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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Paixão pelos toiros - José Baldaya


José Baldaya passa muito tempo a cuidar do gado bravo nas suas propriedades na Caldeira Guilherme Moniz. Os toiros de lide são a sua grande paixão.
 
Quando José Baldaya Rego Botelho nasceu em Angra do Heroísmo, a 25 de maio de 1957, a ganadaria do seu pai - Gaspar Baldaya, estava a afirmar-se no meio taurino terceirense. Desde muito novo que começou a interessar-se pelos toiros.
Frequentou o ensino primário na Escola de Vale Linhares e o Liceu de Angra do Heroísmo até ao 5º ano. Decidiu prosseguir os estudos na Escola de Regentes Agrícolas de Santarém, mas regressou à Terceira passados três dias após o início das aulas. Volta ao Liceu de Angra para prosseguir os estudos, mas antes de concluir o curso complementar, decide dedicar-se apenas ao trabalho na lavoura e na ganadaria da família.
A ganadaria que hoje dirige foi fundada em 1953, quando o pai comprou dois novilhos de Castro Pereira e, mais tarde, em 1960, duas vacas de Dinis Fernandes e um semental de José Pedrosa. Os primeiros toiros da ganadaria de Gaspar Baldaya apresentaram-se na antiga Praça de Toiros de São João, em Angra do Heroísmo, no início da década de sessenta, depois de já serem presença habitual nas touradas à corda um pouco por toda a ilha.
Em 1979, a ganadaria expandiu-se com a compra de vacas e sementais de Ribeiro Telles, Rio Frio e Lupi, Oliveira Irmãos e Brito Paes. Após o falecimento de Gaspar Baldaya, em 1987, começou o trabalho de melhoria da qualidade dos toiros de lide da ganadaria com vacas de Simão Malta e sementais espanhóis Jandilla.
"Esse é um trabalho que continuamos a desenvolver com algumas dificuldades porque temos aqui na ilha o grave problema da paratuberculose. De um lote de mais de vinte novilhas conseguimos apurar sete ou oito e dessas acabam por morrer cinco ou seis. Se não fosse a paratuberculose estou convencido que seríamos uma das melhores ganadarias portuguesas", referiu.
No que diz respeito às touradas à corda, José Baldaya assegura que essa nunca foi área que a ganadaria que dirige tenha considerado com grande interesse porque a prioridade vai para os toiros de lide.
"Os toiros quando não são bons devem ser abatidos e não se deve mantê-los em grande quantidade nos pastos para dar muitas touradas à corda. Essa não é a minha maneira de estar nos toiros. Julgo que deveria haver metade das touradas à corda que há todos anos na Terceira porque, tal como acontece noutras áreas, o que é demais não presta", adianta.
Assegura que todo esse esforço e investimento não compensam em termos económicos mas que o gosto que tem pelos toiros faz com que tudo faça sentido. A casa agrícola que dirige também dispõe de explorações de gado de leite e carne.
"Como se costuma dizer, o que é feito por gosto regala a vida", deixou escapar no meio de nossa conversa.
Mas, para José Baldaya, a recompensa de tantos anos de trabalho na melhoria dos toiros que reserva para levar todos os anos à praça surge quando os nomes de primeiro plano da tauromaquia mundial que passam pela Feira de São João elogiam a qualidade dos animais da ganadaria.
Sonho do Campo Pequeno
Aquele que foi o momento mais alto do historial da ganadaria Rego Botelho ocorreu a 19 de maio de 2011, quando foi corrido na Monumental do Campo Pequeno, em Lisboa, um curro completo de toiros com quatro anos, nascidos e criados na Caldeira Guilherme Moniz. Pouco tempo antes dessa corrida na principal praça portuguesa, os toiros escolhidos para esse momento histórico estiveram na Herdade do Zambujeiro, em Évora, que é propriedade da Casa Agrícola Rego Botelho.
Todo o esforço para levar a Lisboa os toiros da ganadaria acabou por ser recompensado com os prémios de melhor curro e melhor toiro que passaram pela Praça do Campo Pequeno durante a temporada do ano passado.
"A corrida no Campo Pequeno correu muito bem. Senti uma emoção enorme, foi um dos dias mais emocionantes da minha vida", afirmou.
José Baldaya guarda todas essas recordações de momentos que hoje fazem parte da história de uma ganadaria que se não fossem os condicionalismos da insularidade poderia apresentar toiros com qualidade similar aos que vão a muitas praças portuguesas e espanholas.
 
Texto e Foto: Diário Insular

1 comentários (Dê a sua opinião):

Mas se os toiros Rego Botelho são de origem continental e espanhola (Jandilla), que surpresa haveria se fossem similares aos do Continente?! O natural é que fossem similares, ou esperar-se-ia que fossem diferentes por comerem erva nos Açores, para além de muita ração?!

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