Sra. Dra. Maria Portas apreciando um exemplar destes burros (foto gentilmente cedida pelo Sr. Dr. António Dias da Silva)
Gaspar Frutuoso (séc. XVI), autor de "Saudades da Terra” e primeiro historiador açoriano, relata que os burros que se introduziram nos Açores se multiplicaram assombrosamente e, por viverem em grande liberdade, se teriam tornado selvagens e difíceis de apanhar. "Asnos bravos" chamou-lhes Frutuoso, continuando o cronista insulano: "com as unhas muito crescidas, tão ferozes que se enviavam à gente como bravos touros e mais dificultosos eram de tomar que eles". Segundo o seu testemunho, os burros eram mais difíceis de apanhar do que qualquer outro dos animais introduzidos no arquipélago, pois se com os mordiam, magoavam mais com os coices. Em 1950, no jornal "Diário dos Açores”, o Sr. Dr. Carreiro da Costa publica um artigo onde acrescenta, ainda cerca do temperamento daqueles burros, que "com o decorrer dos anos, à medida que a posse da terra se foi verificando, os burros também foram amansando ao ponto de, em dada altura, passarem a constituir um óptimo auxiliar para o homem... ". "Calados e sofredores, raramente zurram…”. De facto, o Burro Anão da Graciosa é um animal extremamente manso, paciente, submisso e estóico. Apenas numa ocasião pudemos escutar um destes burros zurrar. Esta presumível evolução do temperamento dos burros, de teimosos e agressivos, para criaturas de docilidade surpreendente, poderá ter integrado um conjunto de alterações provocadas pela intervenção humana e pelas pressões ambiental, nutricional e arquipelágica, de que o nanismo destes asininos é indício ou até confirmação. Este é, sem dúvida, um tema interessante a aprofundar pela Etologia.
Burro Anão da Graciosa - Parte I
Mónica Bugalho Vieira
2 comentários (Dê a sua opinião):
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Bons artigos sobre o Burro da Graciosa. É um tema muito interessante e que parece que quase ninguém lhe dá a devida atenção.
Excelente blog, serei presença assidua.
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