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domingo, 28 de junho de 2009

Imponente mano-a-mano, chuvoso mas de bom grado

Apesar da chuva que teimou em cair durante as quase 3 horas de espectáculo, assistiu-se a uma boa corrida. A cavalo apresentou-se Vitor Ribeiro e na lide apeada Pedrito de Portugal (que substituiu El Fundi). Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande (GFARG), para as pegas. Curro composto por 4 toiros da Casa Agrícola José Albino Fernandes (JAF) e 2 toiros de Ganadaria de Falé Filipe (FF). Apesar da presença da ganadaria que mais público leva à Praça de Toiros “Ilha Terceira”, registaram-se uns tímidos ¾ de casa. Na direcção da corrida esteve Carlos João Ávila assessorado pelo Dr. Vielmino Ventura. A abrilhantar a corrida, a Sociedade Musical Recreio da Terra-Chã.

Boa presença de Vitor Ribeiro. Desenvolveu 3 lides muito acertadas e de grande nível. Mesmo com um piso que se foi degradando ao longo das lides, não “levantou o pé” e mostrou que estava ali para um toureio sério e com ganas de triunfo. O nº222 JAF (470Kg) desde cedo mostrou codícia. O cavaleiro andou com o toiro enfeitando-o com 2 bons ferros compridos. Já nos curtos desenvolve uma brega acertada, estando sempre correcto na preparação e colocação do toiro para as sortes. Executa 4 cravagens de grande nível. Destaque para o terceiro ferro. Abre o quarteio na medida certa e crava de alto a baixo, rematando de forma vistosa e acertada. Boa lide.
O nº223 JAF (480Kg), segundo do lote de Ribeiro, deu bom jogo apesar de se reservar em alguns momentos. O cavaleiro anda em cima dele e desenvolve mais uma função laboriosa e com muito valor. Após dois ferros compridos à tira, crava 5 curtos com grande precisão. O ginete consegue chegar às bancadas e os aplausos faziam por momentos esquecer a chuva que caía.
Com o nº230 JAF (460Kg), nova dose de bom e sério toureio a cavalo. O toiro mostrava-se tardo na investida e por vezes alguma distracção. Uma vez mais, o cavaleiro não facilita e dando vantagens ao oponente, desenha mais uma boa lide. Bregas e colocações correctas resultaram em 2 bons ferros compridos aos quais se seguiram 3 cravagens curtas de grande nível, arrematadas com um grande ferro ao estribo. Mostrou que também as lides mais clássicas são capazes de transmitir e de chegar às bancadas.

Nas pegas o GFARG abriu com Miguel Pires a fechar-se à barbela sem dificuldades. Alex Rocha mostrou querer e poder e fechou-se de forma rija na cara do 3º da tarde. A fechar, e após primeira tentativa de Rodrigo Silva que se fecha de má forma e sai maltratado, César Pires consuma uma grande pega.

Pedrito de Portugal apresentou-se com vontade de não deixar fugir a oportunidade de estar presente na ilha Terceira. Desde cedo foi notório o carinho que lhe é tributado pelos aficionados terceirenses, fruto das suas faenas anteriormente ocorridas na arena de Angra do Heroísmo.
Desenhou uma lide profunda e artística com o primeiro do seu lote, nº23 de FF (475Kg). O toiro tinha muito boas condições e o matador soube aproveitá-las da melhor forma. Recebe com uma série de Paróns e Chicuelinas rematadas por sonora Revolera. Arranca alguns “Olé!” com uma bonitas Chicuelinas encadeadas com Tafarellas, rematando de forma vistosa. Correcta cravagem de bandarilhas à qual se seguiu uma faena de muleta com muita entrega. Recebe por Estatuários cambiados e prossegue com séries de Derechazos bem templados e ao gosto da assistência. Já com a mão esquerda, procurou imprimir nova profundidade à lide e saca Naturais de boa nota. Aplica-se e após uma série de passes de peito. Encerra esta boa prestação com bonitos Circulares.
Da lide ao segundo do seu lote nº240 de JAF (470Kg), pouca história ficou. Um toiro que cedo se revelou muito áspero e de pouca entrega, investindo com a cara um pouco alta. Com o Capote, o matador limitou-se a prová-lo com algumas Largas. Uma vez mais boa nota para os subalternos na cravagem das bandarilhas. Com a Muleta era exigida paciência e assim foi. Trabalhador e sob os conselhos de Rui Bento Vasques, que se faziam ouvir na trincheira, foi palmilhando terreno com muletazos pela direita. A pouco e pouco foi chegando ao oponente mas pouco mais havia a fazer.
O último do seu lote nº21 (495Kg, FF), apesar de distraído, cumpriu minimamente o que lhe ia sendo solicitado pelo diestro. As Verónicas do capote de Pedrito deram lugar às pouco arrimadas Verónicas de Salvador Ruano que saiu ao quite. Com a muleta cita de largo por Estatuários. O terreno encontrava-se bastante empapado e pesado, fruto da chuva. O toureiro lisboeta não facilita e desenvolve uma lide agradável baseada em ambos os pitóns. Bonitas tandas de Derechazos no decorrer da lide. Quando lanceava por Naturais é desarmado. Descalça as “zapatillas” e prossegue com novas passagens pelo lado esquerdo. Uma lide com agrado que pecou por se ter prolongada em demasia, quando era mais do que evidente que já se tinha acabado o toiro.

Bruno Bettencourt

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