A Monumental “Ilha Terceira” abriu portas para acolher o primeiro espectáculo taurino da época. O “II Festival Luís Fagundes” apresentou um cartaz onde figuravam os nomes de Tito Semedo, Rui Lopes e Marcelo Mendes. Novilhos das divisas de Rego Botelho (RB), Casa Agrícola José Albino Fernandes (JAF) e Herdeiros de Ezequiel Rodrigues (ER). Pegas a cabo dos Amadores do Ramo Grande (GFARG), grupo organizador, capitaneado por Filipe Pires.
Após a entrada de todos os intervenientes, para as cortesias, os ¾ de casa levantaram-se para um minuto de silêncio em homenagem a José Porto, grande nome da forcadagem terceirense, falecido há poucos dias.
Após a entrada de todos os intervenientes, para as cortesias, os ¾ de casa levantaram-se para um minuto de silêncio em homenagem a José Porto, grande nome da forcadagem terceirense, falecido há poucos dias.
Tito Semedo, montando o Império, recebeu o nº 238 de ferro ER, deixando-lhe 2 compridos. Desde cedo que o novilho se mostrou distraído e mansote. O cavaleiro desenhou uma lide regular e sem comprometer. Cravou 4 ferros curtos, montando o “Maravilha”. Algumas das cravagens resultaram sem brilho, mercê, também, da investida tardia e alguma falta de força do oponente. Após a cravagem de 2 bons ferros compridos ao segundo do seu lote, nº219, JAF, troca de montada e já com o “Imponente”, procurar suplantar a sua primeira lide. O cavaleiro alentejano iniciou a cravagem das bandarilhas com 2 ferros de boa nota. Procura mexer com o bom oponente que tinha na arena e adorna a lide com passagens de galope a duas pistas. Deixa ainda mais 3 cravagens, todas a cilhas passadas. Apesar de melhor com este segundo novilho, que se mostrou voluntarioso durante a lide, fica a sensação que mais e melhor poderia ter sido feito perante este bom exemplar JAF.
O nº100, da casa RB, saiu dos curros a todo o gás colando-se de imediato ao “Teimoso”, montado por Rui Lopes. Cedo foi perdendo andamento, o que foi notório após a cravagem dos dois ferros compridos por parte do praticante terceirense. Nos curtos o cavaleiro mostrou alguma dificuldade em contrariar a tendência que o novilho tinha em se adiantar à montada. Enfeita o hastado com 2 ferros que, por pouco consentimento no momento da reunião, foram cravados a cilhas passadas. Nota positiva para o 3 ferro cravado ao estribo. Saca do veterano “Açúcar” e deixa um ferro cambiado, finalizando assim uma lide com pouca história. Ao segundo novilho que lhe coube em sorte, e após um primeiro ferro comprido mal colocado, corrige-se e crava 2 bons ferros. Montando o “Quarteio” deixa 2 ferros curtos de boa nota e a partir daí, após violento toque na montada, foi-se notando um aumento de nervos que se conjugou aos maus modos apresentados pelo novilho. Com o evoluir da função, o exemplar da divisa verde rubra, foi-se defendendo nos médios, mostrando-se maldoso e investindo só pela certa. Com dificuldades em entender os melhores terrenos e com a tarefa dificultada por este nº221, JAF, o cavaleiro cravou ainda mais 3 bandarilhas, finalizando uma lide que se foi desluzindo.
A debutar no redondel angrense, Marcelo Mendes teve a sorte do seu lado e dela soube usufruir com sabedoria. O sorteio ditou-lhe, no conjunto, o melhor lote de novilhos. Apresentou-se em praça montando o “Quilas” e inicia a lide com dois bons ferros compridos à tira. Se o cavaleiro trazia ganas de triunfo, mais ajudou o nº224 de ER. Novilho pequeno de tamanho, mas grande de alma. Com o “Útil”, o cavaleiro andou na cara do opositor e dobrou-se com este, tendo a ajuda preciosa deste cavalo toureiro luso-árabe. Com a cravagem do primeiro ferro curto fez-se ouvir música e foi agarrando a assistência. A este seguiram-se mais duas bandarilhas de bom nível. A encerrar uma boa lide, um bom ferro de palmo. Para finalizar a sua presença neste festival, estava-lhe reservado o nº1, RB. Ainda com o sabor da sua primeira lide, decide arriscar mais um pouco e desenha uma lide que foi crescendo, apesar do novilho, que veio das pastagens da Caldeira do Gulherme Moniz, ter decrescido de comportamento ao longo da lide. Crava 2 ferros compridos e após troca do “Quilas” pelo “Lindo”, deixa um primeiro ferro curto algo “pescado”. Entende a investida pouco carregada do hastado e procura consentir mais no momento da reunião. Corrige-se e crava 2 bons ferros ao estribo. Já com os tendidos do seu lado, vai buscar o “Útil” e faz aquecer a assistência com uma sorte de violino. A finalizar a sua boa prestação, crava um grande par de bandarilhas que leva as bancadas ao rubro, fazendo com que fossem visíveis as lágrimas de emoção no rosto do cavaleiro de Torres Vedras. Volta à arena e depois, aplausos para o “Útil”, que veio até aos terrenos de tércios. Ficou patente o porquê de ser apontado como uma promessa do toureio equestre nacional.
César Pires do GFARG, após brindar à família do falecido colega Luís Fagundes, abriu a noite de pegas fechando-se bem à barbela com a raça que lhe é característica. André Parreira pegou o segundo à barbela e sem problemas. Sem complicação fechou-se igualmente à barbela Bruno Anjos, numa boa pega. Miguel Pires aguentou dois derrotes e manteve-se fechado na barbela, finalizando uma grande pega. A complicação viria com o 5º da noite. Nuno Pires viu-se e desejou-se para conseguir pegar um novilho que se defendia e tirava a cabeça cada vez que o grupo se tentava fechar. Após 2 avisos e à 3ª tentativa lá foi possível resolver o intento, tendo o forcado da cara saído um pouco maltratado. A finalizar, Alex Rocha fecha-se à primeira de forma poderosa.
Uma noite agradável típica de início de temporada e a servir de leve aperitivo para a Feira de São João que se aproxima a passos largos.
A dirigir o espectáculo, sem problemas, esteve José Valadão assessorado por Vielmino Ventura médico veterinário.
Nota final para a excelente interpretação musical da “Philarmúsica” que abrilhantou a corrida e premiou, de forma superior, as lides dos intervenientes.
Bruno Bettencourt
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