Embora as de que dispomos, na maioria inéditas, se confinem ao âmbito terceirense, como o próprio título indica, não resistimos a uma breve história sobre aspectos vários da Festa Brava.
Socorrer-nos-emos, para tanto, da História da Tauromaquia, de Jaime Duarte Almeida, e de célebres aficionados das artes em apreço e que são nomes fulgentes da constelação literária peninsular.
Assevera Leopoldo Nunes que a valorização ou a formação de aficionados não se faz somente com a citação das regras do toureiro, de escolas, de épocas, de estilos, de técnicas clássicas ou renovadoras. Na tauromaquia há uma exigência de cultura, de espírito de moral e de arte, sem a força da qual a luta entre o homem e o outro apenas será uma disputa de primazias físicas e não afirmativa artística. Expressão cultural que se torna difícil obter no panorama tauromáquico, onde há mais instinto do que sensibilidade, mais emoções do que arte. “Não se pode amar uma expressão sem previamente a sentir” e ”só se pode amar e defender o que se compreende”.
A sensibilidade é um dom comum a todos os seres racionais, qualquer que seja a sua classe social ou o nível de instituição e de cultura; muita gente, todavia, sente e não entende; emocionam-se mas não sabe avaliar nem julgar. Isto sucede, de resto, com tidas as manifestações artísticas.
A lide tauromáquica obedece, como todas as outras artes, a um conjunto de regras clássicas, sujeitas a movimentos de renovação e até de aperfeiçoamento. A par da receptividade que a sensibilidade proporcione, impõe-se que o aficionado se sirva do intelecto e da cultura para compreender e julgar da imutabilidade do que é clássico e do valor das iniciativas renovadoras. Tem de possuir uma cultora, pois só deste modo se diferenciará dos que, movendo-se apenas por instinto, buscam emoções – só emoções! – ou para denunciar preferência por uma artista. Vero aficionado é, portanto, o que sente como os demais espectadores e sobre eles leva a vantagem de compreender, julgar e decidir.
O brilhante redactor de O Século, demonstrando que são bastantes e notáveis os valores artísticos estéticos e emocionais no domínio tauromáquico, observa: “Nenhum outro espectáculo público os tem em tão elevado número, variedade e riqueza, talvez porque a corrida de touros, assentado na luta dura e violenta do homem com a fera, torna mais difíceis as criações de beleza e de arte. Esses valores artísticos, estéticos e emocionais surgem a todo o momento na arena, porque a Arte é um conjunto de preceitos para bem dizer ou fazer qualquer coisa e a estética nessa teoria, segundo a qual o sentimento do belo é sensação e não ideia. É pela estética, portanto, e não pela arte, salvo um ou outro caso, que as pessoas se manifestam: pela sensibilidade e não pela inteligência ou cultura, pelo conhecimento das técnicas e não dos estilos”.
O verdadeiro aficionado não é somente o que se emociona com o perigo e o dramatismo das situações, mas o que após o surto emocional, ou dentro dele sente o valor e a expressão do labor artístico.
È para o toureiro e não para os toureiros que a inteligência, a sensibilidade, o poder de observação, a capacidade de avaliação e o entusiasmo dos aficionados devem voltar-se. Na formação de aficionados devemos dispensar os criadores ídolos. É breve a passagem do Homem pala Terra; é curta, por isso, a projecção artística do toureiro. Eterno será o toureiro, como manifestação de arte. Só a arte subsiste e adquire, com o tempo, mais forte e dominadora expressão.
No toureiro estão representadas todas as expressões artísticas e “a corrida de touros é fundamentalmente um espectáculo gerador de emoções”.
Dizia Edgar Quinet que a corrida de touros era, para os peninsulares, não somente um espectáculo, mas sim uma instituição nacional. Oliveira Martins, por seu turno, afirmava: “As touradas não morrem e se morressem é que se tinha mais uma fibra da alma popular”.
Quantos estrangeiros – Hemingway, por exemplo – se apaixonaram por este espectáculo fascinante, rico de cor e de excitação, onde a música empresta tons festivos a um ambiente de tragédia, considerado por Ramalho Ortigão como festa ímpar no mundo.
Socorrer-nos-emos, para tanto, da História da Tauromaquia, de Jaime Duarte Almeida, e de célebres aficionados das artes em apreço e que são nomes fulgentes da constelação literária peninsular.
Assevera Leopoldo Nunes que a valorização ou a formação de aficionados não se faz somente com a citação das regras do toureiro, de escolas, de épocas, de estilos, de técnicas clássicas ou renovadoras. Na tauromaquia há uma exigência de cultura, de espírito de moral e de arte, sem a força da qual a luta entre o homem e o outro apenas será uma disputa de primazias físicas e não afirmativa artística. Expressão cultural que se torna difícil obter no panorama tauromáquico, onde há mais instinto do que sensibilidade, mais emoções do que arte. “Não se pode amar uma expressão sem previamente a sentir” e ”só se pode amar e defender o que se compreende”.
A sensibilidade é um dom comum a todos os seres racionais, qualquer que seja a sua classe social ou o nível de instituição e de cultura; muita gente, todavia, sente e não entende; emocionam-se mas não sabe avaliar nem julgar. Isto sucede, de resto, com tidas as manifestações artísticas.
A lide tauromáquica obedece, como todas as outras artes, a um conjunto de regras clássicas, sujeitas a movimentos de renovação e até de aperfeiçoamento. A par da receptividade que a sensibilidade proporcione, impõe-se que o aficionado se sirva do intelecto e da cultura para compreender e julgar da imutabilidade do que é clássico e do valor das iniciativas renovadoras. Tem de possuir uma cultora, pois só deste modo se diferenciará dos que, movendo-se apenas por instinto, buscam emoções – só emoções! – ou para denunciar preferência por uma artista. Vero aficionado é, portanto, o que sente como os demais espectadores e sobre eles leva a vantagem de compreender, julgar e decidir.
O brilhante redactor de O Século, demonstrando que são bastantes e notáveis os valores artísticos estéticos e emocionais no domínio tauromáquico, observa: “Nenhum outro espectáculo público os tem em tão elevado número, variedade e riqueza, talvez porque a corrida de touros, assentado na luta dura e violenta do homem com a fera, torna mais difíceis as criações de beleza e de arte. Esses valores artísticos, estéticos e emocionais surgem a todo o momento na arena, porque a Arte é um conjunto de preceitos para bem dizer ou fazer qualquer coisa e a estética nessa teoria, segundo a qual o sentimento do belo é sensação e não ideia. É pela estética, portanto, e não pela arte, salvo um ou outro caso, que as pessoas se manifestam: pela sensibilidade e não pela inteligência ou cultura, pelo conhecimento das técnicas e não dos estilos”.
O verdadeiro aficionado não é somente o que se emociona com o perigo e o dramatismo das situações, mas o que após o surto emocional, ou dentro dele sente o valor e a expressão do labor artístico.
È para o toureiro e não para os toureiros que a inteligência, a sensibilidade, o poder de observação, a capacidade de avaliação e o entusiasmo dos aficionados devem voltar-se. Na formação de aficionados devemos dispensar os criadores ídolos. É breve a passagem do Homem pala Terra; é curta, por isso, a projecção artística do toureiro. Eterno será o toureiro, como manifestação de arte. Só a arte subsiste e adquire, com o tempo, mais forte e dominadora expressão.
No toureiro estão representadas todas as expressões artísticas e “a corrida de touros é fundamentalmente um espectáculo gerador de emoções”.
Dizia Edgar Quinet que a corrida de touros era, para os peninsulares, não somente um espectáculo, mas sim uma instituição nacional. Oliveira Martins, por seu turno, afirmava: “As touradas não morrem e se morressem é que se tinha mais uma fibra da alma popular”.
Quantos estrangeiros – Hemingway, por exemplo – se apaixonaram por este espectáculo fascinante, rico de cor e de excitação, onde a música empresta tons festivos a um ambiente de tragédia, considerado por Ramalho Ortigão como festa ímpar no mundo.
Pedro de Merelim
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