo de construção da Praça de Toiros “Ilha Terceira”, que veio substituir a velha Praça de São João. Igualmente agraciados com uma réplica do tauródromo angrense, foram os componentes da corrida de inauguração. O Director de Corrida, sr. Raul Pamplona, Cavaleiros Joaquim Bastinhas e João Carlos Pamplona (que tomou Alternativa naquele dia 24 de Junho de 1984), João Hermínio (à data cabo do GFATTT) e a ganadaria de Rego Botelho. Também alvo de homenagem, a Tertúlia Tauromáquica Terceirense pela defesa da festa e o Dr. Duarte Soares, médico da praça “Ilha Terceira”.

Tiago Pamplona dá ordem aos bandarilheiros para que recolham à trincheira e tenta receber o nº97 de IT (510Kg) com um ferro comprido, à porta gaiola, cuja cravagem não resultou. Corrige-se e deixe 3 ferros compridos no alto do morrilho do oponente, fazendo antever a lide que se seguiria. Aproveitando as boas condições de lide demonstradas pelo toiro, inicia a segunda parte da lide com um bom ferro curto. O cavaleiro andou muito bem na brega, praticamente prescindiu dos serviços dos subalternos. As bancadas entregaram-se a um Tiago muito mais comunicativo e que foi desenvolvendo uma lide sempre em crescendo. Após mais 2 curtos, rubrica esta sua primeira e boa actuação com um ferro de palmo de muito bom nível. Com o segundo do seu lote, mostrou novamente que queria levar o triunfo para a Quinta do Malhinha. O nº88 de IT (460Kg), apesar de não complicar diante do cavalo, cedo se revelou reservado no momento de reunir. O cavaleiro, após prová-lo com 3 ferros de castigo, crava um curto ao estribo ao qual se seguiu um primeiro violino que deu os acordes para que se começasse a ouvir o pasodoble. Crava mais 2 ferros curtos, o último igualmente por sorte de violino, que já é uma imagem de marca. Sempre a procurar chegar à assistência, encerra a lide, arrimando-se com um bonito palmito.

Para Marcos Tenório Bastinhas saiu de forma efusiva o nº87 de IT (495Kg). O cavaleiro recebeu-o com dois bons ferros compridos à tira. Após troca de montada procura alegrar o público com vistosa brega. O toiro que sempre se mostrou colaborante e “cheio de gás” investia de pronto às solicitações da montada. Apesar da ligação com o toiro, o excesso de velocidade impressa durante o momento da reunião, praticamente ao longo de toda a lide, fez com que a série de curtos se iniciasse com uma cravagem descaída. Crava depois um bom ferro que veio colmatar a falha ocorrida, aquando da tentativa de deixar uma segunda bandarilha. Troca de montada deixando um bom ferro curto, seguindo-se uma bandarilha de palmo com bom nível. Também no segundo do seu lote, o cavaleiro de Elvas não conseguiu romper. O nº 96 de IT (480Kg) adiantava-se por vezes à montada e apesar da investida pronta, defendia-se no momento da reunião. Bastinhas crava um bom ferro comprido e ao segundo pisa terrenos de compromisso e leva um sonoro toque na montada. Nos curtos foi intercalando bons ferros com ferros a corrigir passagens em falso. Novamente, e apesar de estar um pouco melhor do que na sua primeira lide, a velocidade foi uma constante. Encerrou a sua discreta presença em praça com um bonito ferro de palmo.

Bons toiros aliados a um matador com entrega resultam em momentos de arte, como foram exemplo as duas faenas de Ruben Pinar. Com o Capote recebeu o nº477, de ferro RB (490Kg), por Parons bem delineados e rematados com revolera. Seguiu-se arrimada tanda de Chicuelinas e nova Revolera. Nas bandarilhas, 3 bons pares cravados pelos subalternos, destacando-se o terceirense Jorge Silva. Pinar arma a Muleta e inicia citando por Derechazos, o bom oponente que tinha a seu lado. Duas séries, pela direita, plenas de temple foram seguidas por uma profunda série de Naturais. O toiro da divisa azul e branca revelava-se melhor pelo piton direito. O matador cita e desenha uma bonita série de Molinetes, Derechazos e remata com vistoso circular. Sempre poderoso, desenha novas séries de Derechazos e circulares. Termina citando por Manoletinas. Se houve entrega do matador também a existiu por parte do toiro, nunca virou a cara à luta. Com o 6º da ordem, nº497 (RB, 465Kg) repetiu o que de bom tinha feito na sua primeira lide. Deixa o toiro para os bandarilheiros, após bonitas Navarras rematadas com Revolera. Brinda a Rui Bento Vasques e por Estatuários faz passar o toiro por baixo da flanela rubra. Apesar de não se empregar tanto como o seu irmão de camada, também este RB proporcionou uma boa lide. Derechazos no centro da arena deram o mote a toda a série de passes que se seguiram. Por ambos os lados, o matador de Albacete mostrou o seu toureio profundo e o porquê de ser uma promessa da arte de Montes. Destaque para uma das séries de Derechazos rematada com circular e passe de peito. Encerra por Manoletinas após se ter recriado, ajoelhado, por Molinetes.

João Pamplona encerrou a corrida frente a um novilho de IT (nº98, 350Kg). O benjamim dos Pamplona deixou um primeiro ferro algo descaído, corrigindo-se e cravando um bom comprido, ainda assim, não se livrando de toque na montada. Frente a um novilho que transmitia bravura mas escasso de tamanho, desenvolveu uma lide agradável, fazendo por momentos esquecer o quão longa já ia a corrida (cerca de 3 horas e meia). Após passagem em falso crava um primeiro ferro curto ao qual se seguiram mais 2 ferros de boa nota. Andou com o bravo oponente, alegrando-lhe a investida, e encerrou com um ferro de muito boa nota.

Marco Sousa pelo GFATTT fechou-se à 4ª tentativa na cara do 1º da tarde, fruto da falta de ajuda ao primeiro intento e posteriores dificuldades criadas pelo toiro. A pega da tarde estaria reservada para Nuno Pires do GFARG que à primeira recebe e aguenta a velocidade do toiro fechando-se à barbela com querer e poder. Momento de apuro para o rabejador e no final, chamada do forcado da cara ao centro da arena. Após sofrer derrotes violentos nas suas duas tentativas, Álvaro Dentinho (GRATTT) é dobrado pelo colega José Vicente que se fecha numa grande pega. Manuel Pires (GFARG), também por falta de ajudas eficientes, fecha-se à terceira tentativa numa vistosa pega. Com a fila composta por forcados de ambos os grupos, Tomás Ortins (GFATTT) fecha com chave de oiro, realizando um valente abraço ao último da corrida.

Nota final para a classe e novidade que estiveram sempre presentes na interpretação musical da Orquestra AngraJazz.

Bruno Bettencourt

1 comentários (Dê a sua opinião):

Hoje sim, um espectáculo de outro mundo na arena da monumental de Angra!

Juli, és grande!

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