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domingo, 5 de setembro de 2010

Fátima Albino em livro

Publicado a 05 de Setembro de 2010
“Depois da família, a minha grande paixão é a tauromaquia” – retemos, desde logo, a expressão que melhor caracteriza o modo de ser e estar de Fátima Albino, actual proprietária da Casa Agrícola José Albino Fernandes, que, no próximo dia 21 de Setembro, vê-se retratada na publicação “Fátima Albino: Uma Ganadeira da Ilha Terceira” da autoria de Isabel Maria Coelho da Silva.
A obra, que será dada a conhecer em plenas festas de São Carlos, lugar de residência da família, na Quinta do Leão, dá conta não só o percurso de vida da ganadeira, intrinsecamente associado à sua família, como da festa brava terceirense.
A obra resulta de um trabalho de conclusão da licenciatura do curso de Guias da Natureza que a autora decide efectuar sobre Fátima Albino e cuja recolha de dados e dedicação à obra acabou por resultar numa obra editada pela Blu-Edições.

“Realmente, existem poucas mulheres dedicadas à tauromaquia”, reconhece a própria Fátima Albino.

“Como era filha única, tive, primeiro por necessidade, depois por paixão, de assumir a Casa Agrícola com o auxílio do meu primo José Eduardo”.

Dividiu, de forma intercalada por vezes, noutras coincidente, a sua actividade profissional entre o ensino – sendo actualmente professora do ensino básico – a actividade de bancária e a ganadaria.
Este livro, contou à “a União” Fátima Albino, resultou do surgimento “uma afinidade muito grande” com a autora.

“Lá vai a Senhora Fátima Albino!”

A autora Isabel Silva refere-nos, logo à partida que, “não tinha propriamente uma grande afinidade” pela vida tauromáquica, apesar da festa brava não lhe ser desconhecida, uma vez ser irmã do bandarilheiro terceirense Rui Silva.
O desafio, explicou, partiu de um docente seu, no âmbito da disciplina de Antropologia e Etnografia: “o professor Sousa Martins achou que eu daria um enquadramento diferente” à temática.
No final do trabalho, reconheceu: “agora compreendo melhor os aficionados, os ganadeiros, não só pela minhas ligações de família, mas também pelo percurso de vida e modo de estar da Fátima Albino”.

“Ela foi uma pioneira. Digo que este livro acabou por ser uma aventura minha no mundo da tauromaquia, de uma fraca aficionada junto de uma grande aficionada”.

“Actualmente, Maria de Fátima Soares Fernandes Rocha Ferreira, denominada pela aficion açoriana por Fátima Albino, é uma referência incontornável na vida taurina dos Açores, sendo reconhecida como ganadeira «dentro e fora da ilha». D. Fátima Fernandes Ferreira tem sabido usar o seu inato poder de comunicação junto dos aficionados da sua ganadaria, sendo acarinhada e incentivada por estes. «Lá vai a Senhora Fátima Albino!», exclama o povo ao vê-la passar de sorriso franco e sempre disponível para conversar com quem se abeira de si”, pode ler-se na contra-capa do livro

“Mesmo que se considere isento de paixão taurina, o leitor não permanecerá, certamente, indiferente à dedicação de Fátima Albino pelas tradições da sua terra, nem ao fervor dos aficionados terceirenses pela tourada. Nesta caminhada pelas sendas taurinas, o leitor render-se-á, livre e mansamente, à devoção aos toiros e à Festa Brava que se vive na ilha Terceira”.

Novo livro sobre JAF


O novo livro “JAF- Ganadaria da ilha Terceira”, que será lançado em Abril de 2011, igualmente editado pela Blu-Edições, resulta de um trabalho de pesquisa sobre a Casa Agrícola José Albino Fernandes, uma das ganadarias mais antigas dos Açores. Com a publicação deste livro, refere a autora, “pretende-se lançar um testemunho escrito que confirma o legado de três gerações de ganadeiros terceirenses. Os registos escritos, fotográficos e documentais proporcionam aos aficionados da Festa Brava um encontro com as origens de uma ganadaria da ilha Terceira, bem como o reconhecimento do seu actual papel de relevo em prol da tradição taurina dos Açores”.

“Eh pá, olh’esse toiro!”


A par do percurso de vida da ganadeira terceirense, a obra “Fátima Albino: Uma Ganadeira da Ilha Terceira” reúne e apresenta dados históricos e documentais sobre as origens da tradição tauromáquica nos Açores, mais concretamente na ilha Terceira, além da sua caracterização na actualidade.
A autora, Isabel Silva, socorreu-se não só de escritos e documentos antigos, bem como de entrevistas com investigadores e aficionados terceirenses.

“Falar da Festa Brava na ilha Terceira, nos Açores, é definir o pulsar de um povo na sua mais genuína manifestação. A cultura do toiro é intrínseca à cultura terceirense e indissociável da alma do povo”.

“O grito «Eh pá, olh’esse toiro!», refere a escritora, traz o visitante “para o centro da festa, tornando-o participante de uma tradição tão antiga quanto a memória colectiva do povo da Terceira”.

Ao jornal “a União”, a autora refere “desmistificar” algumas teorias, como a que atribui à presença castelhana na ilha o gosto pelas touradas: “as touradas de praça vieram por influência da nobreza. As pessoas brincavam tradicionalmente com o touro no terreiro”.
Rejeita ser uma conhecedora integral da área, apenas faz conclusões das provas e testemunhos que reuniu.

Touros heróis

“Tal é a importância do gado bravo no imaginário popular terceirense que se atribui aos toiros a vitória na Batalha da Salga, em 25 de Julho de 1581. (…) os toiros são os verdadeiros heróis desta importante batalha, símbolo da tenacidade e bravura dos terceirenses”.

Apesar de haver outras ilhas açorianas que têm vindo a implementar a tradição taurina, “a Terceira é, sem dúvida, a ilha que melhor preserva e acarinha a Festa Brava”, refere.
Mas Isabel Silva resume: “um dos objectivos desta exposição escrita centra-se na apresentação da vida de uma mulher terceirense que tem conseguido afirmar-se no mundo dos toiros dominado, essencialmente, por homens e marcar, vincadamente, a história da tauromaquia na ilha Terceira”.

Autora

Isabel Maria Coelho da Silva, nascida a 19 de Novembro de 1969, é natural de Angra do Heroísmo. Em 1988, ingressa na faculdade de letras da Universidade clássica de Lisboa, concluindo a licenciatura em Literaturas Modernas, Estudos Franceses e Ingleses. Em 1994 regressa à sua terra natal e entre 2006 e 2009 licenciou-se em Guias da Natureza, no pólo de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.
Isabel silva relevou o seu gosto pela escrita desde jovem, tendo escrito várias crónicas para jornais locais e alguns contos infantis. Foi coordenadora do clube de jornalismo da Escola Básica Integrada dos Biscoitos, onde lecciona desde 2005.

Mulher de “garra” fez história

Maria de Fátima Soares Fernandes Rocha Ferreira (Fátima Albino) nasceu a 18 de Agosto de 1953 em Angra do Heroísmo. Filha única do ganadeiro e empresário José Albino Fernandes e de D. Maria Alvarina Soares Fernandes, cresceu na Quinta do Leão, número 30, em São Carlos, Angra do Heroísmo.
Segundo consta na publicação “Fátima Albino: Uma Ganadeira da Ilha Terceira”, a terceirense “começou a ajudar a gerir a ganadaria do pai aos 18 anos. Desde essa idade começou a conduzir, tendo sido a primeira mulher a conduzir um Land Rover pelas estradas da ilha, o que causava estranheza na época. A sua personalidade forte e carácter independente incomodavam uma sociedade habituada a considerar as mulheres submissas e dependentes da família, impedidas de realizar tarefas, tradicionalmente atribuídas aos homens. Porém, Maria da Fátima, por força das circunstâncias da vida, aprendera a ser lutadora e destemida, enfrentando muitos problemas familiares e financeiros que só conseguiu superar devido à sua «garra» (como a própria define) e à sua determinação”.

“Aprendeu a «lidar com os toiros» com a ajuda dos empregados da ganadaria do pai, indo com estes ao «mato» onde aprender também a gostar de toiros. Assumiu o controlo da ganadaria e da exploração agro-pecuária da família (na época com mais de 100 cabeças de gado leiteiro), ficando a seu cargo o transporte dos tratadores, a gestão de recursos e os pagamentos”.

Segundo a autora, Isabel Silva, Fátima Albino “fez história na tauromaquia por ter sido a primeira mulher a «ir ao mato lidar com os toiros», a fazer contratos com as comissões de festas e festivais taurinos e a envolver-se directamente na Festa Brava”.

Das touradas à gestão da ganadaria

O livro está estruturado em cinco capítulos. Depois de uma descrição acerca das touradas e ganadeiros da ilha Terceira, com referência aos primórdios da tauromaquia terceirense e às tradições contemporâneas, a publicação centra-se no percurso da vida de Fátima Albino. Nele, é traçado o percurso pessoal e profissional de Fátima Albino, bem como a influência da família.
O terceiro capítulo é dedicado à Ganadaria da Casa Agrícola José Albino Fernandes e aos seus Herdeiros.
A obra explora ainda como é feita a gestão de uma ganadaria, desde os seus recursos, aos tratadores e colaboradores, bem como ao calendário taurino, contratos, actividade pública, etc, fazendo-se referência à Associação Regional de Criadores da Tourada à Corda. O livro termina com perspectivas futuras.

Fonte: A União (Humberta Augusto)

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