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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Tragédia com turista pode despromover a ilha

O início das touradas à corda na ilha Terceira perdeu-se na memória dos tempos. É uma tradição que tem passado levemente incólume a adjetivos como "barbárie", "crueldade" ou "atrocidade", entre outros. O que é facto é que as touradas à corda são efetivamente muito distintas das touradas de praça, e os atores em presença, também são completamente diferentes. Sendo assim, justifica-se ter como objeto de estudo a tourada à corda, pois a ela estão hipoteticamente associados benefícios económicos, não devidamente contabilizados, benefícios ambientais de preservação de espécies, também não devidamente calculados, para além do interesse turístico, ainda não mensurado.
As touradas à corda como atividade cultural são frágeis, porque estão sujeitas a juízos morais e a acontecimentos imprevisíveis, o que as tornam especialmente vulneráveis em termos de continuidade. Basta haver um acidente grave com um turista que não foi devidamente esclarecido para que ocorra a despromoção turística da ilha e como tal, originar prejuízos económicos.

Todos assumimos que a exposição ao risco físico na tourada à corda é voluntário, mas é necessário um melhor entendimento das opiniões, do conhecimento e das percepções de risco dos vários participantes nas touradas à corda, para se gerar uma mensagem de risco adequada e eficaz, tanto para os turistas como para os locais, de modo a que sejam corrigidas atitudes e comportamentos de todos os que nela participam. Ora, como afirmam alguns autores, as "abordagens que se focam essencialmente na percepção do perigo e nas representações mentais dos riscos, ajudam a perceber a capacidade que as populações têm de anteciparem e de lidarem com o risco", e isso é importante, pois é em larga medida com base nestas questões de carácter intersubjetivo que as pessoas tomam decisões susceptíveis de as colocarem numa situação de maior ou menor exposição aos perigos. Para os turistas por exemplo, à semelhança do que acontece com os americanos instalados na Base das Lajes, há necessidade de comunicar eficazmente o que é uma tourada à corda, com vista a controlar o risco e a coloca-lo claramente no domínio das liberdades individuais, ou de outro modo, que a exposição ao risco seja informada e voluntária. Assim sendo, a Comunicação de Risco deverá ser um processo interativo e deliberado de troca de informação sobre riscos e dirá respeito à sua natureza, gravidade e aceitabilidade. É nesse contexto que a tese de mestrado em apreço aparece.
 

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