Os critérios de selecção de gado bravo foram sendo alterados ao longo da história recente da tauromaquia. Para uns poderá ser evolução, para outros não. No entanto é certo que apesar das características específicas procuradas por cada ganadero - a casta - existem aspectos que se mantiveram no processo de selecção, ao longo dos anos. Um bom exemplo disso é o artigo sobre o Touro escrito em 1900 por Eduardo Noronha. Repare-se que há mais de um século já era criterioso o processo de escolha:"O boi é um animal domesticado pelo homem, essencialmente manso, paciente, de olhar apagado, com a cabeça pendida para a terra, como que a contar os sulcos que nela abriu. O touro é um ser livre, meio selvagem, varonil, que odeia o jugo, investe de frente, a direito, superando obstáculos de fronte erguida como que a desafiar o Sol. O boi possui sangue dessorado, que não aquece nem corre mais rapidamente nas artérias; o toiro sente nas veias a seiva de toda uma linhagem de valentes, tão pronto na luta como na conquista das fêmeas. Ninguém procura investigar da paternidade de um boi, mas todos se interessam por conhecer a ascendência de um touro.
O touro, no dizer de um especialista, deve ter a cabeça fina e viva; pescoço curto, hastes não muito compridas e delgadas; peito largo e profundo; costado arredondado e cilíndrico; flancos retraídos; ventre recolhido, mas bem desenvolvido; dorso e lombo largo; espáduas musculosas; garupa ampla e cheia; membros robustos e finos nas extremidades; cauda grossa na origem e estreita na ponta; corpo todo coberto de pelo liso e igual. [...]
O touro chega à puberdade dos dez aos doze meses de idade. Entretanto se a raça deve ser apurada, não lhe consentem que se reproduza antes dos três anos; principiam, é verdade, a manifestar tendência para a procriação dos sete aos oito meses, mas só aos doze é que são fecundos.
É objecto de grande estudo, da parte do ganadeiro que quer apurar a raça do seu gado e honrar a divisa que este há-de um dia ostentar no dorso, as condições do clima em que vivem os touros destinados a padrear, a riqueza dos pastos, a qualidade da água, a fecundidade do terreno e mil outras minudências. Os bons touros são obtidos fazendo uma selecção escrupulosa dos bezerros, que devem satisfazer a determinados requisitos e serem submetidos a um regime especial. [...]
A rusticidade de um touro, como muitos pensam, não constitui bravura. A rusticidade, como explica um autorizado criador espanhol, torna os bois ariscos e não bravos, mais tímidos do que feros, mais cobardes do que nobres. A bravura de um touro consiste especialmente na energia da arrancada e na lealdade do ataque. A bravura deve ser uma qualidade de raça, hereditária, qualidade que só existe fortuitamente nas raças mansas. [...]
Em Portugal e em Espanha e nalgumas terras do sul de França, quando os bezerros chegam aos dois anos, submetem-nos à tenta, experiência realizada para reconhecer a sua bravura. [...] É na tenta que são classificados os novilhos. Se são voluntários e nobres , ficam destinados à lide; se são fugidios e demonstram medo, são atralhuados, vão para a charrua, ou acabam-lhe os dias no matadouro. O primeiro começa a ser alvo de especiais cuidados. É registado; vão-lhe estudando os traços biográficos ; analisando as tendências; apontando as aptidões; prognosticando o que há-de dar um dia na praça.
É mau acerto, no dizer dos mestres, lidar touros depois dos sete anos. Continua nessa idade o animal ainda forte e arrojado, a sua ferocidade, porém, redobra; torna-se menos leal e mais maligno; menos arrogante e mais astuto; deixa de ser um galhardo antagonista para se tornar num ardiloso inimigo.
A força de que dispõe o touro é assombrosa. Ainda novilho leva após si, quase sem esforço, uns poucos de homens. Quando feito é um verdadeiro furacão; arranca pesadíssimas portas de ferro; derruba lanços inteiros de trincheira; levanta cavalos e cavaleiros nas hastes como se fossem simples manequins de palha; atira com os homens pelos ares [...].
Nenhum animal reúne em si, como o touro, tantas qualidades de valentia, de vigor e de nobreza; nenhum animal até hoje, foi tão combatido e tão admirado pela humanidade.
Eduardo Noronha, 1900"





Daniel Ruffo Luque nasceu em Gerena, Sevilha, a 21 de Novembro de 1989. Enquanto Novilheiro debutou com cavalos a 19 de Março de 2005 em Cortés de la Frontera, frente a toiros de Soto de la Fuente. Corta 4 orelhas e 2 rabos aos toiros do seu lote. Após uma carreira de Novilheiro onde os êxitos foram constantes, tira Alternativa de Matador de toiros a 24 de Maio de 2007, em Nimes (França), tendo como padrinho El Juli e testemunha Sebastián Castella. Corta uma orelha a cada um dos toiros que lidou nesse dia. Confirmou a Alternativa em Quito a 1 de Dezembro de 2007, ombreando com João Moura (filho) e Juan Bautista. Nesta temporada leva já 12 orelhas cortadas em 6 festejos, tendo sido as últimas duas em Granada a 23 de Maio onde saiu em ombros juntamente com José Tomás. No próximo dia 5 de Junho irá confirmar em Las Ventas, Madrid, ao lado de Javier Conde e José Tomás frente a toiros de Victoriano del Rio.
A um mês do início da Feira de São João 2008, inicia-se hoje uma série de inquéritos, com duração de uma semana cada, relativamente aos intervenientes presentes na Praça de Toiros "Ilha Terceira" durante o decorrer da mesma. Nesta primeira semana, os visitantes do Rabo Torto serão inquiridos relativamente ao Cavaleiro triunfador da Feira. Seguem-se os Matadores, grupos de Forcados e Ganadarias. Desta forma será possível conhecerem-se as expectativas dos aficionados em relação à Feira integrada nas Sanjoaninas 2008.
A ilha Terceira conta com dois grupos de forcados desde o mês de Agosto de 2007. Este facto veio contribuir para o crescimento da Festa nos Açores, através do consequente aumento do número de intervenientes directos na mesma.


Tourada à Corda em S. João de Deus, Angra do Heroísmo, meados do séc. XX