Junho em Angra do Heroísmo, ilha Terceira. Verão, Sanjoaninas, Feira de São João. Neste ano de 2025 a regra continua a cumprir-se. Que bonita e tão bem cuidada está a Praça de Toiros “Ilha Terceira”. Mais bonita ainda esteve no dia 21 de Junho. Praça cheia para assistir à Corrida à Portuguesa que abriu a Feira de 2025. Três toiros da Casa Agrícola José Albino Fernandes (JAF) e outros tantos de João Gaspar (JG). João Pamplona, Joaquim Brito Paes e Tristão Ribeiro Telles na disputa do prémio para a Melhor Lide a Cavalo. Grupos de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense (GFATTT), Ramo Grande (GFARG) e Merced (GFAM) (Califórnia) a ombrear para o prémio de Melhor Pega.
O primeiro exemplar JG (nº25,
532kg) era uma estampa. Era nobre de investida, mas pedia que lhe pisassem os
terrenos. Foi-se parando, mostrando querenças nos tércios. João Pamplona cravou
“à porta gaiola” e foi-lhe mexendo com o conforto, mostrando a sua forma de
lidar. Correcto nas bregas e com as cravagens, rematou as sortes com o seu
estilo alegre que, cedo, entusiasmou as bancadas. Uma boa lide que se iria repetir
diante do quarto da ordem. O JAF (nº277, 484kg) investia sem prolongar a
intensidade após as cravagens. Foi melhorando o comportamento com o decorrer da
lide, proporcionando bom jogo. O Cavaleiro do Posto Santo mostrou saber e
entrega. Correcto na escolha de terrenos, entendeu o oponente e recriou-se nas
cravagens, destacando-se o quarto ferro curto que ecoou nos sectores da praça.
Encerrou esta sua participação com um ferro de palmo.
A tarde foi de juventude e de
estreias. Joaquim Brito Paes apresentou-se no redondel angrense com uma lide de
muita classe e entrega. Pela frente teve um exemplar JAF (nº254, 490kg) daqueles
que fazem aficionados: bonito, de encher o olho, e bravo. Bravo de uma ponta à
outra. Investidas a galope com nobreza e durabilidade. Após os compridos, Brito
Paes desenhou uma lide a dar vantagens ao toiro e a cravar com o desplante das
batidas ao pitón contrário. Dobrou-se nos remates para gaudio dos espectadores.
Em praça esteve o verdadeiro equilíbrio entre o espírito combativo deste toiro
de nome “Corcito” e a serenidade da arte deste Cavaleiro de dinastia. Uma lide
triunfal a coroar esta sua estreia. O JG
(nº37, 497kg) era nobre e voluntarioso empregando-se na lide. O Cavaleiro tirou
partido das boas condições do oponente e cumpriu todos os predicados que
constituem uma boa lide. Correcto nas cravagens e nas preparações das mesmas,
voltou a mostrar o seu talento, ainda que sem superar a sua primeira prestação.
Tristão Ribeiro Telles, outra das
estreias da tarde, esteve algo irregular diante dos seus oponentes. O seu
primeiro (JAF, nº269, 449kg) saiu com gás e, apesar de se ter revelado
codicioso durante a contenda, foi-se parando. Tristão mostrou pormenores de
toureio e, acima de tudo, vontade em romper, no entanto, não conseguiu uma lide
com ligação e ritmo. O segundo do seu lote, último da corrida, era outro toiro “de
catálogo”: muito bem apresentado e bravo. Reservou-se, por momentos, fruto de
uma queda na arena, mas logo retomou o ritmo da investida e a intensidade que
imprimia nas viagens. Lide esforçada, mas com algum desacerto por parte do
Cavaleiro.
Pelo GFATTT esteve na cara do
toiro João Silva que após a pega se despediu do seu grupo. Consumou à primeira
com raça e boa ajuda do grupo. Tomás Costa, após ser despejado com um violento
derrote, enfrentou o toiro em mais 4 tentativas, tendo saído lesionado. Foi
dobrado por Heitor Dias que, a sesgo, resolveu à 6ª tentativa.
O GFARG teve a infelicidade de
ver condicionada a sua primeira prestação. O toiro (JAF, nº254, 490kg) derrotou
na trincheira, ao ser colocado para a pega, e partiu uma haste. Pega de cernelha
por Pedro Pereira e Délcio Gomes que, após uma tentativa, se revelou inviável
devido às condições do toiro. Gonçalo Batista pegou à quarta tentativa após ter
saído da cara do toiro, por violento derrote, na primeira tentativa.
Pelo GFAM António Melo resolveu à
primeira com uma rija pega, sendo bem ajudado pelo grupo. João Vitorino fechou
a tarde, já noite, com uma grande pega à primeira, levantando a praça.
No início da Corrida foi guardado
um minuto de silêncio em memória de João Miranda, Cavaleiro de Alternativa e antigo
Forcado recentemente falecido. No intervalo do evento, foi homenageado o
Cavaleiro Rui Salvador que, há menos de um ano, se despediu das arenas.
A Corrida foi dirigida por Leando
Pires, coadjuvado por José Paulo Lima. A abrilhantar esteve a Banda Filarmónica
Lira Açoriana de Livingstone (Califórnia).
No final, o júri, que foi constituído
por um representante de cada um dos Cavaleiros e de cada um dos Grupos de
Forcados, decidiu:
- Prémio para melhor lide: Joaquim
Brito Paes pela lide ao segundo toiro da Corrida;
- Prémio para melhor pega: João Vitorino,
Grupo de forcados Amadores de Merced.
Bruno Bettencourt
Foto: Fernando Pavão
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