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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Encerramento do III Fórum Mundial da Cultura Taurina

A meio da manhã de domingo, dois filósofos, um cirurgião e um jornalista reuniram-se numa última mesa redonda, comentando o discurso de José Tomás, quando recebeu o prémio Paquiro no palácio da Bolsa, em Madrid e que veio a resultar na publicação de um livro intitulado Diálogo com Navegante, toiro que colheu o matador em Aguascalientes, no México em 2010.
 
Rogélio Perez Cano, cirurgião particular de José Tomás e director da fundação com o nome do toureiro, assistiu à cornada daquela tarde e pôde testemunhar que tudo o que Tomás referiu naquele discurso é de uma integral verdade e corresponde a uma visão mais transcendental de um toureio com o toiro que quase lhe tirou a vida. “Os valores do valor”, tema desta mesa redonda, assentam assim como uma luva ao navegante e ao seu lidador.
Araceli Alonso, pensadora francesa na Universidade da Sorbonne, que também participa nesta publicação, chamou a atenção para a referência de solidariedade que o toureiro fez ao destinar o valor do prémio a duas instituições que acudem a carenciados de comida. Ainda e mais uma vez o valor dos toureiros transformado em ajuda humanitária.
 
Francis Wolff, inglês de nascimento, também filósofo, mas a viver e trabalhar em Paris, quis centrar a sua intervenção no facto do Tomás considerar que no decorrer do seu diálogo com o toiro que o feriu ter transformado o seu desagrado inicial em compreensão pelo que lhe aconteceu. “Tomás ultrapassou a simples descrição dos factos para um patamar de os tentar entender, como seja o de justificar o acto da colhida como o saldo de uma factura pendente que todos os toureiros e toiros têm entre si”.
 
Paco Aguado, jornalista taurino e profundo conhecedor do tema, moderou com maestria esta mesa redenda, ele que no livro que mencionamos também aduziu um texto entitulado “Verdades sobre a arena”. O interessante deste livro resulta das reflexões que os vários colaboradores fazem das partes do discurso do matador madrileno, naquela tarde que deveria ser apenas tarde de prémios e nada mais e se converteu por fim em tema de conversa que chega agora a um forúm mundial.
 
O último acto deste encontro, que assim diz adeus a esta ilha - que segundo as palavras de Miguel Sousa Tavares - “é um pedaço de lua caida na imensidão deste mar” foi a leitura das conclusões deste III Fórum, onde se cruzaram sensibilidades opiniões e onde se procurou dar um passo à frente em prol da consolidação e das raizes dos povos dos paises onde existe o gosto comum pela tauromaquia.
 
Conclusões do III Fórum Mundial da Cultura Taurina
Desde a Ilha Terceira, capital taurina do Atlântico, os congressistas, participantes e organizadores do III Fórum Mundial da Cultura Taurina, uma vez concluídas as três jornadas de debate sobre a transcendência da tauromaquia na sociedade do século XXI, chegamos às seguintes conclusões:
 
Que a festa dos toiros se sustém sobre a base de valores essenciais que, embora possam ter perdido vigência na chamada era da globalização, seguem oferecendo vivos exemplos de ética e autenticidade.
 
Contra o doutrinamento do politicamente correto, a tauromaquia mantém-se como um experiência de beleza, paixão e inteligência que deveria ganhar espaço como modelo de comportamento para uma sociedade que vai perdendo as suas referências essenciais.
Os valores humanos, ecológicos, culturais, sociais, económicos, educativos e éticos que afloram de maneira evidente nos distintos ritos taurinos representam por si mesmos uma lição de vida, uma perfeita guia alternativa à deriva desumanizadora dos difíceis tempos actuais.
 
É por tanto, obrigação das gentes do toiro, tanto profissionais como aficionados, difundir com orgulho todos os valores deste legado cultural de séculos com uma atitude positiva e sem complexos, reivindicando-os entre os indiferentes e frente aos seus opositores como argumentos incontestáveis que desmontam as manipuladas campanhas que buscam a desaparição da festa.
 
É assim que, numa frase de um dos palestrantes desta edição, como indígenas da Terceira e de todos os países taurinos, muitos milhões de pessoas em todo o mundo necessitamos do toiro, esse animal admirável, para seguir sentindo-nos vivos.
 
Com esse mesmo afã, com o que se passou a designar como o espírito dos Açores, os organizadores deste Fórum Mundial da Cultura Taurina voltam a incitá-los para dentro de dois anos, em Angra do Heroísmo, centro geográfico do universo taurino, continuar a alimentar esta nossa irmanada paixão com mais trabalho e novas reflexões.

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